por Pedro Souza

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De forma inesperada, o casal Aline Vieira e Luiz Bonner descobriu que um filho estava a caminho. A surpresa foi grande e o susto também. A chegada de Fabrício mudaria muita coisa, mas, antes disso, era preciso quebrar tabus familiares e pensar em como o pequeno viria ao mundo. A humanização do parto foi a primeira opção e, embora houvesse entraves familiares, o casal persistiu na ideia. Hoje, Fabrício tem sete meses e uma bela história para contar.

Trazido ao mundo através de um parto humanizado hospitalar: o garoto nasceu na maternidade Santa Lúcia, no bairro da Madalena. Após 12 horas de dor intensa, Aline deu a luz ao menino. “É um momento único que só a humanização nos proporciona. Na hora, nos sentimos mais fortes, mais mulher, mais animal. Poder participar ativamente da chegada do meu filho foi incrível”, lembra a mãe.

O parto humanizado é uma prática milenar que perdeu a força com o avanço da medicina e volta ao centro de debates junto ao maior conhecimento das mães e pais contemporâneos. O ideal da temática é respeitar a natureza e a vontade da mulher, aceitando suas preferências e seu tempo, havendo o menor espaço de intervenção possível. A ausência de anestesia e o acompanhamento de uma doula são características das opções tomadas pela maioria dos casais que escolhem a humanização para trazer seus filhos ao mundo.

PARTO HUMANIZADO O ideal é respeitar a natureza fazendo a menor intervenção possível
PARTO HUMANIZADO O ideal é respeitar a natureza fazendo a menor intervenção possível

A doula é uma profissional – geralmente mulher – que acompanha a gestante durante toda a gravidez e, no momento do parto, tem participação bastante importante em todo o processo. Doular é doar segurança, carinho e força tanto para a mãe, quanto para o pai. A doula é responsável por promover massagens relaxantes na grávida e passar a segurança de um parto tranquilo.

A advogada Mariana Bahia fez um curso de doula no ano de 2013 em São Paulo e, desde então, atua na área no Recife. Já atendeu a dezenas de grávidas e compartilha de várias histórias em que a humanização do parto foi respeitada, mas também de relatos em que as intervenções cesarianas aconteceram sem a real necessidade. “São vários os casos de mães que têm seu filho da maneira mais invasiva possível, via cesariana, sem motivo algum. O grande problema é a falta de informação e a crença absoluta no que os médicos dizem”, comenta.

A doula é responsável por promover massagens relaxantes na grávida e passar a segurança de um parto tranquilo.

Outro ponto forte da prática humanizada é a ausência de anestesia, que representa uma semelhança ao passado e ao animal irracional. Sem ela, a mulher pode tornar-se mais participativa em seu processo. Foi assim que aconteceu com Aline e seu companheiro, Luiz, que esteve presente, proporcionando força neste momento. “O momento da dor é muito singular, é a mulher com ela mesma e o apoio que o pai pode dar é algo para somar forças, não para dividir a dor”, enfatiza Luiz.

Aos olhos dos defensores da humanização do parto, a prática da cesariana não é, somente, um grande mal. Muito pelo contrário. É um avanço da medicina, que surgiu para salvar a vida da mãe e do bebê em situação de risco.