Crianças sofrem com preconceitos sociais

Em meio a tantos desafios impostos por uma sociedade conservadora, as novas famílias procuram se adaptar de uma forma que não cause tanto sofrimento aos que lhe cercam. Nos laços homoafetivos, as crianças acabam por enfrentar um pouco cedo as adversidades geradas pelo preconceito dentro da escola e em suas atividades sociais.

O filho mais velho de Erivânia conhece na pele as consequências da falta de tolerância dentro da sala de aula. O garoto contou às mães que sempre escuta dos colegas de turma comentários homofóbicos a respeito da família, principalmente quando é Juliana quem vai buscá-lo ao final das atividades escolares.

“Ele disse que os amiguinhos fazem piadas porque ele não mora com o pai, e sim com duas mães. Como é Juliana quem sempre vai pegar Lucas, fica claro que as pessoas não aceitam, acham errado. Inclusive os pais dos meninos fazem cara feia e debocham quando ela chega”, contou Erivânia.

Mas a decepção quanto à opinião e tratamento alheio não intimida as mulheres, nem o filho. Lucas Barbosa, de 11 anos, diz não se importar com o fato de ter duas mães e disse que até já rebateu os comentários maldosos dos amigos. “Os meus colegas da escola tiram onda comigo porque minha mãe vive com outra mulher, dizem que é errado e que eu deveria ter um pai de verdade. Eu não ligo, elas são muito boas pra mim. Cuidam de mim. Já tenho pai, mas não preciso dele”, disse o garoto.

Estudos realizados afirmam que a educação vinda de casais homossexuais não afeta na opção e o desenvolvimento sexual da criança. Dados também apontam que casais homoafetivos são os que mais aguardam na fila da adoção. Segundo uma reportagem da revista SuperInteressante de 2012, a estimativa da Escola de Direito da Universidade da Califórnia é de que 1 milhão de lésbicas, gays, bissexuais e transexuais criam atualmente cerca de 2 milhões de crianças.

A educação em ambiente escolar também facilita que as futuras gerações compreendam e respeitem as diversidades existentes em nossa cultura. Projetos que incluem livros didáticos dentro da sala de aula são uma das bandeiras levantadas por partidos políticos e grupos LGBT’s para que discussões sobre diversidade sexual sejam inseridas nas escolas.

No Recife, a bancada evangélica é a uma das mais opositoras quando o assunto é o debate sobre sexualidade nas escolas. A polêmica que gira em torno dos livros didáticos que abordam o tema já tomou proporções estaduais. Uma matéria publicada no portal EBC afirma que representantes evangélicos criaram a PL709/2016 a fim de proibir a veiculação desse material. Eles afirmam que o conteúdo influenciaria na decisão dessas crianças quanto as suas opções sexuais e/ou de gênero.