Texto: Aline Vieira Costa | Foto: Otávio Portugal
Ir a um congresso é muito mais que assistir a um trabalho científico ou ouvir uma palestra. “É café da manhã, almoço e jantar”, definiu o presidente do Intercom, Antônio Hohlfeldt, durante a 34ª edição do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, realizado no Recife. De acordo com ele, que também é professor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUCRS), é a troca de experiências entre estudantes, pesquisadores e profissionais de todos os lugares que torna o evento um momento rico e diferenciado.
“Essa convivência é uma oportunidade de conhecer os autores estudados em sala de aula, trocar ideias com eles e pedir um autógrafo. Uma imensa satisfação conhecer pessoas que se tornaram mestres e referências na formação”, explicou ele, lembrando que o Intercom é o único congresso nacional de comunicação que reúne estudantes de graduação. Para os acadêmicos e profissionais atuantes, os encontros também são bem oportunos e produtivos.
Exemplo disso é o próprio Antônio, que atualmente realiza um trabalho com um grupo de pesquisadores de vários estados que se conheceram e montaram novos projetos de pesquisa a partir do Intercom. Foi desse tipo de interação que também nasceu o livro Teorias da Comunicação, obra integrante da bibliografia básica de cursos de graduação na área. “É diferente quando se constrói uma relação pessoal, gera mais confiança e agilidade. Além disso, de uma conversa nasce uma ideia”, contou ele. “Dá pra interagir pela internet também, mas uma forma não substitui a outra. Há coisas que só acontecem ao vivo”, acrescentou.
Seja pela internet ou por qualquer outra mídia, a sede pelo aumento da interação mediada é um dos grandes temas atuais debatidos pela comunicação. Mas para a coordenadora do curso de Jornalismo da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), Maria Luiza Nóbrega, embora a internet já tenha avançado muito na interatividade, desde o estágio inicial, quando desempenhava um papel mais lento, a interação ao vivo e a cores é diferente. “É o que alimenta as relações. O encontro tem algo a mais, traz emoções pelo contato e pelas perguntas e respostas, é a base de toda relação“, expôs ela.
Sobre os jovens da Geração Y – ou geração da internet -, que nasceram já na tecnologia, Maria Luiza é otimista. “Acho que eles valorizam, sim, esse contato cara a cara. Não vejo antagonismos, mas relações complementares”, concordou. E os estudantes realmente parecem curtir esse contato. Guilherme Morais, 20, por exemplo, é aluno de Jornalismo da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), em Minas Gerais, e já vivencia essa situação. “Estou fazendo novas amizades e criando relacionamentos que podem render algo mais na frente. É uma grande festa”, concluiu.