«

»

set
05

Produção cinematográfica nordestina é destaque no Intercom

 

Larissa Rocha fala sobre a produção cinematográfica maranhense

Por André Amorim/ Foto: Julia Teles
O cinema com a temática nordestina foi debatido, na tarde deste domingo (04), no Grupo de Pesquisa em Cinema. A atividade, realizada na sala 004 do bloco G4, faz parte do XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom 2011. O trabalho foi coordenado pelo professor da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar) Samuel José Holanda de Paiva, e atraiu estudantes e pesquisadores de várias cidades.

Antes de iniciar os trabalhos, o coordenador do Grupo de Pesquisa (GP) em Cinema e, também, professor da UFSCar, Samuel José Holanda de Paiva, agradeceu a todos os presentes e comemorou o grande número de trabalhos inscritos para o Intercom 2011. “Este ano, o Intercom terá 14 sessões, um reflexo do grande número de pesquisas que o grupo recebeu. Foram 52 trabalhos, sendo 43 selecionados”, disse.

O primeiro a falar no evento foi o mestrando em Letras pela UFPB Afonso Manoel da Silva Barbosa. No artigo Concepções artísticas de Guel Arraes na construção da trilha sonora e do Nordeste no filme “Lisbela e o prisioneiro”, Afonso analisou a linguagem cinematográfica a partir do discurso ficcional. De acordo com o mestrando, a ligação de Guel Arraes com o texto de Lisbela e o Prisioneiro – obra do escritor pernambucano Osman Lins – é mais antiga do que muitos pensam.

O primeiro contato do cineasta pernambucano com a obra foi em 1993, quando Guel adaptou o texto para a televisão. Mais tarde, no ano 2000, ele levou o texto para o teatro e, só em 2003, o livro virou filme. Esse processo, de acordo com o mestrando, corroborou para o diretor chegar ao produto final. “Os trabalhos de Guel Arraes se destacam pela construção e reconstrução dos paradigmas. Ele recicla, modifica discursos, pega muita coisa da cultura de massa”, disse.

No que diz respeito à trilha sonora do filme, o objeto de estudo do artigo, Afonso afirma que as músicas podem ser analisadas sob os aspectos estilizados e metalinguísticos. O primeiro, de acordo com ele, pode ser visto na música Espumas ao vento, de autoria de Accioly Neto e imortalizada na voz do cantor cearense Fagner. No filme, a música ganha uma percepção flamenca, com a interpretação da cantora Elza Soares. No que diz respeito ao aspecto metalinguístico, a música Lisbela – interpretada pela banda carioca Los Hermanos – faz referências diretas a personagem invocando imagens do cotidiano nordestino e do cinema hollywoodiano.

Logo em seguida, foi a vez de Larissa Fonseca Rocha, da Universidade Federal do Maranhão, falar sobre o trabalho Documentário no Maranhão: entre memórias, lembranças e esquecimentos. A pesquisadora buscou, a partir da análise da obra do cineasta Murilo Santos, compreender a função que o documentário desempenha como “lugar de memória”, ou seja, como forma de lembrança e, ainda, observar o “enquadramento de memória” em quatro filmes do diretor.

Antes de iniciar a abordagem, a pesquisadora explicou o contexto do cinema maranhense dos anos 70, desde a produção de filmes em Super 8, a criação do festival Guaniceira de Cinema e o início do Uirá, cineclube universitário importante no estado. Ela ressaltou, ainda, que os documentários produzidos na época eram de denúncia, por conta do período da Ditadura Militar.

De acordo com a pesquisadora, por conta desses fatores, a produção de documentários maranhenses é fortemente marcada por temáticas envolvendo questões políticas e sociais. Num levantamento realizado sobre as produções produzidas no Maranhão, desde o início do festival Guaniceira, dos 316 documentários exibidos, cerca de 40% exploram esses temas. “É difícil negar o papel atribuído ao documentário de preservação de memória”, disse a pesquisadora. “Ou o documentário registra a vida daquela época ou revisita o que já foi feito”, complementou.

As obras do documentarista Murilo Santos não ficam de fora dessa linha. Apesar de não ser maranhense, o diretor mora há mais de 30 no estado e é um dos expoentes da produção superoitista – o primeiro documentário foi Pregoeiro de São Luís (1976). Entre os filmes analisados na pesquisa de Larissa Fonseca estão Bandeira Verde (1979/1987), Fronteira de Imagens (2010), Tambor de Crioula (1979) e Afinado a fogo: o tambor de crioulo revisitado (2009).

Fronteira da imagem, nas palavras da pesquisadora, “é uma digressão. É um filme em que Santos volta contando como fez o primeiro filme [Bandeira Verde]”. Da mesma forma, Afinado a fogo e Tambor de crioula. “Para comemorar a revitalização ele faz Afinado a fogo. Ele leva o filme de 79 para mostrar para os parentes do personagem central que estão vivos”, disse.

Por fim, o mestrando em Comunicação Social da Universidade Federal Fluminense Rodrigo Capistrano Camurça falou sobre a produção cinematográfica cearense na atualidade. O trabalho Para além de uma questão identitária: o cinema cearense contemporâneo na produção do coletivo alumbramento mostrou como esse grupo tem contribuído com a percepção de um novo olhar sore o mundo e novas condições de existência.

Na terça-feira (6) , a partir das 17h, após o fim da apresentação de todos os trabalhos, os integrantes do GP devem se reunir para avaliar os avanços nos trabalhos que vêm sendo desenvolvidos pelo grupo.

Deixe uma resposta

Seu e-mail não será publicado.