por Helga Lira

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Visando ao esclarecimento dos diversos jovens do país em assuntos como a banalização dos relacionamentos e um número maior de gravidezes indesejáveis na adolescência, o movimento Eu Escolhi Esperar nasceu no ano de 2011, em Vitória, no Espírito Santo, e chegou ao Recife, no ano seguinte, trazendo uma nova realidade para relacionamentos afetivos dos jovens da cidade. Para o estudante Rafael Tiago, 22, o Eu Escolhi Esperar é bem mais do que um movimento, trata-se do aprofundamento dos ensinamentos pregados pelo evangelho. “O Escolhi Esperar é um movimento de extrema importância não só para jovens como para adultos. Existem pessoas que acham que o esperar só trata da área sentimental, mas não é somente isso: o esperar trata de todas as áreas de nossas vidas, principalmente de qual é a vontade de Deus para cada um de nós”, comenta.

Segundo os organizadores, o movimento trata de uma campanha cristã que difere de muitos casos espalhados pelo Brasil e o mundo, principalmente na abordagem dos temas relacionados ao sexo. A partir dessa visão, a organização busca aprofundar e incentivar os valores ensinados pela religião evangélica, focando os esforços em duas áreas específicas: sexualidade e vida sentimental. A intenção, após essa abordagem, seria “encorajar, fortalecer e orientar adolescentes, jovens e pais sobre a necessidade de viver uma vida sexualmente pura e emocionalmente saudável”.

Além do acompanhamento e incentivo aos jovens que decidiram adequar-se a tal pensamento, os organizadores têm a intenção de conseguir diminuir o que chamam de “banalização dos padrões sociais estabelecidos para os relacionamentos, que estão produzindo”, assim como diz o objetivo principal da campanha, “uma geração de pessoas emocionalmente desajustadas, complicadas e cada vez mais egoístas”. Segundo a organização, as pessoas são estimuladas a viverem suas experiências sentimentais cada vez mais precocemente.

Embora muitas pessoas o tratem com preconceito, a campanha não trabalha com a ideia de que existe um príncipe, mas, sim, de não fazer escolhas baseadas em emoções.

Para a assistente social Andrea Bezerra, 34, o movimento tem um peso positivo diante da sociedade em geral. “Por mais que haja esclarecimento e difusão de informações, é possível observar uma enorme quantidade de mães com menos de 15 anos, o que faz com que, de certa forma, percam parte sua juventude e não aproveitem o momento certo para a maternidade. O Eu Escolhi Esperar, assim como outras iniciativas dessa natureza, mostra que, independente de religião, os jovens podem buscar adequar-se à vida que escolheram e isso traz inúmeros pontos positivos em relação à saúde pública”, pontua.

A maioria dos jovens do Recife aderiru ao movimento e o descobriu através do Facebook. O perfil mostra as diversas cidades do país por onde as ações passam. “Conheci o Eu Escolhi Esperar através das redes sociais. Embora muitas pessoas o tratem com preconceito, a campanha não trabalha com a ideia de que existe um príncipe, mas, sim, de não fazer escolhas baseadas em emoções, uma vez que Deus nos deu discernimento para tomarmos decisões com bases sólidas. Trata-se de não olhar apenas para si, mas olhar o outro através dos pensamentos propostos por Deus”, argumenta a estudante Ana Lages, 24.

Hoje, com pouco mais de três anos, o movimento tem mais de 2,5 milhões de curtidas nas redes sociais e trouxe, ao atingir tamanho público, uma mudança para a vida de quem acredita nesse ideal. É possível perceber que, após sua criação, muitos jovens aderiram ao movimento porque buscavam uma solução e uma tranquilidade conforme os seus relacionamentos afetivos. “Hoje, com 21 anos, percebo que estou no caminho certo. Procuro sempre entender que esperar, no sentido real da palavra, é escolher e conseguir ter, futuramente, relações positivas e mais duradouras”, afirma Patrícia Monteiro.