Muito mais que um esporte

por Davi Saboya

Todos os países espalhados pelo mundo são caracterizados pelas variedades de tipos de pessoas que se diferenciam através da cor, classe social, religião, ideologia, entre outras preferências e identidades individuais. Essas divergências físicas ou abstratas têm tudo para separar os cidadãos. Mas existe uma atividade que faz com que cada ser humano quebre as barreiras e possa se relacionar, socializar, fazer novas amizades e conhecer novas culturas: o esporte. Independente da modalidade, ele agrega, disciplina e faz com que os participantes se esforcem e cumpram as regras em busca de um objetivo.

P15_DAVI_1As “Desenroladas Futebol Clube” se conheceram através da paixão pelo futebol. Um grupo de cerca de 41 mulheres batem uma “pelada” semanalmente, das 22h30 à 00h00, em um clube localizado em um bairro central do Recife. Com a exceção da “amiga que indicou”, nenhum das meninas se conheciam. Todos elas formaram um grande e unido time em pró do esporte.

“Sempre tive uma vida esportiva muito ativa. Só que só com musculação, que é um esporte individual. Fiquei esperando a oportunidade de surgir um esporte mais coletivo. Até que uma amiga minha falou da pelada. Participei da primeira, na inauguração e participo sempre”, afirmou a servidora pública,Letícia Brandão, de 27 anos.

Ela, assim como toda as outras meninas são apaixonadas pelo futebol e tiveram que superar o preconceito, por se considerar o esporte exclusivamente masculino. “Disseram que era maloqueira (risos). Perguntaram até se o meu marido deixaria. Disse que iria participar e se ele quisesse iria junto, mas deixar a pelada, eu não deixaria (risos). Chegaram até a aterrorizar dizendo que iria acabar me acidentando”, completou Letícia.

A servidora pública chegou na pelada conhecendo apenas uma companheira. O que não foi problema. Através do futebol, elas viraram grandes amigas. “A minha relação com as outras meninas é ótima. Interagimos bastante antes da pelada, durante, depois sempre vamos para algum lugar. Assim como marcamos algumas confraternizações”, finalizou.

Já a analista comercial, Thaís Cavalcanti, de 24 anos, sempre conviveu perto do futebol. Torcedora fiel do Sport Club do Recife, ela não aguentou acompanhar apenas das arquibancadas. “Foi a paixão pelo futebol que me fez jogar bola. Torço pelo Sport desde pequena, assisto na televisão, vou para o campo e isso fez com que tivesse interesse em jogar”, frisou. Ela não teve nem a uma antiga amizade para fazer com que facilitasse o entrosamento com as outras meninas. Em uma roda de conversa sobre futebol, Thaís soube, depois de muito procurar, que o grupo estava jogando bola e logo correu para participar. A interação através do futebol sacramentou a amizade com as outras meninas. “Não conhecia absolutamente ninguém. Como eu sempre participei das rodas sobre futebol, terminei sabendo da pelada. Sempre procurei e não achava. As meninas me receberam muito bem e formamos de fato um time”, finalizou.

Já Gabriela Barbosa e Felipe Barros fazem parte do grupo “Amantes do asfalto”. Todos as terças e quintas, eles e mais 10 membros se juntam no início do dia em um parque na Zona Oeste do Recife para correr pela cidade.

Segundo a socióloga, Gabriela, 27 anos, a paixão corrida surgiu quando ainda na adolescência praticava musculação na academia. Só que ela com um tempo cansou de ficar enclausurada em um espaço fechado. Um certo dia, resolveu correr pelas ruas, sozinha, foi quando conheceu o grupo. “Eu de fato esbarrei com eles. No mesmo dia, corremos juntos. São grandes amigos que a corrida me deu”, declarou.

Felipe foi um dos fundadores do grupo. Mesmo tendo uma vida profissional corrida no mundo empresarial conseguiu encontrar um espaço de tempo para se exercitar. Junto com um amigo e uma amiga, começou a correr pela cidade. Questionado qual foi o motivo que os leva a tomarem a iniciativa, Felipe disse que foi um interesse por conhecer lugares que não conhecia andando de carro. “No começo éramos três. Depois o grupo foi aumentando. Foi uma equipe realmente formada na rua. Ninguém se conhecia. Na correria do dia a dia, deixamos passar tantas coisas belas na nossa cidade. A curiosidade em conhecer um Recife “escondido” foi o principal motivo que me correr, além de claro manter a saúde”, contou.

A paixão de Daniel Silva, administrador, de 30 anos, e Aldenor Costa, também administrador, de 51 anos, é pela bicicleta. Aldenor é genro de Daniel, que sempre andou de bicicleta. “Desde que tenho um ano e meio, ando de bicicleta. Depois que fui ficando mais velho, comecei a me interessar pelo universo das trilhas. Estava cansado de andar entre prédios. Queria ter um maior contato com a natureza”, contou.

Aldenor ressaltou que quando mais jovem sempre foi apaixonado por bicicleta. Só que com um tempo foi deixando a bike de lado e entrando para o mundo da vaquejada. Até o momento que soube que o genro estava pedalando. “Quando ele me disse que estava pedalando com um grupo de amigos logo me interessei”, frisou. “Todos são como irmãos. Quando a bicicleta de um quebra no caminho, para todo mundo para ajudar. Esse clima de família é sensacional”, finaliza.

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