por Artur Portela

Viajar pode representar (ou causar) mudanças na vida de uma pessoa. Para algumas, além disso, uma viagem, em meio ao período de graduação, por exemplo, é capaz de provocar um crescimento grandioso na sua vida acadêmica.

É o que pensa o professor de inglês Marcos Ribeiro, também dono da empresa de intercâmbio Cultura e Cia, que afirma ter acompanhado diversos casos de “transformação” nesse sentido. “Já vi gente de todas as idades viajar. Pessoas que ainda estão no colégio, e outras já graduadas ou prestes a se formar. E esse fator da mudança é o que a maioria busca. E realmente mudam, não é da boca pra fora”, explica. “E especificamente para aqueles que realizam essas viagens durante a faculdade, o universo de possibilidades que se abre é grande. Livros, professores, teorias, muitas das coisas que eu como professor de inglês mal entendo, mas que sei que são importantes e fazem a diferença para esses alunos”, completa.

Hoje, no Brasil, estudantes em período de graduação que cursam as áreas de Ciências Exatas, da Natureza, Saúde e Tecnologia, em geral, têm a oportunidade de explorar outras formas de aprendizado no exterior, tudo pago pelo Governo Federal. O Ciências sem Fronteiras (CsF) tem como meta mandar, até 2015, 101 mil estudantes em período de graduação, pós-graduação, doutorado e pós-doutorado para diversos países do mundo. A ideia principal é proporcionar aos estudantes o aprofundamento em seus cursos, assim como deixá-los em constante contato com sistemas educacionais competitivos em relação à tecnologia e inovação. Além disso, busca atrair pesquisadores do exterior que queiram fixar-se no Brasil ou estabelecer parcerias com os pesquisadores brasileiros. O projeto, que começou em 2011, já enviou mais de 54 mil estudantes – das 64 mil vagas disponíveis – na modalidade “graduação sanduíche”.

Para Luís Eduardo, recifense de 22 anos e estudante de engenharia química da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o período de um ano que ele vai concluir em Dublin, na Irlanda, será de muito aprendizado. Atualmente, ele está estudando no Cork Institute of Technology e, do pouco que já aprendeu, notou uma grande mudança no que se refere ao seu curso. “Cheguei aqui no início de setembro e minhas aulas começaram em seguida. Sem exagero, mas a diferença na forma de passar o conteúdo e a maneira inovadora com que o pessoal daqui consegue transmitir todo o conhecimento, as inovações e tudo mais, é absurda. Um bom exemplo, é a cadeira de Cálculo de Faltas, que no Brasil está entre as mais difíceis e aqui ela me foi passada com uma facilidade tremenda. Acho que a partir daqui meu curso vai tomar rumos diferentes”.

A oportunidade se estende a todas as classes sociais. Um grande exemplo é o de Admilson Nunes, 19, que estudou a vida inteira em escolas públicas, ingressou na Universidade de Pernambuco (UPE) e agora está quase completando o período de um ano e meio que ficou na Califórnia, Estados Unidos. “Nunca imaginei que sairia da Mustardinha e entraria numa universidade maior do que meu próprio bairro. Transformação no curso e na vida”.

O Ciências sem Fronteiras já proporcionou novas experiências para diversos estudantes de ensino superior. A estimativa é que o projeto – que termina em 2015 – seja prorrogado.