Meia, meia com sapatos

A cada canto da cidade encontramos adaptações nas condições de trabalho e convívio social. Uma das profissões que se destacam nesse terreno é o de sapateiro/engraxate. Quando não estão alojados num ponto fixo, os ambientes preferidos por estes profissionais são bares, ruas e calçadas.

Aristeu Antônio de Abreu, 66, montou sua oficina na calçada da Rua do Príncipe, daqueles fiteiros usados para vender lanches, mas com prateleiras e potes reutilizados para organizar todas as tarjetas e ferramentas necessárias para o trabalho. “Eu moro no Alto do Capitão e não preciso trazer peso de casa, pois tudo que uso tem na barraca”, afirma. O comércio funciona no mesmo local por 38 anos, e a satisfação de Aristeu é que além de ser um local de trabalho a calçada se tornou também um ambiente de fazer amizades. “Aprendi com meu pai a consertar sapato, fico feliz. Ele me ensinou que temos que tratar bem os clientes por isto se tornam todos meus amigos”, comenta.

A maioria dos clientes dele são as pessoas que trabalham no entorno, outros são os que são pegos de surpresa e precisam urgente consertar o calçado. Lilian Costa, 48, é arte-finalista da UNICAP e como o fiteiro fica de frente ao seu trabalho, a comodidade e praticidade faz com que ela sempre recorra aos serviços do sapateiro. “O serviço dele é muito bom, pontual, sem falar no preço que é justo. Eu deixo aqui o calçado e posso pegar a qualquer momento, praticidade e qualidade são tudo nos dias de hoje”, afirma. O atendimento não se limita apenas a conserto de calçados, bolsas e outros acessórios também são restaurados.

A única fonte de renda de Aristeu é o que ele apura no comércio, na sua casa além dele moram a esposa e o neto de cinco anos. Sua renda é o suficiente para garantir o pão de cada dia, pois sua esposa não trabalha. “Só eu trabalho e sou o responsável por toda a despesa da casa, minha mulher fica em casa pra levar o menino na escola”, conta.

A felicidade de Aristeu é estampada no seu sorriso, sempre de bom humor e com satisfação, ele garante que os clientes que atende saem de lá muito satisfeitos. “Apesar da estrutura reduzida, todos os recursos necessários tem no fiteiro, eu levo meus tênis pra ele colar, pela qualidade do serviço e também a comodidade, porque eu trabalho aqui ao lado”. É um trabalho simples e rápido que prolonga a vida útil do calçado, comenta o analista de sistema, Renato Spinelli, 40.