Os espaços para a prática de esportes radicais em Recife/Olinda

Por Bruno de Melo

Vindo de territórios Californiano e europeu, os esportes radicais são hoje uma parte viva nas maiores cidades no nordeste do Brasil. João Pessoa, Fortaleza, Alagoas, Salvador, são referências no país em termos de Skate, Patins, Longboard e entre esportes classificados como “de ação” ou “de aventura”. Alguns até descartam o rótulo de esportes, e preferem tratar como um estilo de vida e uma forma de diversão, algo que molda a vida de uma pessoa como um todo. Nas cidades de Recife e Olinda não é diferente nesse aspecto, porém, mesmo sendo cidades num estado que cresce bastante economicamente, a estrutura que possibilitaria a prática desses esportes deixa a muito a desejar, o que atrapalha a evolução dos atletas.

Os esportes radicais surgiram em Recife no final dos anos 1980, com a construção de mini ramp’s em Boa Viagem e no bairro do Pina. No começo dos anos 1990 o centro da cidade, na calçada próximo ao prédio dos correios no final da ponte Duarte Coelho, passou a ser o grande pico para os praticantes de skate. Nos dias atuais, já é notável o aumento da quantidade de locais para a prática desses esportes, porém a situação ainda deixa muito a desejar por quem dedica sua vida a isso. O analista de sistemas Dan Andrade pratica skate há 12 anos, e reconhece que apesar de alguns avanços na cena da cidade, a estrutura continua precária. “Apesar de terem construído pistas novas, não foram pistas bem estruturadas. Foram pistas de skate, mas, muito mal projetadas. Eles (os construtores) deveriam ter mais noção do que o skatista precisa e de quais obstáculos seriam ideais para aquele local”, afirmou Dan.

O estudante de educação física e praticante de patins há 6 meses, Camilo Ernesto, tem uma visão idêntica a de quem é mais experiente no assunto. “A estrutura da cidade em si não é própria para que alguém possa praticar esporte radical. As pistas daqui da cidade não são muito regulares, alguns lugares como o Skatepark do Rodão (Pina) que fizeram recentemente, ajudam bastante, mas, não tem tanto lugar para você andar”, disse Camilo. Outro skatista, e estudante natural de São Paulo, Everton Elias, também enxerga outros problemas além da estrutura das pistas.

“Lá em São Paulo, a cena de skate é muito mais valorizada, tem bem mais lugares para a pessoa andar e tal. E aqui também tem muito preconceito, mais até mesmo do que em São Paulo. Porém, acho que o principal problema aqui é a segurança, depois das oito ou nove horas da noite, já tem sempre um ladrão te esperando próxima à pista”, disse Everton.

Já em Olinda a situação é mais precária, a cidade não conta com nenhum espaço de referência que satisfaça a necessidade dos praticantes. Há apenas um local propício para a pratica de esportes de ação, conhecido como Oyama Skate Park, inaugurado há 4 anos em homenagem ao skatista Oyama Barreto, falecido em 2012. O lugar na verdade era uma quadra onde se praticava Sepaktakraw (vôlei praticado com os pés), mas, com a desvalorização e ausência de praticantes, os skatistas locais “tomaram” essa quadra para utilizar como skatepark, improvisando materiais que servem como obstáculos para diversão. “Só quem se move para fazer algo à cena daqui de Olinda são os skatistas locais, a galera anda aqui (no Oyama) já há um bom tempo, aí hoje a pista está assim acabada por que muita gente que começou andando por aqui não anda mais”, declarou o estudante Johnny Wallace, de 19 anos, que já anda de skate há 6.

Um grande consenso que existe entre os praticantes de esportes radicais de Olinda é de que falta uma pista que possibilite o atleta praticar seu esporte com dignidade e conforto. “Tem muita área em Olinda que é inútil, como aquela área de Salgadinho, muito grande que possui pouquissímo espaço de uso. Ali poderia ter feito até um skatepark, mesmo pequeno, que salvaria a situação”, afirmou o vendedor Fernando Leal, de 26 anos.

Apesar das dificuldades, a paixão por fazer parte da cultura “underground” dos esportes radicais fala mais alto, e os atletas conseguem manter firme a frequência com que praticam skate, patins, longboard etc. “Skate é um esporte caro, que depende de muita coisa, como qualidade de pista e de material, e aqui (em Olinda) é tudo na ‘fé’, a galera vem com a maior vontade de se manter no esporte”, declarou Paulo Henrique, professor de educação física. “Andar de patins depende muito de você, se tiver um objetivo muito forte e força de vontade, você consegue andar tranquilamente”, completou Camilo.

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