Paixão por bicicletas

A Avenida João de Barros, localizada na região central do Recife, guarda a história de um senhor que, em meio ao fluxo de grandes carros, vive a sua vida em torno da bicicleta. O nome dele é Emmanuel Barreto. Aos 62 anos, casado e com dois filhos adultos, a bike entrou na vida há mais de uma década. Com sua própria oficina na parte da frente da sua casa para conserto dos veículos, ele trabalha e circula pela capital pernambucana sobre duas rodadas.

No começo foi uma decisão difícil. As pessoas ficavam me questionando como eu iria conseguir me manter consertando bicicletas e ainda como eu iria conseguir me deslocar quando estivesse chovendo ou fosse ocasião especial. Mas sempre dei o meu jeito. O mais gratificante para mim é saber que não preciso enfrentar esse trânsito e nem estou contribuindo para a poluição da minha cidade”, afirmou Emmanuel, que atualmente está aposentado, mas a paixão pelas bicicletas começou quando ele era médico.

É difícil de se imaginar que um médico que passa a vida por trás de um jaleco, com horários nem um pouco tradicionais e longas jornadas de trabalho fosse virar um mecânico e abandonasse os carros para viver sob duas rodas. Só que essa é uma ideia que estava maturando na cabeça de Emmanuel há algum tempo. Segundo o aposentado, no início foi difícil, mas rapidamente se acostumou.

No começo a sensação que eu tinha ao me dirigir para os lugares era de cada eles eram mais longes. No entanto, depois foi parecendo ser mais perto (risos). Moro no mesmo lugar desde que eu nasci. A casa era dos meus pais. Então vivo pelo entorno. Muito difícil me dirigir para longe. Quando preciso, peço uma carona para os meus filhos ou para minha esposa”, declarou.

Emmanuel também revelou que a aceitação da família sobre a vida em função da bicicleta foi boa. Atualmente, todos os parentes, além dos amigos, consertam as bikes com ele. “Desde a minha família até os colegas consertam as bicicletas aqui comigo. O fluxo maior aqui são de pessoas conhecidas. Como montei uma lanchonete aqui, às vezes consertar a magrela (bicicleta) é só um motivo (risos). Os amigos dos meus filho quando chegam aqui em casa ficam na oficina. Nem entram em casa. Virou um espaço de trabalho e lazer”, completou.

Questionado se sente alguma falta da vida da rotina de médico e a vida dentro dos automóveis, Emmanuel foi enfático. “Não sinto nenhuma saudade”, frisou. Ele ainda fez questão de declarar que se soubesse teria montado uma oficina há muito tempo. “Já poderia ter me tornado uma grande marca do ramos das bicicletas”, brinca.