Frutos das boas sementes

Trabalhar coletivamente em prol de pessoas e/ou comunidades tem diversos desafios, mas é o que move e tem transformado o País. Os trabalhos são muitos. As conquistas também. Em mais de 40 anos de existência a Associação dos Moradores de Jatobá já influenciou a vida de muitos moradores do bairro de Ouro Preto, em Olinda. “Em 12 anos que estamos na diretoria, já formamos mais de 2.000 pessoas, através de cursos e projetos ministrados pelos próprios moradores ou amigos nossos”, conta Quinho das Olindas, vice-presidente da instituição.

Raul Lira ainda é bem pequeno, mas já mostra a importância desse contato com o bairro e, no caso, a capoeira. Ele nasceu no Rio Grande do Norte, mais precisamente na cidade de Tibau do Sul, na praia de Pipa. Ficou por lá até os 3 anos de idade, quando seus pais resolveram voltar para Olinda, a cidade natal de seu pai, Niebson Lira. Foram grandes mudanças. Raul pequeno, mas já se mostrava o menino acanhado e tímido que se tornaria. Dois anos depois Raul volta a morar com sua mãe em Pipa, mas não se acostumou. Pediu pra morar novamente com o pai que havia ficado na cidade pernambucana. Há 4 anos, Raul é um participante assíduo do projeto Ijogum – Capoeira de Angola conduzida por Marcelo Guerra, também morador de Ouro Preto.

Para Niebson, os espaços e atividades oferecidas pela Associação são de grande importância para a vida do filho. “Raulzinho gosta muito da capoeira. Vai todos os dias que tem aula. Eu acho isso maravilhoso para o crescimento dele, principalmente porque ele n fica ‘maloqueirando’ por ai”, conta.

Um pouco mais distante de Ouro Preto, no bairro de Tururu, na cidade de Paulista, Michele Nascimento conta que conheceu o Coletivo Força Tururu enquanto participava de uma oficina do GAJOP sobre direitos humanos – programação que acontece uma vez no ano para jovens da periferia. “Os meninos do CFT estavam lá também, então fiquei sabendo que ia ter o curso de fotografia na comunidade que eu morava a menos de um ano. Eu sempre os via com câmeras e microfones pela comunidade, mas nunca sabia porquê”, diz estudante, 19.

Hoje, Michele vive o local que mora de outro modo e ressalta o quanto esse trabalho é importante. “Depois do contato que tive com o grupo, consegui perceber que as pessoas tinham começado a refletir mais sobre os problemas do bairro, a importância de se comunicar, de procurar o coletivo para ajudar em algum assunto e querer falar sobre os problemas sociais – o que é muito importante. Antes eu não tinha relação com minha comunidade. O CFT não só me ajudou na área profissional, que é a fotografia, mas também com o lugar que eu moro.”, conta.