Culinária a um clique de distância

Apesar do estigma negativo, as redes sociais também têm suas virtudes no que diz respeito à união de pessoas em prol de uma refeição. Se a comida congrega os que já são próximos, por que não ligar quem ainda não se conhece? Essa foi a principal motivação para quatro amigos fundarem o HomeyCook, site paulista criado em 2015 e responsável por montar “salas de aula” em diferentes cozinhas do Brasil e de outros países como França, Canadá e Tailândia.

Na plataforma, é possível conhecer pessoas através de duas formas: abrindo as portas da própria cozinha para o público ou visitando a cozinha dos “Homeyguests”, os anfitriões responsáveis por ministrar as aulas de como preparar a comida. Segundo um dos fundadores da rede social, Herlan Antunes, a ideia é simples: mostrar que qualquer pessoa pode conhecer outros interessados em dividir experiências culinárias.

“Após criar um perfil, você pode navegar pelas opções de cozinhas disponíveis no site e de pessoas que se registram na plataforma, selecionar os pratos, a data disponível e fazer a solicitação de uma aula de culinária”, explica. Não há necessidade de ser expert nos temperos e profissional na arte de cozinhar, pois, segundo os criadores há espaço para todos os pratos: desde o colombiano Sancocho Trifásico ao brasileiro bolinho de carne seca. “Nossa proposta é mostrar que a gastronomia é de acesso a qualquer um”, assegura o criador da iniciativa. Para participar, é preciso pagar ao cozinheiro pela aula.

Os preços são variados, mas oscilam na faixa de US$ 15. Há, também, uma pequena porcentagem a ser paga à rede social. Entretanto, os criadores da plataforma garantem que o mais importante é a vontade de compartilhar habilidades, aspectos culturais relacionados com a receita e a intenção de dividir a experiência com outras pessoas. “É muito interessante ver como as pessoas se sentem à vontade através da gastronomia, em poucos minutos desconhecidos estão rindo e interagindo uns com os outros”, conta Antunes.
De acordo com o antropólogo Artur Peregrino, essa é uma das virtudes da refeição em conjunto: reconquistar – ou, nesse caso, conquistar – a interação entre pessoas, obtida desde o momento do clique para conhecer a cozinha até a hora de degustar o prato. “A alimentação em conjunto é benéfica justamente por proporcionar o diálogo entre pessoas de uma mesma família ou quem quer que esteja reunido”, pontua.