Texto: Alan Vinícius

Fotos: Tassiara Camarotti

Uma homenagem ao pesquisador olindense Luiz Beltrão marcou o começo das atividades no último dia do Intercom 2011. Uma jornada autoral reuniu professores que conviveram ou estudaram o pernambucano, que há 50 anos criou o curso de Jornalismo da Universidade católica de Pernambuco.

O encontro foi uma oportunidade para os estudantes conhecerem autores que normalmente são referência nos estudos sobre comunicação. A mesa coordenada pela professora Tassiara Camatti, da Universidade de caxias do Sul tinha ainda a presença de José Marques de Mello, da universidade Metodista de São Paulo, Luiz Maranhão, da Faculdade Maurício de Nassau, Alfredo Vizeu, da UFPE e Juliano Domingues, da Unicap.

José Marques de Mello lembrou que Beltrão foi um pioneiro da comunicação no Brasil, sendo o primeiro doutor nessa área, na pela universidade de Brasília. Ele analisou a vida de Luiz Beltrão como jornalista, como professor e como pesquisador.

Antes de se dedicar à vida acadêmica Beltrão foi repórter, e uma de suas obras foi o livro Itinerário da China, escrito a partir de uma série de reportagens, Por causa dessa obra, o autor passou a ser considerado pelos militares um agente chinês no Brasil.

Na área da docência, Beltrão escreveu Pedagogia do Jornalismo, onde compartilha com o país inteiro um modelo de ensino que vinha sendo aplicado na Universidade Católica de Pernambuco nos primeiros anos do curso de jornalismo. Os trabalhos dentro desta universidade também tiveram grande influencia na vertente da pesquisa, com estudos sobre populações indígenas e a recepção das notícias nos meios populares, entre outros trabalhos.

Luiz Maranhão, falou da convivência com o Beltrão jornalista, que segundo ele era bonachão, irreverente e irônico. Maranhão teve os primeiros contatos com Beltrão aos 14 anos, numa época em que não havia cursos de jornalismo, e os jovens que desejassem seguir essa carreira iam desde cedo observar os trabalhos nas redações dos jornais.

O público ouviu diversas histórias sobre a vida de Beltrão na redação dos jornais pernambucanos. Entre elas o fato de adotar um pseudônimo e escrever um artigo em oposição a outro publicado no periódico para fazer valer o princípio jornalístico de ouvir os dois lados de uma história.

Alfredo Vizeu destacou que Pernambuco deveria dar mais valor à obra de Luiz Beltrão. Segundo Vizeu, quanto mais complexa é uma sociedade, mas necessário se torna o jornalismo, e Beltrão foi um pioneiro nos estudos sobre essa área, que deve ser encarada como um campo do conhecimento, da mesma forma que a filosofia, o direito, e outros temas.

O professor Juliano Domingues se disse represetando os funcionários de uma universidade onde Beltrão fundou o curso de Jornalismo (Unicap), e lembrou que esse cientista da comunicação não tinha medo da pesquisa empírica, pergunta que foi tema do Intercom deste ano.

Durante a rodada de perguntas, Alfredo Vizeu ressaltou a participação de leitores cada vez mais presente nos jornais. Ele não considera esses atos como jornalismo propriamente dito, mas formas de comunicação, e ainda considerou a pluralidade de opiniões uma estratégia contra a imparcialidade.

Numa outra pergunta sobre a existência de outros nomes tão marcantes na pesquisa em comunicação como foi Luiz Beltrão, Alfredo Vizeu disse que é preciso divulgar mais os trabalhos feitos no Brasil, e a Intercom tem uma grande importância nesse aspecto.

Juliano Domingues frisou que ele é hoje repórter de uma emissora de TV e ao mesmo realiza pesquisas acadêmicas, que só trazem benefício às suas reportagens. O professor da Unicap disse ainda que às veze só mercado pode não reconhecer esse esforço acadêmico dos jornalistas, mas mesmo nesses casos o profissional deve buscar compreender melhor as teorias da comunicação e realizar atividades mais reflexivas.