Mercado de trabalho inclusivo

A crise econômica que está afetando o país e a renda da família brasileira não é diferente para as pessoas com deficiência: o desemprego também é outro obstáculo a ser ultrapassado. Uma pesquisa feita pelo Santo Caos, assessoria de engajamento, revelou alguns números sobre o mercado de trabalho para PcDs. Embora esse público tenha uma legislação específica quanto também ao mercado de trabalho, a inclusão de pessoas com essas características ainda é muito pequena nas empresas.

Uma das causas apontadas para o pequeno número de empregados com PcD, é o nível de escolaridade que eles têm. O levantamento mostrou que 1 em cada 4 pessoas com deficiência, tem ensino completo ou mais. “A gente enfrenta tanta coisa no nosso dia a dia que infelizmente o estudo as vezes fica de lado. Eu conheço algumas pessoas que não conseguiram fazer uma faculdade. Não ainda, pelo menos. E eu sei que isso reflete na nossa empregabilidade. Por isso corro atrás e faço faculdade”, comenta o estudante, João Rodrigues.

Além de todos esses problemas de acesso ao conhecimento, outros aspectos também são levados em consideração. A pesquisa da Santo Caos entrevistou pessoas com deficiência, gestores, especialistas e a opinião pública, e identificou o que os entrevistados pensam a respeito da falta de PcDs no mercado de trabalho. A convivência foi um dos pontos mais citados na análise. Para os líderes, a acessibilidade é a principal resposta para a falta desses profissionais atuando no mercado. Já os participantes com deficiência apontam o relacionamento com os colegas de trabalho como a maior dificuldade.

Já ouvi muita gente falando que as pessoas com alguma deficiência preferem receber o BPC a trabalhar. E eu acho isso errado. Eu pelo menos gostaria de trabalhar para ganhar meu dinheiro. Acho que o benefício tem que existir mesmo porque nós temos muitas necessidades. Mas, acho que na verdade o grande problema de tudo é o preconceito”, diz João.

BPC é um benefício de assistência social, pago pelo Governo Federal, para idosos e pessoas com deficiência. A ajuda é de um salário mínimo e para ter direito a ela é necessário se encaixar em algumas características. No caso das pessoas com deficiência, essas ganham o auxílio se não poderem trabalhar e ter uma vida independente. Além disso, deve provar que a renda familiar é inferior a ¼ do salário mínimo por pessoa.

Cotas

A Lei de Cotas foi criada em 1991, mas teve a fiscalização cumprida a partir de 2001. A lei estabelece que uma empresa, com cem ou mais funcionários, preencha seu quadro de trabalho com 2% a 5% de profissionais com algum tipo de deficiência, seja ela física ou intelectual. Mas, essa porcentagem não pode ser apenas quantidade, mas sim qualitativa. As empresas devem dar a esses funcionários toda a acessibilidade necessária para que eles façam seus trabalhos.

O Ministérios Público do Trabalho e o Ministério do Trabalho são os responsáveis por fiscalizar as companhias. Não há o que justificar para descumprir a lei, uma vez que ela vale para todos os setores. A violação da norma pode levar as empresas a pagarem multa de acordo com cada caso.