HOMENAGEM AO PADRE JOSÉ

Nesses dias, durante o Encontro de Sociologia da ALAS, na UFPE, o professor da Federal Antonio Jorge Siqueira apresentou o seguinte texto sobre o padre Joseph Jules Comblin, em cerimônia que homenageou o nosso querido “Padre Zé”:

Nas trilhas de José Martí, reverenciamos aqui a pessoa do teólogo Comblin, ele, como Martí, um apóstolo da Nuestra America. No contexto histórico da segunda metade do século XX, na Bélgica, ele é ordenado padre católico, após ter feito estudos de Teologia na Universidade de Louvain. Nessa universidade teve prestigiosos professores como Lucien Cerfaux e Gustave Thils. Após defender tese de mestrado e doutorado, assume o trabalho de vigário em paróquias católicas belgas, durante oito anos, tempo suficiente para se inquietar em definitivo com o marasmo do cristianismo católico europeu: centralizador, conservador e colonialista. Na lógica de uma política neoultramontana, a Cúria Romana da época, sob a égide do pontificado de Pio XII, deflagra uma estratégia administrativa de natureza religiosa e colonialista junto ao episcopado da Europa no sentido de enviar padres para a América Latina, a joia da Coroa do catolicismo legado pelos colonizadores ibéricos. Naqueles anos, Roma se inquietava com os avanços no continente Sul da América do que chamava de comunismo ateu, protestantismo proselitista e espiritismo maléfico. Decerto, uma preocupação muito distante daquelas inquietações do Padre Comblin, cujo trabalho pastoral belga já se inspirava nas diretrizes da Juventude Operária Católica, liderada pelo seu conterrâneo, um outro José, mundialmente conhecido como padre Cardijn.

A itinerância de quem busca trilhas e caminhos novos passa a ser o diferencial de vida desse viajante, até os últimos dias de vida. Em Comblin não existem portos de partida nem aeroportos definitivos de chegada. Na sua vida, chegar a outro lugar não depende apenas de partir de algum lugar. Movido por desafios dessa natureza, ele torna-se peregrino e itinerante de Nossa América, sem se abater pelas distâncias. Afinal, elas são mais sociais do que geográficas. Tão pouco se deixa amedrontar pelos abismos autoritários de nossas elites nacionais, quase sempre legitimadas pelo conservadorismo carcomido do catolicismo clerical e de sacristia, como aquele que irrompeu na Conferência de Puebla e, logo depois, em São Domingo.

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