No teu corpo feito tatuagem

A tatuagem está entre as formas de arte mais antigas e onipresentes na humanidade. Por mais de cinco mil anos, culturas de todos os continentes colocaram tintas permanentes em seus corpos — como defesas místicas, símbolos de status, ritos de passagem ou simplesmente como decoração pessoal.

Nossa pele é uma dádiva, é um tipo especial de tela”, afirma Susanna Kumschick, antropóloga suíça. Na antropologia, a tatuagem é um grande assunto, porque é observada em tantas culturas e tradições. A volta do interesse do público e das organizações culturais pelas tatuagens é em parte explicada pela arte que explora a imagem corporal.

Por conta de contextos sociais contrastantes, algumas pessoas escondem suas tatuagens enquanto outras não veem problema em exibi-las. No século 19, por exemplo, muitas mulheres aristocratas se tatuavam tanto quanto artistas de circo, mas não tinha costume de mostrar seu corpo.

A tatuagem é uma espécie de memento mori, um lembrete de somos todos mortais. Nossa pele é efêmera, e é praticamente impossível fazer uma coleção delas. De certa forma, tatuagens são para sempre mas apenas enquanto nosso corpo está vivo. Tatuar-se significa lembrar de algo, e por isso, carrega em si o desejo de conservar uma memória, uma história, uma cultura, um traço. Nesse sentido, nossa pele se expande para o corpo de outras superfícies, revelando o que identifica, o que marca, o que fere, e estimulando a construção de uma manifestação artística que ultrapassa limites.

Quando uma tatoo é feita, ela passa a integrar aquele corpo, aquela pessoa, aquela personalidade. A estética, o seu significado e a história inteira, tudo isso se mescla e torna-se um todo. É uma forma de arte que não pode ser comparada a nenhuma outra, pois a individualidade faz com que cada traço, cada cor, cada linha seja incorporada na vida de quem a leva até a morte.