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06

O videoclipe no debate da cultura urbana

Texto: Filipe Falcão

De todos os Grupos de Pesquisa (GP) que fazem parte do Intercom, o de Culturas Urbanas talvez seja um com temas mais variados dentro da programação. Pesquisas voltadas para música, grafitagem e estudos audiovisuais são apenas alguns dos temas que foram apresentados no encontro  que aconteceu na manhã da terça-feira (6) e que teve como destaque o trabalho apresentado pelo pernambucano Thiago Soares, que falou sobre uma temática erroneamente considerada fraca e até efêmera: o videoclipe. Com o tema “O Retorno ao Corpo no Palco: Por uma Estética do Ato Performático nos Vídeoclipes Contemporâneos”, Thiago, que é jornalista e professor do PPGCOM da UFPB, utilizou três clipes musicais de artistas contemporâneos para analisar o tema proposto.

“Essa questão é interessante já que representa quase uma crítica da ideia falsa de que o videoclipe é algo efêmero”, defende Thiago sobre a escolha da sua temática, que atualmente é um dos seus projetos de pesquisa na UFPB. Com propriedade de quem conhece bastante o assunto – Thiago é editor de um caderno de cultura em jornal local e autor do livro Videoclipe: o Elogio da Desarmonia – ele utiliza os vídeos Nothing Compare to Us, da cantora Sinead O’Connor; Single Ladies, da cantora Beyoncé; e Lotus Flower, da banda Radiohead para analisar o tema proposto. De acordo com ele, o trabalho de pesquisa empírica avalia a presença do corpo no audiovisual dentro do conceito de performance. “Dentro desta realidade, o videoclipe funciona como um novo negócio dentro da indústria musical”, explica Thiago, uma vez que o corpo do artista é visto como a principal matriz expressiva na criação do clipe, já que é através do vídeo que a existência do artista é atestada. “E tudo isso segue um padrão cinematográfico como elementos constituídos de palco, auditório, câmera, cortes”, defende Thiago em uma questão que faz o público pensar que a função do videoclipe na modernidade tem a finalidade de apresentar e massificar a imagem do artista.

Com o clipe Nothing Compare to Us, Thiago apresenta “O Valor da Lágrima”, onde a imagem da cantora Sinead O’Connor chorando durante a projeção leva à análise da lágrima em cena como um ato performático melancólico. O clipe em questão trabalha com o valor da interpretação. Já o clipe Single Ladies leva ao tema “O Valor que Tem a Força”, onde existe a imagem da diva, tão presente nas cantoras atuais. Neste caso, Thiago fala da autenticidade no ato performático através da coreografia. Tal imagem é formada pelo videoclipe e cobrada por plateias em shows, que esperam ver no palco a mesma diva do clipe. Por fim, Thiago utiliza o clipe Lotus Flower para apresentar “O Valor que tem a Liberdade”, onde a figura do líder da banda é utilizada para atrair as pessoas, seja pela performance, pela música ou até, como é o caso do vídeo de Lotus Flower, pela dança do vocalista Thom Yorke. Ao final, Thiago conclui que dentro desse universo de sons e imagens, muitas vezes o valor vai além da voz, como a dança e outros elementos e que isso é algo positivo para os trabalhos e análises deste gênero da cultura urbana. Confira abaixo a lista dos demais trabalhos apresentados no GT de Culturas urbanas desta terça-feira:

- Detonando as Fronteiras: Notas Sobre a Formação da Cena Metal na Cidade do Recife, por Amilcar Almeida Bezerra;
- Do Violão ao Pandeiro: A Construção Midiática de Beth Carvalho como Madrinha do Samba, por Kelly Cristina Martins da Cruz;
- Metal Machine Music: A “Estética do Barulho” na Música Popular Massiva, por Fabricio Lopes da Silveira;
- Pequeno Mapa do Carnaval ComFusão em Olinda, por Milena Miglino Gonzada.

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06

Intercom debate a pesquisa no Brasil, na África e na Ásia

Texto: Alan Vinícius/Foto: Poullainn Neuve

As atividades do Intercom 2011 nesta segunda-feira (5) começaram com uma mesa bastante heterogênea.  O debate “A pesquisa empírica no Brasil, na África e na Ásia” teve a presença de professores do Brasil, da Suíça e da Espanha. O debate começou com a pluralidade de culturas, passou por aspectos técnicos da pesquisa e acabou com uma análise de campanha publicitária.

A professora Raquel Paiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi a mediadora do encontro. Ela abriu os trabalhos lembrando o médico pernambucano Josué de Castro que, se estivesse vivo, completaria 103 anos exatamente nesta segunda-feira, 5 de setembro. “Queria lembrá-lo para que nunca nos esqueçamos  de que é preciso dialogar e ter o nosso território”, disse.

As diferentes realidades da prática do jornalismo ao redor do mundo foram o tema da palestra “Pesquisa empírica em comunicação em diferentes países: achados, desafios e perspectivas”, do professor Joseph Calstas, do Instituto de Imprensa e Comunicação de Genebra.

Calstas destacou que na África a força vem sendo usada para influenciar o trabalho da imprensa, enquanto que na América Latina o jornalismo vem sendo democratizado. Com muitas referências à Índia, seu país natal, o professor  destacou que os asiáticos, por natureza não são crentes. O simples ato de acreditar implicaria aceitar algo que não se conhece, e por isso seria preferível conhecer, para estabelecer juízos sobre os fatos. “O jornalista não deve acreditar porque está em livros ou tradições, mas fazer uso da liberdade e observar os fatos para aí sim publicá-los”, concluiu  Joseph Calstas.

Na sequência, a professora Maria Immacolata Lopes, da Escola de Comunicação e Artes da USP, abordou aspectos mais técnicos, na apresentação “Rupturas metodológicas na pesquisa empírica de comunicação”. Respondendo à pergunta “Quem tem medo da pesquisa empírica?”,  tema do Intercom 2011, Immacolata questionou “como ter medo se esse é o ofício do pesquisador?”. Ela ainda se mostrou contra os dualismos nas investigações, pois ideias construídas como “esse ou aquele” moldariam uma mentalidade fechada,

A professora da USP lembrou que o objeto de pesquisa deve ter uma natureza social, e que as pesquisas são uma prática reflexiva, com um conjunto de decisões em diferentes níveis e fases. O trabalho de campo, na opinião de Maria Immacolata é o coração da pesquisa, por ser uma experiência de contato com o outro. Essa etapa do trabalho deve ser encarada, na opinião da professroa como uma situação de comunicação.

As  apresentações foram concluídas pelo espanhol Carlos Collado, da Universidade de Oviedo. Sua participação no Intercom estava incluída na programação do dia 4 de setembro, mas precisou ser transferida para o dia 5. O professor discutiu as estruturas sociais de colaboração e competitividade, usando as metáforas do oceano azul, num ambiente de colaboração e do oceano vermelho, quando a competitividade é predominante. Collado ilustrou as ideias com o caso da competição entre produtores de vinho que tentam entrar em mercados fechados a este tipo de produto e as estratégias desenvolvidas nas campanhas publicitárias.

set
06

Intercom oferece minicurso sobre a crônica esportiva

Texto: Rafael Sabóia

Os fãs do jornalismo esportivo puderam aproveitar na manhã desta terça-feira(6),  último dia do XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom 2011, a experiência do professor da Universidade Católica de Pernambuco, o jornalista Álvaro Filho, para trocarem experiências com ele sobre a reinvenção da crônica esportiva no jornalismo impresso, através do minicurso Reinventando a Crônica Esportiva.

Em pauta, a discussão da crônica esportiva em três pontos: “Revisitando o futebol”; “Revisitando o jornalismo” e “Revisitando o texto e a cobertura”. Também foi discutida a questão: Por que é necessária uma mudança na crônica esportiva impressa?

“O principal objetivo do minicurso é o de formatação de uma nova prática no mercado de esportes. A principal ideia nossa aqui é a de que possamos absorver os elementos da crônica que já existe e que possamos também acrescentar novos conhecimentos a respeito de como fazer uma boa análise do jornalismo esportivo. Daí o nome do minicurso, Reinvenção da crônica esportiva”, disse o professor Álvaro Filho.

O foco principal das análises feitas durante o minicurso é o de rever o que está sendo trabalhado no jornalismo impresso na crônica esportiva e, em cima disso, fazer uma renovação do que se está trabalhando atualmente neste ramo. “Nos últimos períodos a imprensa escrita vem passando por uma crise. Os comentários são que o jornal impresso vai acabar, porém creio que a crise não se estabelece somente por conta do jornal no papel, mas pela maneira como o jornalismo impresso, especialmente no que diz respeito ao jornalismo esportivo, tem sido praticado ultimamente. O jornal impresso  ainda não percebeu que ele tem que ter uma nova função nos meios de comunicação. Ele deve reencontrar um novo espaço nos meios de comunicação e este espaço passa, por uma mudança no texto, no enfoque da notícia. Minha ideia aqui é provocar os futuros novos cronistas esportivos a elaborarem seus textos com enfoques mais reflexivos e que possam ajudar o jornal impresso a continuar uma longa história de credibilidade”, completa Álvaro Filho.

A opinião de quem fez a oficina

O que os alunos que estão participando das oficinas e minicursos oferecidos pelo Intercom estão achando também é de extrema importância para a organização do evento. E é por isso que a equipe do Boletim Unicap perguntou a alguns dos alunos que participaram do minicurso ministrado pelo professor Álvaro Filho porque eles escolheram fazer aquele minicurso especificamente e quais as suas principais expectativas.

“Futebol, para mim, é uma paixão. Aí está o principal motivo para que eu tenha me interessado em participar deste minicurso. Espero sair deste minicurso com conhecimentos de como posso fazer uma boa crônica, diferenciada das que já temos atualmente. Que eu possa ter uma identidade própria ao escrever meus textos, e que eu possa abranger um bom conteúdo do futebol”, disse Marlon Diego, estudante de Jornalismo da UFPE.

“Eu optei por este minicurso, pois o tema Esportes sempre foi interessante para mim. A influência de meu pai, desde criança, também ajudou na minha decisão de quem sabe optar por fazer jornalismo esportivo. Eu sempre gostei de esportes, em especial, o futebol. Espero que após essa oficina, eu possa adquirir novas experiências a respeito de como fazer uma boa crônica esportiva e poder construir uma nova visão crítica sobre o esporte, seja no futebol ou em qualquer outra modalidade”, disse Cláudia Ferreira, também estudante de Jornalismo da UFPE.

set
06

Grupo de Pesquisa aborda vínculo entre Mídia, Cultura e Tecnologia

Texto: Thiago Neres / Fotos: Gabi Vitória

O último dia do XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação -  Intercom 2011 continuou trazendo grupos de pesquisas com temáticas diversas e relevantes para o contexto da comunicação em geral. No auditório do bloco G4 da Universidade Católica de Pernambuco, por exemplo, foram apresentados oito artigos vinculados ao GP Mídia, Cultura e Tecnologias Digitais na América Latina.

O pesquisador Rodrigo Eduardo Botelho, da USP, apresentou uma pesquisa sobre idosos e internet, abordando a inclusão digital para as pessoas acima dos 60 anos. O estudo é fruto de um levantamento feito pelo Núcleo de Apoio à Pesquisa Escola do Futuro. Foi realizada uma amostragem e, das 9.023 pessoas que utilizam o programa AcessaSP, que oferece postos de acesso à internet, constatou-se que 1% eram idosos.

“A partir daí, começamos a investigar como ocorre essa interação com a internet e descobrimos alguns dados interessantes”, afirmou. Os resultados da pesquisa referentes ao ano de 2009 mostraram que 56% desses indivíduos não possuem computador em casa. Outros 39% acessam a internet do domicílio. Os conteúdos mais acessados dizem respeito a cuidados com a saúde (67%), serviços financeiros (48%) e treinamento e educação (16%). Observou-se, ainda, um crescimento na utilização de redes sociais como o Orkut e o YouTube. “A terceira idade está entrando cada vez mais no meio digital e isso está proporcionando um aumento na qualidade de vida deles”, defendeu Rodrigo Eduardo Botelho.

Outro artigo, da pesquisadora Vivianne Lindsay, mestranda do curso de pós-graduação em comunicação da Unesp, também foi alvo de discussões e debates durante o GP. Ela decidiu investigar como os ministérios estão lidando com a questão da multiprogramação, considerada um dos recursos mais revolucionários que a televisão digital deve implementar. A metodologia adotada foi simples: ela buscou o termo “multiprogramação” nos sites do Governo, como o Ministério da Comunicação e o Ministério da Cultura. Em seguida, analisou as notícias dos portais.

A pesquisa revelou questões preocupantes. “Primeiro, há uma certa divergência de opiniões quanto ao uso da multiprogramação na televisão digital. Diferentes entidades do Governo portam-se de maneiras diferentes quanto ao assunto. O mais grave é que desde março de 2010 não existe registro de notícias ou matérias nos sites buscados. A discussão simplesmente estagnou”, alertou Vivianne Lindsay.

As redes sociais, que permanecem em crescimento constante no país, não ficaram de fora. A mestranda em comunicação pela Unesp Karol Natasha Lourenço apresentou o artigo Sociedade informacional: a representação do sujeito nas redes sociais. De acordo com ela, verifica-se uma certa perda de intimidade e necessidade de exibicionismo para a construção de um “eu digital”.

A pesquisadora buscou apoio em filósofos como Platão para falar dos conceitos e ideias sobre indivíduo, real, virtual e atual. “Nas redes sociais, a gente coloca a melhor foto, falamos o que queremos, temos tempo para pensar e projetar uma imagem fabricada, visível e capaz de se vender”, explicou.

set
06

Intercom discute Jornalismo esportivo na era digital

Texto: Diego Ximenes/Foto: Luana Martins

Na manhã do último dia do XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom 2011, a oficina de Jornalismo esportivo na era digital reuniu estudantes de várias regiões do Brasil na sala 001 do bloco G. Ministrada pelo jornalista do Blog do Torcedor Breno Pires, a oficina mostrou como a convergência midiática funciona tanto na teoria como na prática. Além disso, serviu para evidenciar como um trabalho de interação conduz a informação de maneira correta, rápida e dinâmica.

Logo no início da explanação, o blogueiro mostrou a grandeza do mercado da indústria digital e os benefícios de trabalhar com uma atividade que engloba vídeo, texto e opinião.  Uma das características desse meio mais abordadas na oficina foi o imediatismo, que é a forma na qual a internet mais se diferencia do jornal. “O imediatismo  virou uma exigência nesse setor. Uma coisa publicada pela manhã pode já ficar velha à tarde. Como os leitores sempre estão acessando, a atualização contínua permite que o leitor fique sempre antenado”, ressaltou Breno Pires.

Para completar a oficina, os alunos receberam a visita surpresa do ex-jogador e ídolo da torcida do Náutico, Kuki. Ele participou de uma entrevista com os estudantes, na qual revelou curiosidades sobre sua passagem de dez anos pelo time e como está sua atuação como auxiliar técnico do atual treinador da equipe, Waldemar Lemos. Todas as informações foram publicadas intantâneamente em um blog na internet, pelos próprios estudantes.

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