Resíduos não são inimigos

Lixo sempre nos remete a pensar em sujeira, fedor, doença. Mas essas características têm mais a ver com a maneira que tratamos os detritos que produzimos. Em diversos lugares do mundo, os resíduos não são inimigos da cidade nem da população. E como isso é possível?

Enquanto no Brasil o exemplo de limpeza urbana fica na região sul, principalmente na cidade de Curitiba, há soluções exemplares em lugares como Europa e Ásia. O ponto em comum destes locais é a educação ambiental resumida em um único fato: todo o lixo que você produz é de sua responsabilidade. Em alguns lugares do Japão, não existe lixeiras pelas ruas da cidade.

É porque seu lixo deve ser guardado em casa até atingir níveis suficientemente altos para ser levado para estações de triagem e reciclagem. Já no norte da Europa, a Suécia importa da Dinamarca resíduos que podem ser incinerados e assim transformados em energia para o país. Em comum, a ideia de que quando se observa verdadeiramente quanto lixo produzimos, tendemos a diminuir o consumo ou repensar escolhas e marcas que utilizem menos embalagens.

O plástico, papel, vidro e outros materiais constantemente utilizados já são em muitos lugares do mundo, habitualmente recicláveis, reutilizáveis, até mesmo na arte. No Brasil, o processo de coleta seletiva engatinha na maioria das cidades, mas a passos lentos vai fazendo diferença aqui e acolá, diminuindo o montante geral de resíduos gerados pelo homem. Mas por incrível que pareça não só de embalagens são feitas nossas preocupações sobre consumo. Os aterros estão lotados de lixo orgânico, e são eles que originam tudo aquilo que apareceu na primeira frase do texto: bactérias, fungos e vírus.

Recentemente, a França e a Itália estabeleceram leis sobre o desperdício, devendo ser coletado os produtos de origem orgânica próximos à validade e então distribuído a redes de serviços sociais. Também em Paris existe um mercado só de alimentos inválidos e outro especializado em frutas “feias”, aquelas que estão em perfeitas condições de consumo, mas acabam sendo ignoradas pela aparência não muito atrativa.

Uma outra saída é multiplicar pela sociedade o hábito da compostagem domiciliar, o que poderia reduzir até 60% do montante coletado e ainda produzir renda através do adubo gerado. Mas o interesse dos brasileiros pelo tema é quase nulo, enquanto as políticas práticas de limpeza urbana e educação ambiental deixam muito a desejar.

BOX

Cinco filmes para entender mais o assunto

– Lixo Extraordinário

– O Desafio do Lixo

– No Impact Man

– Wall E

– A História das Coisas