set
06

Congressistas elogiam trabalho dos voluntários

Por: Maiara Melo// Foto: Marina Maranhão e Daniel Paza

Estudantes, professores e profissionais do meio da comunicação social fazem parte do voluntariado que está na organização do XXXIV Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom 2011, sediado pela Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Eles receberam e apoiaram os congressistas e todos os participantes do evento.

Felipe Casado é professor de português da Universidade Católica de Pernambuco e se voluntariou para o Intercom, exercendo a função de ajudante de coordenação do Intercom Júnior, junto ao também professor da Unicap Juliano Domingues. “O lado bom de ser voluntário é a experiência que tiramos. É ótimo para o currículo e é ótimo para o aprendizado”, afirmou.

Felipe Casado

Juliana Torezani

Juliana Torezani veio representando a Faculdade do Sul (Itabuna – BA) e a Universidade Estadual de Santa Cruz (Ilhéus – BA), como palestrante. “O evento está excelente, toda a organização, estrutura do lugar, a receptividade da comissão organizadora e os trabalhos muito bem selecionados”, disse a congressista. “A Unicap e a Intercom estão de parabéns pelo evento”, completou.

Representando a Universidade de Federal do Ceará, a estudante de jornalismo Chloé Leurquim também elogiou a organização. “Eu vim de Fortaleza e fiquei impressionada, fui superbem recebida, o Intercom está muito bem organizado. Muito bacana mesmo”, afirmou.

set
06

Emoção e valorização da pesquisa em comunicação marcam entrega do Prêmio Luiz Beltrão 2011

Texto: Tiago Cisneiros / Fotos: Marina Maranhão

Uma noite para entrar na história. Na história do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom, dos pesquisadores da área, das entidades que se dedicam a ela e da Universidade Católica de Pernambuco. Foi assim a cerimônia de entrega do Prêmio Luiz Beltrão 2011, realizada nesta segunda-feira (5), das 20h às 22h, no auditório G2 da Unicap. O evento, que acontece há 14 anos, dentro da programação do Intercom, marca o reconhecimento das pessoas e instituições que se destacaram no campo dos estudos da comunicação. Nesta edição, os vencedores das categorias Maturidade Acadêmica e Liderança Emergente foram, respectivamente, o pernambucano Luiz Maranhão Filho e o paulista Eugênio Bucci. A Rede Folkcom foi escolhida como Grupo Inovador, e o Programa de Pós-Graduação em Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), como Instituição Paradigmática.

Marcelo Pires

Como membro da mesa do evento, o presidente do Intercom, Antônio Hohlfeldt, tratou de deixar claro por que a noite e a edição deste ano eram tão especiais. Lembrou que, pela primeira (e, por um bom tempo, única) vez, o congresso está sendo realizado na “casa de Luiz Beltrão”, a Universidade Católica de Pernambuco, cujo curso de Jornalismo foi fundado pelo pesquisador, há 50 anos. Hohlfeldt mencionou, ainda, que a instituição foi o berço de outros grandes nomes da pesquisa em comunicação, como Roberto Benjamim, Gaudêncio Torquatto (homenageado do Intercom 2011) e José Marques de Melo. Este último também compôs a mesa da cerimônia, como criador e presidente de honra da Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação e ex-estudante da primeira turma de jornalismo da Unicap.

Após a exibição de um vídeo de apresentação do Prêmio Luiz Beltrão, que foi instituído em 1998, na comemoração dos 20 anos de Intercom, o presidente da Rede Folkcom, Marcelo Pires, foi convidado a receber a placa alusiva à escolha como Grupo Inovador. No discurso, ele afirmou que a premiação é importante para indicar que o caminho dos trabalhos da rede está correto e, ao mesmo tempo, para incentivar o desbravamento de novas vias. A Rede Folkcom dedica-se, segundo Pires, a estudar a Folkcomunicação, considerada uma teoria genuinamente brasileira da comunicação, postulada pelo próprio Luiz Beltrão, em sua tese de doutorado, em 1967. O seu objeto de análise é o “processo de comunicação que existe nas manifestações de cultura popular ou advindo disso”, conforme explicou o presidente da entidade.

Para Pires, a conquista do Prêmio Luiz Beltrão traz, além de um reconhecimento às pesquisas desenvolvidas pelos pioneiros no estudo da Folkcomunicação e pela Rede Folkcom desde 2002, a responsabilidade de honrá-lo e a oportunidade de divulgação. “Nós trabalhamos com uma teoria de comunicação brasileira, que ainda não é muito abordada nas escolas da área no país. Esta vitória torna a nossa atuação pública, e nós precisamos aproveitar para estimular a inclusão da folkcomunicação nos currículos”, afirmou.

Maurício Lissovsky

O segundo prêmio da noite foi para a UFRJ, que, neste ano, obteve a primeira nota 6 entre os cursos de pós-graduação de comunicação brasileiros, na avaliação trienal da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Graças à conquista inédita, a instituição levou, também, o primeiro lugar na categoria Instituição Paradigmática do Prêmio Luiz Beltrão. O coordenador do Programa de Pós-Graduação em Comunicação, Maurício Lissovsky, ressaltou a importância da manutenção dos pilares “vigor teórico” e “produção teórica” ao longo dos 39 anos de curso e da tentativa de diálogo com outras disciplinas, como literatura, psicologia e história.

De acordo com Lissovsky, o recente sucesso do programa deve-se, em grande medida, à renovação estabelecida há pouco mais de oito anos, pela então coordenadora, Raquel Paiva (eleita nova diretora científica do Intercom). Ele disse, ainda, que o Prêmio Luiz Beltrão 2011 não foi recebido como uma conquista pessoal ou institucional, já que, como sinaliza o próprio nome da categoria, “o mérito do paradigma não está no que ele é, mas no que ele permite ver”. Mantendo o raciocínio, o professor afirmou esperar que, diante do exemplo dado pela UFRJ, outras escolas de comunicação possam encontrar o caminho para a obtenção de notas de excelência (6 e 7, na escala do Capes). “Se há uma vantagem em ser paradigma, não tem a ver com liderança, mas, sim, com a certeza de que jamais estaremos sozinhos.”

Entregues as premiações nas categorias institucionais, foi a vez de o professor e pesquisador Eugênio Bucci, 52 anos, subir ao palco do auditório para receber a placa alusiva ao título de Liderança Emergente. Ele também foi agraciado com uma passagem para Buenos Aires, capital da Argentina, oferecida pelo Globo Universidade, parceira no evento. Segundo Bucci, a notícia de que havia sido escolhido foi surpreendente, devido ao pouco tempo de dedicação ao ensino universitário. “Comecei a dar aula há dois anos somente, não formei sequer um mestre ainda”, contou. Depois, disse, começou a pensar que o tributo representasse a valorização das ideias que formulou ou ajudou a disseminar, sobretudo em relação à ética no jornalismo, à responsabilidade na comunicação pública e aos estudos da televisão. “Vivo um período em que me vejo colhendo alguns frutos (que é como aceito este prêmio), embora não tenha perdido o gosto pela semeadura”, afirmou, para, depois, declarar a sua paixão pela missão de educar, ou melhor, de “escrever, informar e formar”. Para Bucci, o Prêmio Luiz Beltrão 2011 é um marco na sua carreira acadêmica, porque, além de representar uma distinção entre os pares, reforça a responsabilidade de corresponder à expectativa e à homenagem.

Eugênio Bucci

No discurso, o pesquisador revelou sua satisfação por constatar mudanças no campo da comunicação em nome das quais sempre lutou. A primeira delas é a valorização do profissional de jornalismo, inclusive por empresas e instituições privadas. Outro destaque foi para o aumento das discussões quanto à ética. “Este debate está ganhando espaço. Se a mídia tem assimetrias e distorções, a sociedade passa a ter mais noções para cobrar”, disse. Mais adiante, classificou o direito à informação e a liberdade de imprensa como os principais direitos humanos para quem se dedica à área da comunicação e lembrou que o papel da imprensa é “revelar o que o poder quer esconder”.

A fala de Bucci foi sucedida pela exibição de um vídeo produzido por professores de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco, em tributo a Luiz Maranhão Filho, vencedor do Prêmio Luiz Beltrão 2011 na categoria Maturidade Acadêmica. Na peça, há depoimentos de Valdir Oliveira, diretor de programas da TV Universitária; José Mário Austregésilo, professor da Universidade Federal de Pernambuco; e Cléo Nicéas, presidente da Associação de Empresas de Rádio e Televisão de Pernambuco (Asserpe). O destaque, no entanto, fica para a neta do homenageado, Marina Maranhão, aluna do curso de Jornalismo e estagiária da Assessoria de Comunicação (Assecom) da Unicap.

Luiz Maranhão Filho

Ao término do vídeo, todos os espectadores e participantes da cerimônia levantaram-se para aplaudir a entrega da placa comemorativa ao pernambucano Luiz Maranhão Filho, que, aliás, tem “Beltrão” como segundo nome. Esta foi uma das semelhanças que ele logo tratou de mencionar, esbanjando bom humor, no início do discurso de agradecimento. A outra foi que ambos pertenciam a famílias tradicionais do estado, “que deixarem herdeiros sem dinheiro”. Ao longo de sua fala, Maranhão evidenciou a sua admiração por Luiz Beltrão, com quem trabalhou nos seus primeiros anos de jornalismo, no extinto jornal Folha da Manhã. “Fui ‘foca’ (jargão da área, que significa “repórter iniciante”) dele, num tempo muito gostoso”, lembrou. Depois da experiência no impresso, a dupla voltou a se encontrar na produção do programa de rádio “Presença”, então apresentado pelo Padre Aloísio Mosca, ex-Reitor da Universidade Católica de Pernambuco e co-fundador do seu curso de Jornalismo, em 1951.

Para Luiz Maranhão Filho, a conquista do prêmio de Maturidade Acadêmica não significa o fim da sua carreira, previsto para 2012, quando completará 80 anos de idade e 63 de trabalho. Representa, sim, uma das suas maiores alegrias profissionais (junto ao Prêmio Roquette Pinto, obtido em 1988) e o reconhecimento de que as pesquisas em comunicação são tão relevantes quanto o exercício cotidiano. “Sem teoria, não é possível ser jornalista. Sem a prática, também não”, disse, em entrevista à Assecom Unicap, sublinhando a importância de resgatar as lições e a história de Luiz Beltrão, de quem se considera o segundo maior admirador (abaixo, apenas, de José Marques de Melo). No esforço de manter viva a tradição científica no estado, Maranhão pretende lançar, em breve, os livros “Raízes do Rádio” e “Os senhores do mundo”. Neste último, a sua intenção é provar que Beltrão foi pioneiro no formato “livro-reportagem”, com a publicação de obra homônima. “É o melhor retrato do Recife nos anos 1950, nas entrelinhas da ficção”, avaliou.

No encerramento do seu discurso, Maranhão usou o bom humor para fazer uma última ode a Luiz Beltrão. “Gostaria de tomar a bênção a ele, que, lá do céu, conduziu cada um [dos jurados do prêmio] a colocar o meu nome na urna. Que viva Luiz Beltrão entre nós!”, declarou, para, novamente, ser aplaudido de pé por todos os presentes.

A última parte da cerimônia consistiu na homenagem in memoriam ao jornalista Carlos Cavalcante, que faleceu no último mês de julho, aos 62 anos, vítima de enfisema pulmonar. Além de ter trabalhado em diversos veículos de comunicação do estado, Cavalcante foi presidente da Associação de Imprensa de Pernambuco (AIP) e do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco (Sinjope). A placa foi entregue por José Marques de Melo e pela Pró-reitora Acadêmica da Católica e coordenadora local do Intercom 2011, professora Aline Grego, ao vice-diretor Administrativo-financeiro da AIP, Hilton Monteiro. Após o evento, foi servido um coquetel na antessala do auditório G2.

set
06

Diálogo entre Harold Innis e McLuhan

Texto: Luana Pimentel/Foto: Marina Maranhão

Dando continuidade ao ciclo de palestras em homenagem aos 100 anos do teórico Marshall McLuhan, na tarde desta segunda-feira(5), o auditório G1 da Universidade Católica de Pernambuco foi palco da mesa-redonda Harold Innis e Mc Luhan: Diálogos Possíveis. O debate fez parte da 34ª edição do Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação – Intercom 2011.

O presidente do evento, Antônio Hohfeldt, mediou a conversa entre pesquisadores que debateram sobre as semelhanças e diferenças entre as ideias de McLuhan e Harold Innis, sendo, este último, grande influenciador da obra do primeiro, contudo, não tão reconhecido.

Os dois primeiros convidados, o professor canadense Gaetan Tremblay, da L’Université du Québec à Montréal  (UQAM), e o professor William Buxton, da Universidade de Concordia, procuraram explicar porque apenas um dos estudiosos ganhou fama e conhecimento. Concluíram que, apesar de Innis não ter se popularizado, ele foi precursor das principais teorias de McLuhan, como “o meio é a mensagem” e “aldeia global”, sendo, pois, não menos importante que o teórico que aprofundou suas ideias.

William Buxton, Gaetan Tremblay, Antônio Hohlfeldt, Octavio Islas e Luiz Martino

Enquanto Innis seguia uma linha mais econômica e histórica de raciocínio, McLuhan  se valia da pedagogia e da experiência. “Na educação, por exemplo, McLuhan acreditava que os meios de comunicação eram indispensáveis para a escola do mundo globalizado, pois ajudavam a estimular os alunos à interação e participação. Cabia ao professor, tornar as aulas prazerosas e criativas. Por outro lado, Innis já dizia que os meios de comunicação criariam padrões na escola, representando uma ameaça ao conhecimento”, explicou Gaetan.

Outra diferença entre os teóricos canadenses ressaltada por Buxton é que, enquanto Innis gostava de falar com base na textualidade, McLuhan fazia fortes críticas à cultura do livro. Ele acreditava que o conhecimento deveria ser resultado da exploração de outros sentidos, e não somente da visão. Apesar disso, eles se complementavam. “Mc Luhan é um seguidor, um continuador dos pensamentos de Innis”, disse.

Por fim, os demais palestrantes da mesa, o  professor mexicano Octavio Islas, da Universidade de Monterrey, e Luiz Martino, professor da Universidade de Brasília (UNB), se detiveram a falar de apenas um teórico. Islas afirmou que McLuhan teria contribuído para o surgimento de novas tecnologias, como o Twitter e a blogosfera.  “O Twitter do mundo moderno corresponde à metodologia de mosaico, proposta por McLuhan.” A apresentação de Islas, segundo Hohfeldt, foi “McLuhaniana”. Isso por conta do número de ferramentas utilizadas para a explicação: além do discurso da escrita e da oralidade, foi exibido um vídeo sobre McLuhan.

“Procurar os erros do Innis é praticamente bobagem”, disse Martino,  o último professor da mesa. Ele também sugere que os vieses da comunicação propostos por Innis em The Bias of Communication – o tempo e o espaço  – são medidos pelos meios de comunicação, deixando de ser produto enquanto extensão do meio. ”É mais difícil ver Innis como determinista tecnológico e é quase impossível não considerar o determinismo tecnológico na obra de McLuhan – que, por sua vez, é facilmente dispensável.”

set
05

Publicom movimenta Salão Receptivo no Intercom Unicap

A Sociedade Brasileira dos Estudos Interdisciplinares da Comunicação (Intercom) promoveu mais um Publicom. O evento é destinado aos autores e pesquisadores que desejam divulgar suas obras durante o encontro. A última edição, realizada hoje (5) à noite no Salão Receptivo da Unicap, reuniu pesquisadores de todo o país. A atividade proporcionou ao público a experiência de conhecer o que há de mais moderno na produção científica nacional.

Um dos trabalhos apresentados esta noite foi o da professora Mônica Fantin. Ela lançou o livro “Criança, cinema e educação: além do arco-íris”. A obra tem o selo da editora Anna Blume e promete dar grandes subsídios aos educadores que pretendem dinamizar suas aulas utilizando o audiovisual. “O livro é resultado de uma pesquisa e um doutorado sanduíche realizado no Brasil e Itália”, conta Mônica.

Segundo ela, o estudo foi realizado entre crianças brasileiras e italianas, na faixa etária dos oito aos 10 anos. “Gravamos algumas experiências de crianças no Brasil e mostramos na Itália. Também fizemos o mesmo com crianças de lá e exibimos aqui”. Segundo Mônica, um dos benefícios da introdução da produção audiovisual na escola é o desenvolvimento dos alunos na criação de narrativas. “Eles começam a usar também alguns temos do próprio cinema”, comenta.

O professor do curso de Jornalismo da Unicap Paulo Nunes César Fradique, que foi o responsável pela organização do Publicom este ano, afirmou que o encontro proporciona aos estudantes de comunicação o contato direto com os pesquisadores. “Eles podem adquirir o livro pelas mãos do escritor. Além disso, neste espaço pode começar os primeiros contatos numa orientação de pesquisa”, frisou.

set
05

Olga Sodré lança livro do pai no Intercom 2011

Texto: Tércio Amaral Foto: Jéssica Pimentel

Você pode até não concordar com a opinião ou o método dele. Mas, é certo, a leitura da obra “História da Imprensa no Brasil”, do historiador Nelson Werneck Sodré, é quase uma obrigação para os pesquisadores da história da comunicação no país. Na noite desta segunda-feira (5), a filha do escritor, a também historiadora Olga Sodré, relançou o clássico publicado, agora, pela Intercom em parceria com a Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (PUC-RS). O lançamento foi realizado no Salão Receptivo da Unicap durante as atividades do Publicom.

O livro é um verdadeiro presente para os amantes da história da imprensa. A obra,  que foi publicada em virtude das comemorações do centenário de nascimento do autor este ano, tem a apresentação de Olga e comentários da historiadora do Intercom a professora Marialva Carlos Barbosa.

Com uma elegância singular, a filha de Nelson Werneck conversou com o Boletim Unicap e revelou aspectos curiosos do convívio com o pai. Filha única, ela se diz a “obra-prima” do autor.

Influência do pai

Eu me formei em psicologia e filosofia, tenho doutorado nas duas áreas. Mas, meu campo de estudo é dedicado à psicologia histórica. Foi Sodré que me formou enquanto pesquisadora. Quando eu estava no 1º ano do curso de administração da Fundação Getúlio Vargas (FGV), por exemplo, já desenvolvia pesquisas em institutos nacionais. O mesmo se deu nas minhas experiências no exterior. Eu trabalhei na Unesco, na França. Fui uma das responsáveis, no começo da década de 1970, por introduzir os estudos da psicologia histórica na Sorbonne.

Rejeição da obra de Sodré por alguns pesquisadores

A partir da década de 1970 houve uma reação na academia brasileira em relação às pesquisas e o método marxista. Essa resistência no mundo intelectual se deve, sobretudo, a este pensamento. Muitas pessoas não respeitam o método utilizado por um pesquisador. O Sodré foi um grande marxista. Eu mesmo oriento trabalhos e dou a liberdade para meus alunos escolherem o marxismo. Eu não sou marxista, mas dou esta opção por acreditar que a teoria é um caminho. Cada um deve trilhar seu próprio caminho. O que importa, neste caso, é desenvolver bem o método e trazer a contribuição necessária ao mundo acadêmico. Esse percurso é independente de escolas teóricas.

Rotina de Sodré em casa

Ele vivia lendo. Meu pai foi um intelectual em tudo o que fazia. A leitura dos jornais que ele fazia é bem diferentes da minha. Ele lia, recortava, comparava a mesma notícia em diferentes publicações. Ele também era detalhista, sempre comentava o estilo dos repórteres que escreviam as matérias. Sodré fazia questão de acompanhar isto diariamente. Ao lado disso, era uma pessoa que constantemente estudava. Não estava satisfeito com o óbvio. Meu pai teve o privilégio de viajar por todo o país conhecendo diversos pensadores e arquivos históricos. Graças a este esforço foram mais de 60 livros publicados e mais de 1,3 mil crônicas em jornais. Este ano, a obra dele começa a entrar em locais que tinham uma certa resistência, como a Academia Brasileira de Imprensa (ABI). Ele ficaria muito feliz em saber que o seu trabalho não foi em vão.

História da imprensa no Brasil

Este é um livro que é considerado uma das obras-primas de Sodré. Foram 30 anos de estudos para sua publicação, em 1960. Ele foi o pioneiro na época no método que via a imprensa como um documento, um registro importante para o pesquisador. Foi nesta mesma época que os intelectuais viam os jornais como uma fonte inferior. Mas, acredito que meu pai só teve este pensamento por conta da dinâmica da época. Os intelectuais se comunicavam com mais facilidade. A minha casa era repleta de pessoas que faziam cinema, como os pioneiros do Cinema Novo. Oscar Niemeyer, Dias Gomes foram grandes amigos do meu pai.

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