set
05

Troca de experiência na mesa em comemoração aos 50 anos do curso de Jornalismo da Unicap

Texto: Emanuele Carvalho/ Foto: Paulo Maia

O XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom 2011 viveu um momento especial na tarde do domingo (4), no auditório G1 da Universidade Católica de Pernambuco, Alunos, ex-alunos, professores e coordenadores do curso de Jornalismo da Unicap se reuniram para comemorar os 50 anos do curso, pioneiro no Norte e Nordeste do país, e contar suas histórias e experiências.

O auditório ganhou uma atmosfera diferente. Um clima um tanto nostálgico, com uma pitada de felicidade e muito orgulho, estampado no rosto de cada um dos que discursaram ou acompanharam os depoimentos dos colegas. Foi uma reunião no estilo “old scholl”. Ex-colegas de classe não paravam de conversar, eram muitos risinhos, abraços e muita, mas muita coisa para lembrar.

Um deles, José Marques de Melo, aluno da primeira turma do curso, em 1961, já com mais de 70 anos, mas com toda a disposição e lucidez, contou para os curiosos ouvintes da plateia sua história com o jornalismo. Com quê de paixão pela profissão que escolheu, José Marques lembrou como descobriu o curso e como foi ter como professor Luiz Beltrão, fundador do curso na Universidade. “As aulas dele eram muito chatas, ninguém prestava atenção nelas. Até que um dia ele fez uma prova e ninguém sabia responder nada. A partir daí,todos passaram a dar muita atenção às aulas de Luiz Beltrão”, lembrou entre risos.

O pioneiro curso de Jornalismo da Unicap já formou, além de José Marques de Melo, três mil profissionais que estão inseridos no mercado de trabalho, aspecto ressaltado pelo jornalista, formado na turma de 1981, Evaldo Costa. “A Católica nunca teve medo do mercado. Sempre formou profissionais habilitados para ele”, destaca o secretário de Imprensa do Governo do Estado. E Evaldo é um exemplo disso. No segundo ano do curso, já havia sido contratado por um grande jornal da cidade, depois foram mais 33 experiências na profissão, uma delas como professor da Universidade. “Sinto-me muito feliz nesta casa, lembro-me com muita alegria dos professores e colegas. Em 1996 recuperei a convivência com os amigos, quando voltei como professor”, lembra.

Assim como Evaldo Costa, a professora Lúcia Noya, lembra dos alunos, dos professores. Ela se formou na quarta turma do curso e, além de professora, foi chefe de departamento e assessora de comunicação da Unicap. Lúcia foi recebida entre muitos abraços e beijos dos antigos alunos, hoje professores e profissionais da área.

Entre esses antigos alunos está o professor Marcelo Abreu, que lembra com carinho dos professores e de seus ensinamentos, muitos deles praticados por ele mesmo em sala de aula. “Lúcia, Eduardo Ferreira, Vera Ferraz e Carlos Benevides me deram muitas lições que pratico até hoje, mais de 20 anos depois”, lembra o professor. E tem uma frase que Abreu não esquece até hoje… “não quero matérias domésticas, feitas na Rua do Lazer…”.A frase era dita pelo professor Carlos Benevides, lembrado com carinho pelo ex-aluno.

Benevides se formou no ano de 1966. Depois de graduado, foi para o mercado de trabalho. Após 10 anos da formatura, foi convidado a ser professor da Universidade, convite que pensou em recusar, mas sua esposa respondeu que sim, se antecipando a ele, e na Unicap ficou por muito tempo. E o professor comentou a frase lembrada pelo ex-aluno. “Para ser profissional é preciso ter disciplina. Eu era muito rigoroso”. Mas Abreu complementa: “Ele era bem exigente, mas por trás da fisionomia séria tinha uma pessoa muito boa. A relação dele com os alunos era muito tranquila”, elogia. Para Benevide,s é uma satisfação estar entre as pessoas que ele, do seu jeito, ajudou na formação. “É uma felicidade muito grande. Fui muito feliz, e fiz tudo com muito carinho”.

E foi nesse clima de carinho, boas recordações e muitas experiências que os atuais alunos do curso cinquentenário de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco terminaram a noite de domingo com um coquetel, realizado no salão receptivo da Unicap. É um orgulho muito grande poder fazer parte da história que Luiz Beltrão, em 1961, começou a contar.

set
05

Viver o Intercom é se comunicar e interagir

Texto: Aline Vieira Costa | Foto: Otávio Portugal

Ir a um congresso é muito mais que assistir a um trabalho científico ou ouvir uma palestra. “É café da manhã, almoço e jantar”, definiu o presidente do Intercom, Antônio Hohlfeldt, durante a 34ª edição do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, realizado no Recife. De acordo com ele, que também é professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), é a troca de experiências entre estudantes, pesquisadores e profissionais de todos os lugares que torna o evento um momento rico e diferenciado.

“Essa convivência é uma oportunidade de conhecer os autores estudados em sala de aula, trocar ideias com eles e pedir um autógrafo. Uma imensa satisfação conhecer pessoas que se tornaram mestres e referências na formação”, explicou ele, lembrando que o Intercom é o único congresso nacional de comunicação que reúne estudantes de graduação. Para os acadêmicos e profissionais atuantes, os encontros também são bem oportunos e produtivos.

Exemplo disso é o próprio Antônio, que atualmente realiza um trabalho com um grupo de pesquisadores de vários estados que se conheceram e montaram novos projetos de pesquisa a partir do Intercom. Foi desse tipo de interação que também nasceu o livro Teorias da Comunicação, obra integrante da bibliografia básica de cursos de graduação na área. “É diferente quando se constrói uma relação pessoal, gera mais confiança e agilidade. Além disso, de uma conversa nasce uma ideia”, contou ele. “Dá pra interagir pela internet também, mas uma forma não substitui a outra. Há coisas que só acontecem ao vivo”, acrescentou.

Seja pela internet ou por qualquer outra mídia, a sede pelo aumento da interação mediada é um dos grandes temas atuais debatidos pela comunicação. Mas para a coordenadora do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Maria Luiza Nóbrega, embora a internet já tenha avançado muito na interatividade, desde o estágio inicial, quando desempenhava um papel mais lento, a interação ao vivo e a cores é diferente. “É o que alimenta as relações. O encontro tem algo a mais, traz emoções pelo contato e pelas perguntas e respostas, é a base de toda relação“, expôs ela.

Sobre os jovens da Geração Y – ou geração da internet -, que nasceram já na tecnologia, Maria Luiza é otimista. “Acho que eles valorizam, sim, esse contato cara a cara. Não vejo antagonismos, mas relações complementares”, concordou. E os estudantes realmente parecem curtir esse contato. Guilherme Morais, 20, por exemplo, é aluno de Jornalismo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, e já vivencia essa situação. “Estou fazendo novas amizades e criando relacionamentos que podem render algo mais na frente. É uma grande festa”, concluiu.

set
05

Turismo também é assunto debatido no Intercom 2011

Texto: Milenna Gomes / Foto: Gabi Vitória

Assim como a comunicação, o turismo é visto de forma muito abrangente. No Intercom 2011, essas duas áreas se fundiram e deram origem a uma grade de programações. Na sessão 1 do GP Comunicação, turismo e hospitalidade, que aconteceu na tarde deste domingo (4), trabalhos acadêmicos relacionados a esse campo ganharam espaço para serem vistos e discutidos.

De acordo com o coordenador da sessão, o antropólogo e professor de mestrado Rafael José dos Santos, da Universidade de Caxias do Sul, a abordagem das pesquisas apresentadas têm duas interfaces. A primeira é a comunicação utilizada para marketing de eventos turísticos. Exemplo disso é a análise de Marilde Sievert, da Fundação Universidade Regional de Blumenau, sobre as estratégias de divulgação do Festival da Cerveja.

A  pesquisadora levou aos congressistas presentes um panorama acerca de como os gestores da festa, que acontece em Blumenau, conseguiram consolidar a cidade como um novo ponto turístico e referência em cerveja devido às ações de marketing integradas, com assessoria de imprensa, relações públicas, publicidade e propaganda, etc.

O segundo viés tem a ver com cultura, comunicação e turismo. É o caso do trabalho do mestre Sérgio dos Santos Clemente, da Universidade Paulista. Ele falou sobre as construções do imaginário de Sergipe e dos sergipanos.

Como os estudos vistos nesta tarde foram realizados por pessoas experientes, a sessão chamou atenção de jovens ainda na graduação. Anna Karolina e Helisa Nascimento, ambas alunas de Jornalismo na Unidade de Ensino Superior de Feira de Santana, participaram da palestra para ampliar os conhecimentos em comunicação. “Esse é um ensaio para uma possível especialização”, contou Helisa.

Rafael, coordenador, concorda. ” Poder ver o resultado de uma pesquisa apresentado por mestres, doutores, é muito diferente das aulas teóricas em metodologia. É fundamental para quem está, ainda, na universidade”, afirmou.

set
05

Produção cinematográfica nordestina é destaque no Intercom

 

Larissa Rocha fala sobre a produção cinematográfica maranhense

Por André Amorim/ Foto: Julia Teles
O cinema com a temática nordestina foi debatido, na tarde deste domingo (04), no Grupo de Pesquisa em Cinema. A atividade, realizada na sala 004 do bloco G4, faz parte do XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom 2011. O trabalho foi coordenado pelo professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Samuel José Holanda de Paiva, e atraiu estudantes e pesquisadores de várias cidades.

Antes de iniciar os trabalhos, o coordenador do Grupo de Pesquisa (GP) em Cinema e, também, professor da UFSCar, Samuel José Holanda de Paiva, agradeceu a todos os presentes e comemorou o grande número de trabalhos inscritos para o Intercom 2011. “Este ano, o Intercom terá 14 sessões, um reflexo do grande número de pesquisas que o grupo recebeu. Foram 52 trabalhos, sendo 43 selecionados”, disse.

O primeiro a falar no evento foi o mestrando em Letras pela UFPB Afonso Manoel da Silva Barbosa. No artigo Concepções artísticas de Guel Arraes na construção da trilha sonora e do Nordeste no filme “Lisbela e o prisioneiro”, Afonso analisou a linguagem cinematográfica a partir do discurso ficcional. De acordo com o mestrando, a ligação de Guel Arraes com o texto de Lisbela e o Prisioneiro – obra do escritor pernambucano Osman Lins – é mais antiga do que muitos pensam.

O primeiro contato do cineasta pernambucano com a obra foi em 1993, quando Guel adaptou o texto para a televisão. Mais tarde, no ano 2000, ele levou o texto para o teatro e, só em 2003, o livro virou filme. Esse processo, de acordo com o mestrando, corroborou para o diretor chegar ao produto final. “Os trabalhos de Guel Arraes se destacam pela construção e reconstrução dos paradigmas. Ele recicla, modifica discursos, pega muita coisa da cultura de massa”, disse.

No que diz respeito à trilha sonora do filme, o objeto de estudo do artigo, Afonso afirma que as músicas podem ser analisadas sob os aspectos estilizados e metalinguísticos. O primeiro, de acordo com ele, pode ser visto na música Espumas ao vento, de autoria de Accioly Neto e imortalizada na voz do cantor cearense Fagner. No filme, a música ganha uma percepção flamenca, com a interpretação da cantora Elza Soares. No que diz respeito ao aspecto metalinguístico, a música Lisbela – interpretada pela banda carioca Los Hermanos – faz referências diretas a personagem invocando imagens do cotidiano nordestino e do cinema hollywoodiano.

Logo em seguida, foi a vez de Larissa Fonseca Rocha, da Universidade Federal do Maranhão, falar sobre o trabalho Documentário no Maranhão: entre memórias, lembranças e esquecimentos. A pesquisadora buscou, a partir da análise da obra do cineasta Murilo Santos, compreender a função que o documentário desempenha como “lugar de memória”, ou seja, como forma de lembrança e, ainda, observar o “enquadramento de memória” em quatro filmes do diretor.

Antes de iniciar a abordagem, a pesquisadora explicou o contexto do cinema maranhense dos anos 70, desde a produção de filmes em Super 8, a criação do festival Guaniceira de Cinema e o início do Uirá, cineclube universitário importante no estado. Ela ressaltou, ainda, que os documentários produzidos na época eram de denúncia, por conta do período da Ditadura Militar.

De acordo com a pesquisadora, por conta desses fatores, a produção de documentários maranhenses é fortemente marcada por temáticas envolvendo questões políticas e sociais. Num levantamento realizado sobre as produções produzidas no Maranhão, desde o início do festival Guaniceira, dos 316 documentários exibidos, cerca de 40% exploram esses temas. “É difícil negar o papel atribuído ao documentário de preservação de memória”, disse a pesquisadora. “Ou o documentário registra a vida daquela época ou revisita o que já foi feito”, complementou.

As obras do documentarista Murilo Santos não ficam de fora dessa linha. Apesar de não ser maranhense, o diretor mora há mais de 30 no estado e é um dos expoentes da produção superoitista – o primeiro documentário foi Pregoeiro de São Luís (1976). Entre os filmes analisados na pesquisa de Larissa Fonseca estão Bandeira Verde (1979/1987), Fronteira de Imagens (2010), Tambor de Crioula (1979) e Afinado a fogo: o tambor de crioulo revisitado (2009).

Fronteira da imagem, nas palavras da pesquisadora, “é uma digressão. É um filme em que Santos volta contando como fez o primeiro filme [Bandeira Verde]”. Da mesma forma, Afinado a fogo e Tambor de crioula. “Para comemorar a revitalização ele faz Afinado a fogo. Ele leva o filme de 79 para mostrar para os parentes do personagem central que estão vivos”, disse.

Por fim, o mestrando em Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense Rodrigo Capistrano Camurça falou sobre a produção cinematográfica cearense na atualidade. O trabalho Para além de uma questão identitária: o cinema cearense contemporâneo na produção do coletivo alumbramento mostrou como esse grupo tem contribuído com a percepção de um novo olhar sore o mundo e novas condições de existência.

Na terça-feira (6) , a partir das 17h, após o fim da apresentação de todos os trabalhos, os integrantes do GP devem se reunir para avaliar os avanços nos trabalhos que vêm sendo desenvolvidos pelo grupo.

set
05

Painel do Intercom aborda o empirismo nas ciências da comunicação

Texto: Tiago Cisneiros // Foto: Micaella Pereira

O painel “Quem tem medo da pesquisa empírica? – Questões Teóricas” levou, ao auditório G2 da Universidade Católica de Pernambuco, estudantes, professores e pesquisadores interessados na relação entre empirismo e processos ou teorias comunicacionais. Das 14h às 16h, eles assistiram a palestras de François Cooren (Universidade de Montreal, Canadá), Salvato Trigo (Universidade Fernando Pessoa, Portugal) e Luiz Cláudio Martino (Universidade de Brasília). Anamaria Fadul, integrante da Comissão Científica do Intercom, atuou como mediadora. Devido à natureza bilíngue do encontro, os espectadores tiveram à disposição um sistema de tradução simultânea (português-francês e francês-português), com equipamentos individuais.

A primeira conferência, intitulada “Empirie et ventriloquie: à la recherche des voix qui nous habitent et nous animent” (Empiria e ventriloquia: em busca de vozes que nos habitam e nos inspiram), foi apresentada pelo francês François Cooren. Professor da Universidade de Montreal e presidente da International Association Communication (ICA),  entidade que reúne cerca de 4,7 mil pesquisadores da área de comunicação, ele falou sobre o conceito metafórico de comunicação como atividade de ventriloquia.

De acordo com Cooren, para se ter menos medo da pesquisa empírica, é preciso reconhecer o caráter plural e heterogêneo dos indivíduos que se comunicam. Essas vozes múltiplas não devem ser somente reduzidas aos indivíduos, podendo ser ventriquolizadas. “Quando há um comunicado oficial – da Justiça, digamos –, existe alguém falando em nome da entidade”, exemplificou, lembrando que, assim como os atores, os profissionais de mídia precisam executar suas atividades, enquanto possuem sentimentos, paixões e opiniões incompatíveis.

Para facilitar a compreensão do conceito, Cooren utilizou uma situação hipotética, um diálogo entre A e B, no qual o segundo estaria enfrentando dificuldades no relacionamento com Jorge, um colega de trabalho. O indivíduo A questiona se B está bem, ao perceber o seu ar de preocupação. A resposta de B, explicando o problema, reflete “o que o anima”, isto é, a motivação para o seu estado. Na sequência do diálogo, o professor canadense realizou uma série de observações vinculadas à ideia da ventriloquia, destacando as vozes “que habitam e inspiram” os atores da comunicação.

O professor português Salvato Trigo, reitor da Universidade Fernando Pessoa, apresentou a palestra “Ciências empíricas: método, mutabilidade teórica e nova gramática da comunicação científica”. Nela, buscou “resgatar a importância das ciêncais empíricas para a construção de uma nova gramática da comunicação, capaz de conciliar o jornalismo clássico da Galáxia de Gutemberg com as novas formas discursivas de informação e de comunicação da Galáxia Internet”.

Entre outros pontos, Trigo tratou das relações entre colonizadores e colonizados, destacando, por exemplo, que, quando aqueles impõem uma nova língua, colocam, também, um novo sistema de representação. Na conclusão, ele afirmou que o domínio do idioma continua imprescindível para a aquisição do conhecimento. “As novas formas de jornalismo, nas redes sociais e na televisão, não podem ser desculpas para a despreocupação com a língua.”

A última palestra do painel, “A Interpretação dos Dados Empíricos no Contexto das Grandes Correntes Teóricas em Comunicação”, foi ministrada por Luiz Cláudio Martino, da Universidade de Brasília. Ele lembrou que a ciência constrói um produto que não é o mesmo da filosofia, embora aquela tenha derivado desta, no século 16. “O papel do empírico é abrir uma nova possibilidade de conhecimento, a ciência”, disse. Mantendo o raciocínio, Martino estabeleceu a seguinte diferenciação: “O filósofo pode questionar de forma profunda e ilimitável o mundo e a existência. O cientista, não”. O conhecimento deste último, pontuou, origina-se de proposições que passam por um apoio oferecido por seus próprios sentidos (inclusive, a observação).

Na segunda parte da apresentação, Martino abordou a forma como as grandes correntes da comunicação constroem o conhecimento através da observação. Ele focou a sua fala nas teorias Norte-americana (ou dos Efeitos) e Crítica. A primeira, disse, é fortemente influenciada pela psicologia, com conceitos como memória, motivação e atitude, e pela sociologia, sobretudo no campo do comportamento. “A análise do processo de comunicação passa pela transformação dele em comportamento, em algo observável”, resumiu.

A Teoria Crítica, segundo o professor, também realiza esse tipo de conversão. Na vertente da Economia Política, por exemplo, as análises comunicacionais estariam assentadas sobre dados econômicos. “A informação é vista enquanto mercadoria”, diz. A Escola de Frankfurt, por sua vez, enxerga a comunicação como parte do sistema capitalista, manipulada em um processo que leva o homem à alienação e ao consumo.

Após a análise das duas teorias, Martino observou que as principais correntes não estudam a comunicação diretamente, mas, sim, convertidas em outras coisas. Isso, na sua opinião, coloca um “sério problema”: a distorção daquele que deveria ser o dado estudado. “Nossa área de conhecimento acaba se baseando em um empirismo, mas com teorias de outras disciplinas”, afirmou. Nesse sentido, ele considera que existe um impasse, cabendo ao saber comunicacional apenas duas interpretações extremas. Na primeira, ela é, simplesmente, reduzida a outros campos. A outra opção é que seja tratada como uma “pan-filosofia”, fundamento de todos os processos e capaz de explicar arte, educação e outras áreas do conhecimento. Por fim, o professor saudou os organizadores do Intercom 2011 pela escolha do tema geral “Quem tem medo da pesquisa empírica?”, que reforça a reflexão sobre a área enquanto ciência.

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