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Intercom debate a pesquisa no Brasil, na África e na Ásia

Texto: Alan Vinícius/Foto: Poullainn Neuve

As atividades do Intercom 2011 nesta segunda-feira (5) começaram com uma mesa bastante heterogênea.  O debate “A pesquisa empírica no Brasil, na África e na Ásia” teve a presença de professores do Brasil, da Suíça e da Espanha. O debate começou com a pluralidade de culturas, passou por aspectos técnicos da pesquisa e acabou com uma análise de campanha publicitária.

A professora Raquel Paiva, da Universidade Federal do Rio de Janeiro, foi a mediadora do encontro. Ela abriu os trabalhos lembrando o médico pernambucano Josué de Castro que, se estivesse vivo, completaria 103 anos exatamente nesta segunda-feira, 5 de setembro. “Queria lembrá-lo para que nunca nos esqueçamos  de que é preciso dialogar e ter o nosso território”, disse.

As diferentes realidades da prática do jornalismo ao redor do mundo foram o tema da palestra “Pesquisa empírica em comunicação em diferentes países: achados, desafios e perspectivas”, do professor Joseph Calstas, do Instituto de Imprensa e Comunicação de Genebra.

Calstas destacou que na África a força vem sendo usada para influenciar o trabalho da imprensa, enquanto que na América Latina o jornalismo vem sendo democratizado. Com muitas referências à Índia, seu país natal, o professor  destacou que os asiáticos, por natureza não são crentes. O simples ato de acreditar implicaria aceitar algo que não se conhece, e por isso seria preferível conhecer, para estabelecer juízos sobre os fatos. “O jornalista não deve acreditar porque está em livros ou tradições, mas fazer uso da liberdade e observar os fatos para aí sim publicá-los”, concluiu  Joseph Calstas.

Na sequência, a professora Maria Immacolata Lopes, da Escola de Comunicação e Artes da USP, abordou aspectos mais técnicos, na apresentação “Rupturas metodológicas na pesquisa empírica de comunicação”. Respondendo à pergunta “Quem tem medo da pesquisa empírica?”,  tema do Intercom 2011, Immacolata questionou “como ter medo se esse é o ofício do pesquisador?”. Ela ainda se mostrou contra os dualismos nas investigações, pois ideias construídas como “esse ou aquele” moldariam uma mentalidade fechada,

A professora da USP lembrou que o objeto de pesquisa deve ter uma natureza social, e que as pesquisas são uma prática reflexiva, com um conjunto de decisões em diferentes níveis e fases. O trabalho de campo, na opinião de Maria Immacolata é o coração da pesquisa, por ser uma experiência de contato com o outro. Essa etapa do trabalho deve ser encarada, na opinião da professroa como uma situação de comunicação.

As  apresentações foram concluídas pelo espanhol Carlos Collado, da Universidade de Oviedo. Sua participação no Intercom estava incluída na programação do dia 4 de setembro, mas precisou ser transferida para o dia 5. O professor discutiu as estruturas sociais de colaboração e competitividade, usando as metáforas do oceano azul, num ambiente de colaboração e do oceano vermelho, quando a competitividade é predominante. Collado ilustrou as ideias com o caso da competição entre produtores de vinho que tentam entrar em mercados fechados a este tipo de produto e as estratégias desenvolvidas nas campanhas publicitárias.

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