por Alice mafra

Ser autossuficiente é algo que está diretamente ligado ao ser humano, isso desde os primórdios. Com o passar dos milênios, essa característica foi ganhando formas e modelos variados. Atualmente, ela vem sendo associada a um esquema de trabalho patrão/empregado. Há quem tente levar isso ao pé da letra e comece a trabalhar para si a fim de mudar sua situação. Segundo um estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas de São Paulo (Sebrae/SP) de 2013, existe no Brasil uma média de 6,4 milhões de estabelecimentos comerciais, sendo 99% deles Micro e Pequenas Empresas (MPEs) que se caracterizam por uma renda anual de até R$ 60 mil. Ainda nessa pesquisa, o Sebrae analisou o perfil dos micro e pequenos empresários e concluiu que 55% deles são pessoas que abriram mão dos seus empregos para começar uma nova vida.

ESPORTE OUTDOOR "Escritório" de Amanda e Juliana está em locais como a Praia de Boa Viagem (Foto: Alice Mafra)
ESPORTE OUTDOOR “Escritório” de Amanda e Juliana está em locais como a Praia de Boa Viagem (Foto: Alice Mafra)

Ainda há quem se engane pensando que viver como micro e pequeno empreendedor é fácil, e que trabalhar para si não requer muito esforço. Foi isso o que aconteceu com o ex-motorista e atual doceiro Jorge Almeida. “Eu trabalhava de segunda a sábado e atualmente trabalho de segunda a segunda, sem folga ou descanso. Sou meu chefe e me cobro demais”, explica. Jorge foi motorista particular de uma empresa do Recife durante dez anos, quando, em 2011, resolveu largar tudo e se dedicar aos seus doces finos. “Eu abri mão de uma rotina para trabalhar para mim e eu não me arrependo. Meu lucro hoje chega a ser cinco vezes maior comparado com meu antigo salário”, conta.

Jorge é filho de uma boleira e um cozinheiro e desde muito pequeno aprendeu a cozinhar. “Minha mãe fazia questão que eu aprendesse tudo, ela sabia que o futuro era uma caixa de surpresa”, lembra. Ele começou em casa, ainda irregularmente e hoje já tem a documentação trabalhista em dia, além de um funcionário. “Já me regularizei com o Sebrae e tenho todos os meus direitos garantidos e essa foi a coisa mais certa que eu fiz”, afirma.

As sócias Amanda Lins e Juliana Mafra estão nesse processo de regularização. Elas pretendem montar juntas uma assessoria esportiva que consiste em explorar os espaços públicos e privados – como as casas dos alunos – para a prática de esportes, no caso delas, corrida, ciclismo e natação, com a orientação de um profissional e o custo mais baixo. Juliana já era personal trainer e professora de várias academias do Recife antes de ter a ideia de montar a assessoria esportiva. “Meus alunos sempre pediam aulas diferentes e a maneira que eu encontrei foi montando esse projeto”, explica.

As aulas são ministradas no Parque da Jaqueira, na Praia de Boa Viagem e, em alguns casos, nas casas de alunos. “Essa mudança de cenário da academia para a natureza dá um gás totalmente novo aos meus alunos”, completa. Amanda, que é formada em administração e trabalhou em algumas empresas do Recife, é quem está correndo atrás da papelada necessária. “Já registramos a marca, agora estamos no processo de assistir às palestras que o Sebrae oferece e, em breve, entraremos na orientação individual”, relata. “É um processo longo, mas que gera muitos benefícios e vale ir até o fim”, completa.