«

»

set
04

Mesa-redonda discute tendências e problemáticas do mercado jornalístico do Nordeste

Texto: Thiago Neres/Fotos: Gabriela Vitória

O XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom 2011, que está sendo realizado na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), reservou um espaço, na programação das atividades deste domingo (04), para analisar e discutir a profissão do jornalismo através de uma perspectiva regional. Pela manhã, o auditório G1 sediou o painel Mercado Jornalístico Regional: em foco o Nordeste.

A mesa-redonda foi moderada por Sinval Leão, diretor da Revista Imprensa, e teve a participação de representantes de veículos de comunicação e da academia:

- Adísia de Sá, ombudsman do jornal O Povo (CE) e colunista da Revista Imprensa;
- Ivanildo Sampaio, diretor de redação do Jornal do Commercio (PE);
- Henrique Barbosa, editor geral da Folha de Pernambuco;
- Vandeck Santiago, repórter especial do Diario de Pernambuco;
- Ricardo Melo, professor da Unicap.

Sinval abriu as discussões lembrando que, mesmo vivendo em um mundo globalizado, a regionalidade não perdeu sua importância no exercício da profissão. “De uma coisa temos certeza. A tecnologia e a web provocaram um efeito tsunami nas redações jornalísticas. A mídia se alterou de uma forma revolucionária, como não acontecia desde o surgimento da prensa de Gutenberg”, afirmou.

Para entender como Pernambuco está lidando com os novos desafios advindos dessas transformações na forma de se comunicar, cada participante teve quinze minutos para explorar temas diversos dentro do jornalismo. Ao fim das explanações, eles responderam as perguntas do público. O painel foi transmitido ao vivo pela internet, via streaming.

A jornalista e professora Adísia de Sá revelou que, em 81 anos de vida, trabalhou em jornal, televisão, rádio, revista e outros meios. Ela criticou a falta do hábito de leitura e traçou um panorama da situação dos jornais impressos em Fortaleza. “Juntas, as três principais publicações possuem uma tiragem de aproximadamente 50 mil exemplares, para uma população de oito milhões de habitantes. Não trago respostas para esse fenômeno e sim minha inquietação para provocar nosso debate”, declarou.

Ivanildo Sampaio, do Jornal do Commercio: "A internet tem sido nossa aliada, mas temos que saber utilizá-la"

Ivanildo Sampaio lembrou que o Jornal do Brasil introduziu, nos anos 50, o formato americano de lead e sublead. “O mercado regional foi mudando com a universalização da informação e precisamos rever a prática de escrever reportagens”, comentou. O diretor de redação do Jornal do Commercio despertou polêmica ao criticar a última década do jornalismo baiano.

Responsável pelo conteúdo editorial da Folha de Pernambuco, o jornalista Henrique Barbosa abordou a dificuldade em realizar convergência e troca de informações entre mídias. E adiantou uma novidade: “A Folha vai inaugurar um novo portal em outubro ou novembro deste ano. Antes disso, vamos lançar blogs no site”, revelou.

Vandeck Santiago, jornalista do Diario de Pernambuco: "Não tenho dúvidas de que estamos escrevendo a história da reportagem regional"

O repórter especial do Diario de Pernambuco Vandeck Santiago destacou que “em Pernambuco estamos escrevendo o capítulo regional da história da reportagem brasileira”, referindo-se às reportagens especiais produzidas pelo Diario de Pernambuco e do Jornal do Commercio. Mostrou também uma cronologia básica da reportagem brasileira, começando por Euclides da Cunha em Canudos (em 1897, quando ele mandava as matérias para o Estado de S. Paulo), passando por João do Rio (1900 a 1920), seguindo até as revistas O Cruzeiro e Realidade e Jornal da Tarde e chegando aos dias de hoje (do lançamento do Caderno Brasil da Folha de São Paulo, em 1991, até agora). Disse, ainda, que não se vê nessa cronologia consensual a reportagem feita nas regiões, só a dos veículos do eixo Rio-SP. E defendeu a tese de que os especiais do Diario de Pernambuco e Jornal do Commercio são “o capítulo regional da história da reportagem brasileira”.

Ao defender a tese de que temos aqui um capítulo regional da reportagem, Vandeck elencou dez razões que justificariam isso. Entre elas “a produção sistemática” de matérias especiais, as “condições de trabalho” (repórteres deslocados para dedicação exclusiva à matéria) e de publicação, e o “reconhecimento nacional” (por meio da conquista dos principais prêmios do país. De 2004 até agora, por exemplo, DP e JC já ganharam 18 prêmios Esso e Embratel, os mais importantes do Brasil).

O professor Ricardo Melo finalizou as discussões ao refletir sobre o sistema de radiodifusão pública que, por determinação legal, necessita de produção local. Ele ainda observou que a academia precisa estar aberta ao debate e às mudanças que ocorrem fora dela, para manter uma grade curricular atualizada e coerente.

1 comentário

  1. Vandeck Santiagodisse:

    Amigos, parabéns pelo evento e pela cobertura. Sobre minha participação, preciso acrescentar três pontos:

    1) Eu disse que “em Pernambuco estamos escrevendo o capítulo regional da história da reportagem brasileira”, referindo-se às reportagens especiais do Diario de Pernambuco e do Jornal do Commercio. Eu NÃO disse que estávamos “escrevendo a história da reportagem regional”

    2) Mostrei uma cronologia básica da reportagem brasileira, começando por Euclides da Cunha em Canudos (em 1897, quando ele mandava as matérias para o Estado de S. Paulo), passando por João do Rio (1900 a 1920), seguindo até as revistas O Cruzeiro e Realidade e Jornal da Tarde e chegando aos dias de hoje (do lançamento do Caderno Brasil da FSP, em 1991, até agora). Disse que não se vê nessa cronologia consensual a reportagem feita nas regiões, só a dos veículos do eixo Rio-SP. E aí defendi a tese de que os especiais do Diario de Pernambuco e Jornal do Commercio são “o capítulo regional da história da reportagem brasileira”

    3) Ao defender a tese de que temos aqui um capítulo regional da reportagem, elenquei dez razões que justificariam isso. Entre elas “a produção sistemática” de matérias especiais, as condições de trabalho (repórteres deslocados para dedicação exclusiva à matéria) e de publicação, e o “reconhecimento nacional” (por meio da conquista dos principais prêmios do país. De 2004 até agora, por exemplo, DP e JC já ganharam 18 prêmios Esso e Embratel, os mais importantes do Brasil).

    Enfim, como sei que muitas pessoas, no Brasil inteiro, só vão tomar conhecimento da palestra via a cobertura de vocês, julguei importante deixar estes esclarecimentos.

    Abraços,
    Vandeck Santiago

Deixe uma resposta

Seu e-mail não será publicado.