Iniciativas que mudam o mundo

Meios de comunicação defasados. Má representatividade dos grupos de minorias nas pautas dos veículos de comunicação. Mídia a favor do capitalismo. Cenário nada animador para quem estuda, trabalha e pensa comunicação. Em 2008, um grupo de seis amigos, moradores da comunidade do Tururu, Região Metropolitana do Recife, cansaram de ver seu bairro ser tratado apenas como um local violento. Juntaram-se e elaboraram um documentário sobre as relações sociais e afetivas que existem naquela localidade, daí nasceu o Coletivo Força Tururu (CFT).

No mesmo contexto, o Terral Coletivo de Comunicação Popular surgiu há cerca de um ano, pela vontade de seis comunicadores recifenses em atuar no contra fluxo. “Compreendemos a comunicação como um direito indissociável dos outros direitos humanos. Assim, atuamos no anúncio das ações dos movimentos sociais, na visibilização das lutas do campo e da cidade e na denúncia de opressões e explorações de todos os tipos”, explica Mariana Reis integrante do coletivo.

Pg8_GAMBIARRAS_SOCIAIS_RANI_2O que conecta esses dois grupos é a vontade de mudar a realidade em que estão inseridos. Mais do que isso, porém, têm um sentido cultural muito forte, especialmente no Brasil que é o de fazer com que as ideias se tornem uma solução rápida e feita de acordo com as possibilidades à mão. Os dois coletivos trabalham por uma comunicação democrática, e que represente suas particularidades, comunidades e lutas.

Mas, para isso eles convivem com obstáculos que por vezes determinam o tempo de existência, o alcance, mas não a qualidade dos produtos. “A gente, como muitos movimentos, passa por dificuldades financeiras. Hoje temos um material que foi comprado depois que conseguimos em prêmios. No ano passado, chegamos a abrir um estúdio e uma estamparia. Mas, tivemos que fechar porque não tínhamos como deixar a loja aberta durante o dia. O retorno que a gente tem muitas vezes é das energias positivas das pessoas, quase nada é financeiro”, conta André Fidelis membro do Coletivo Força Tururu (CFT).

Almejando incentivar o potencial comunicativo entre públicos e atuar na produção de pautas populares, o Terral, caminha montando quebra-cabeças para conseguir cobertura textual e audiovisual de mobilizações como, a que fizeram da Marcha das Margaridas, no Distrito Federal. “Ainda não contamos com uma estrutura física própria para realização de nosso trabalho. Então, até agora, contamos com o apoio de organizações parceiras para os encontros. Queremos aprender com a experiência de outros grupos, com mais tempo de atuação, para seguir e buscar formas criativas de sobrevivência do nosso coletivo”, conta Mariana.

Já no Complexo do Lins, Rio de Janeiro, uma realidade desalentadora para os moradores daquela comunidade: local pacificado pela polícia, baixo estima social, desarticulação da rede comunitária. Então, um grupo de amigos que fazem parte do Monitoramento Jovem de Políticas Públicas (MJPOP), da ONG Visão Mundial, participam do curso do Instituto Pereira Passo junto ao Ministério Público do Rio de Janeiro. A atividade foi pensada para fomentar iniciativas criativas que auxiliem no desenvolvimento das pessoas.  “Nós vimos que os projetos dos outros grupos foram clichês: esportes, música e afins. A gente queria inovar e criar oportunidade de um ganho duradouro. Então, pensamos em unir o desenvolvimento comunitário e econômico com a tecnologia. Depois de ouvir representantes do Lins, desenhamos o aplicativo ByFavela. Agora, vemos nele a possibilidade de sustentar as ações do nosso grupo MJPOP, além de um impacto grande entre os nossos vizinhos”, conta Paulo Lins, jovem do MJPOP e morador do Complexo.

O ByFavela faz uma conexão entre os consumidores, os empreendedores dos negócios no Complexo do Lins. Pode ser baixado apenas no sistema Android, mas já desenha que vai animar a economia local justa e solidaria, dentro de uma comunidade vulnerável. Com ele, os moradores vão consumir os serviços e produtos da área e por consequência, vai aumentar a circulação do dinheiro, promover o desenvolvimento e estreitar os laços sociais e afetivos entre os participantes.

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