Por Priscila Miranda

Desde o seu surgimento, a imprensa brasileira fez  importantes parcerias com a literatura. Algumas delas, como o caso dos suplementos literários nos jornais de Pernambuco no início do século 20 até a década de 1950, foram pesquisadas e apresentadas na tarde desta segunda-feira (5) no Intercom Júnior.

Com o tema É tempo de prosa: pensamentos políticos e ideológicos nos suplementos literários da imprensa recifense na primeira metade do século 20 o aluno da Universidade Católica de Pernambuco, Tércio Amaral, mostrou o resultado de mais de dois anos de pesquisa, sob a orientação de sua professora e Pró-reitora acadêmica da Unicap, Aline Grego, no Programa de Iniciação Científica (Pibic).

Tércio, que é ex-estagiário da Assecom e atualmente faz estágio no Diario de Pernambuco, contou que fez um levantamento bibliográfico e identificou antigos suplementos literários que circularam nos jornais do Recife . Os jornais analisados foram o Jornal do Commercio, Diario de Pernambuco, O Estado e A Folha do Povo. “Nesse período, esses jornais muitas vezes não podiam publicar matérias factuais, então eles ampliaram os debates ideológicos dentro das páginas que deveriam ser dedicadas às questões literárias”, disse. Segunda Guerra Mundial, comunismo, monarquia eram assuntos comuns discutidos nos suplementos literários, cada um com sua visão política demonstrada nos textos.

Mas nem só de política viviam os suplementos. Eles também revelaram muitos escritores hoje consagrados. Manuel Bandeira, Mario Quintana, Gilberto Freyre, Ariano Suassuna, Graça Aranha e Carlos Drummond de Andrade são alguns artistas renomados que escreveram nos cadernos dos jornais pesquisados por Tércio. “O suplemento do Diario, por exemplo, publicou muito conteúdo desses escritores, mas a consolidação veio a partir das edições que Mauro Mota assumiu.”

O estudante fez suas considerações a respeito da pesquisa e falou do espaço conquistado pelos suplementos feitos no século passado para a criação do jornalismo opinativo. “Os jornais recifenses são testemunhas das diversas opiniões políticas existentes.”