Por Luana Pimentel
Na tarde deste domingo (4), o XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom 2011 deu início a uma série de homenagens ao centenário de Marshall McLuhan, um teórico que contribuiu – e muito – para a comunicação. Três mesas serão destinadas ao estudo de suas teorias, entre elas a mesa-redonda McLuhan: o legado teórico que aconteceu no auditório G1 da Universidade Católica de Pernambuco. Sob a mediação do professor da Universidade Federal do Espírito Santo, Edgard Rebouças, foram convidados os professores Oumar Kane, da L’Université du Québec à Montréal (UQAM), no Canadá, e Filomena Bonfim, da Universidade Federal de São João del Rei.
Entre as contribuições de McLuhan, está a teoria da aldeia global, na qual as comunidades estariam conectadas através dos meios de comunicação de massa ( a sua época, o rádio e a televisão). O ser humano passa a ser receptor instantâneo de fatos ocorridos no mundo, criando uma identidade coletiva entre eles. Hoje, com a internet, os efeitos previstos pelo teórico se comprovam. No entanto, nem sempre ele foi bem aceito. Pelo contrário. Muitos o criticaram.
De acordo com Rebouças, ao longo dos anos 70 e início dos 80, McLuhan foi “relegado ao esquecimento”, porque acreditava-se que suas obras não tinham cunho científico nem rigor metodológico e eram meras explicações filosóficas e poéticas. “Felizmente, com o resgate do conceito da globalização nos anos 90, percebeu-se a importância daquilo que McLuhan chamava de galáxia comunicacional em que todos os seres interagem por conta das tecnologias, sem esquecer o lado humano e de conteúdo”, afirmou.
A professora Filomena apresentou o trabalho Ode à transdisciplinaridade, partindo do preceito de que a comunicação é uma ciência inter, multi e transdisciplinar. Baseando-se na teoria das tétrades de McLuhan, de que todas as realizações humanas exibem quatro instâncias de análise: recuperação, extensão, obsolescência e reversão, ela afirmou: “Mc Luhan fortalecia o poder do imagético e defendia a ideia de que o aprendizado não se faz apenas através do livro, mas também das imagens. Para compreender a interdisciplinaridade no campo da comunicação social, ela optou por traçar um panorama da vida de McLuhan enquanto educador.
“É justamente no cruzar das áreas de conhecimento que a comunicação acontece”, afirmou a acadêmica com base na teoria de Ivani Fazenda sobre interdisciplinaridade. De acordo com Filomena, McLuhan era professor e preocupava-se que a mensagem chegasse aos alunos que, naquela época, já não gostavam de ler. A maneira que ele descobriu para conseguir o objetivo do aprendizado era trabalhando com textos curtos, como os publicitários que ele costumava ver nas ruas.
Com o advento da internet, os jornalistas não precisam se basear apenas nas fontes primárias de informação, mas também nas secundárias e terciárias. “No entanto, não se deve dispensar as formas tradicionais. O contato com o entrevistado é indispensável”, acredita Filomena. O canadense Oumar Kane compartilha das mesmas ideias. Em sua apresentação, além de citar as críticas que eram feitas a McLuhan, entre as quais, a mais evidente foi a da falta de cientificidade, Kane também falou dos pesquisadores que influenciaram no resultado da obra de McLuhan. Foram eles: Lewis Mumford, Siegfried Giedion, Eric Havelock e o mais conhecido deles, Harold Innis.