O custo da transição escolar

Imagine que você é uma criança e que está matriculada em uma sistema educacional diferente do habitual. Na sua escola é permitido cuidar das plantas dos jardins, regá-las e acompanhar seu desenvolvimento. Há também o dia de levar seu animal de estimação e apresentá-los aos coleguinhas. Pois bem, e se, de um ano para o outro essa sua rotina dinâmica e agradável é alterada para um ambiente que oferece um ensino repleto de exigências que são arbitrárias a você? É possível se adaptar a essa mudança?

Muitas crianças e adolescentes passam pelo processo de transição escolar em suas vidas. Essa readaptação pode desencadear sentimentos diversos e ser um sofrimento desnecessário para crianças que já estão inseridas numa rotina familiar. Os pais ou responsáveis redimensionam os valores, onde se preza a hierarquia do professor, que rege o saber e o conhecimento dado ao aluno.

A chamada escola ou pedagogia tradicional abrange o contexto escolar geral, ou seja, é predominante na sociedade. Nessa metodologia são enfatizadas a exposição dos conteúdos de forma oral e escrita pelo professor, que é autoridade máxima – assim como a ‘decoreba’ através da repetição sistemática. Tais conteúdos são apresentados sem relação com o cotidiano. Os alunos devem empenhar-se para atingir êxito pelo próprio esforço, tendo facilidade ou não com determinadas matérias.

Se cada vez mais os pais estão incubados na política do vestibular, para eles é interessante mudar os filhos para um sistema educacional tradicional. Contudo, é necessário estar atento para o fato de que cada criança tem suas próprias necessidades, habilidades e competências. “Do ponto de vista pedagógico, às vezes a instituição atende aos ideais e expectativas da família e não da criança”, explica Suzana da Silva Ramos, coordenadora e psicopedagoga em educação infantil na unidade do SESI em Moreno.

A estudante Luísa Braga, 22, que atualmente cursa o 6º período em Engenharia Civil na Universidade Católica de Pernambuco, vivenciou essa transição. “Foi ruim, à princípio por não conhecer ninguém, por que minha turma no Capibaribe tinha 20 alunos e no Damas havia mais de 50. Além do mais, éramos obrigados a ter aula de religião, que se resumia apenas a cristã”, pondera. A escola da sua infância, o Instituto Capibaribe, que fica no bairro das Graças, é considerada uma das primeiras escolas ‘alternativas’ da cidade. Incentiva o contato com a natureza, os animais, e possui merenda coletiva (composta por frutas). “Na verdade, os pais dos alunos precisam começar a preparar o aluno para a vida, e não para o mercado de trabalho”, adverte Suzana da Silva Ramos.