CONVERSA COM MARCELO BARROS

MARCELO BARROS

Quer saber o que as primaveras sociais têm a ver com as passagens espirituais? E como os fundamentalismos ameaçam os desenvolvimentos culturais e religiosos? E de que maneira essas transformações sócio-espirituais se refletem na Igreja Católica? Marcelo Barros está lançando um novo livro sobre o assunto (Igreja e instituição: um diálogo com o pensamento de José Comblin) e acabou de chegar do Fórum Social Mundial na Tunísia e vai conversar com a gente sobre essas questões e relações. Ele é monge beneditino, foi colaborador de Dom Helder e assessora as comunidades de base e os movimentos populares. É membro do Grupo de Estudo sobre Transdisciplinaridade e Diálogo do nosso Observatório das Religiões.

..

Veja aqui um trecho do livro de Marcelo

Saiba mais aqui do Fórum Social Mundial

Descubra aqui os desafios dos fundamentalismos

BIOGRAFIA DE COMBLIN

MUGGLER, Monica.
Padre José Comblin: uma vida guiada pelo Espírito.

São Paulo: Nhanduti, 2013.

“Muito cedo, as suas análises pastorais e eclesiais começaram a suscitar polêmicas. Não por serem ideias novas ou diferentes, mas porque traziam à vista aspectos que ninguém ainda tinha enxergado, desnudava a realidade, nominava os fatos e as atitudes, sacudia o Evangelho dos enfeites e das grades que lhe foram agregados milenarmente… Essa era uma grande preocupação de padre José Comblin: uma teologia mais comprometida com a realidade, em particular com a realidade do mundo popular latino-americano. Para isso era necessário ter contato com o mundo real. E ele sempre procurou esse contato até nos detalhes da vida cotidiana. Assim ele justificava: Um dia, perto do final de sua vida, Congar disse que tinha uma coisa a lamentar na sua vida: que não havia tido contato suficiente com a vida real e isso lhe faltou. Portanto, eu penso que toda essa geração daquele tempo permanecia num mundo muito intelectual, e ele sabia que isso tinha repercussão no povo e na Igreja, contudo, viviam no seu mundo intelectual, acadêmico, fechado e sem dar-se conta do que acontece, quais as repercussões, e de certo modo são pouco realistas, com uma visão idealista como muitas vezes os teólogos que escrevem na revista Concilium atualmente. Fazem toda uma série de elucubrações muito avançadas, muito revolucionárias, mas sem nenhum interesse pelo que se passa neste mundo. Ou seja, o que vai acontecer na prática, o que é possível. São elucubrações sempre mais distantes. Assim, o que tentamos em nosso mundo foi tentar falar de tal modo que as pessoas pudessem entender, aprender e avançar.

Ele acreditava que somente a partir da realidade é que podemos dar resposta, criar, propor, realizar. Quando perguntado o que diria a jovens seminaristas na atualidade, respondeu: Vão viver nas periferias para conhecer a realidade, porque senão não conhecem, tudo fica nas palavras. Nossa aliada é a realidade, e quem não vê a realidade não vê o que é a humanidade. Fica nas palavras e nos discursos, porém, não pode criar nada. Não há receita; mas vão, tendo cabeça e coração, descobrirão o que deve ser feito. Assim, chegou a ser considerado um dos teólogos conflitivos que exercia uma má influência nos jovens e outras coisas mais. Em seus primeiros anos, primava por uma fina ironia ao expressar suas percepções e análises. Talvez, inconscientemente, era uma forma de superar a sua timidez, mas para os seus interlocutores, isso incomodava muito. Claro, pouco a pouco, foi domesticando a sua ironia, que no crepúsculo de sua vida se torna instigante. Como resumiu um amigo seu, o bispo chileno Dom Jorge Hourton: Padre Comblin escreveu muito, mas seus escritos são mais temidos do que lidos…
Dom Jorge resume muito bem esse traço combliniano: Tampouco saberia contar quantos somos no Chile os leitores de Comblin, porém creio que não somos poucos os que apreciamos seu pensamento vigoroso, original, penetrante, corajoso, com saborosas pitadas de humor e de ironia, às vezes bem mordazes. Conhecendo-o mais de perto, sabemos que não procedem de um ânimo amargo ou odioso, mas sim de uma picardia de menino travesso e impenitentemente crítico e lúcido. Porém, há mais: procedem sobretudo de uma paixão pelo Evangelho e de uma convicção pessoal muito séria de índole eclesiológica: Comblin pensa que um estilo autoritário e legalista no catolicismo provoca muito dano e é a causa de um desvio que o colocou em conflito com os tempos modernos; esse desvio afoga a inspiração evangélica, baseia-se em estruturas de poder, deforma os ministérios de serviço nas estruturas hierárquicas, reduz os leigos à mera submissão passiva e desanima as forças de renovação, privilegiando o status quo em detrimento do carisma missionário e defraudando a opção pelos pobres. Opina que a teologia se desviou do Povo de Deus, iniciado pelo Vaticano II e substituído por uma restauração da eclesiologia centrada no primado do Papa e da cúria romana…” (p. 216ss)
Veja um trecho do livro por aqui,
Mais informações e aquisição por aqui.
Mais no blog:

COMBLIN E O ESPÍRITO SANTO

COMBLIN, José.
O Espírito Santo e a Tradição de Jesus.
São Paulo: Editora Nhanduti, 2012.

“Como a sinfonia inacabada de outros gênios, assim ficou a última obra de José Comblin, padre e doutor em teologia. Um dia, perguntado sobre qual de seus livros considerava o melhor respondeu: Este que estou escrevendo! Afirmava-o sem hesitação, talvez pressentisse ser sua última obra. Mas também porque desejava completar o conjunto de suas obras sobre o Espírito Santo. Quis o destino que não terminasse. Deus veio buscá-lo sem avisos prévios nem delongas. Sua jornada estava cumprida. Sua obra restou inconclusa. Ficou como último presente de seu vasto testamento: provocante, polêmica, eivada de profundo amor a Jesus e à Igreja! Desejava vê-la – a sua Igreja – mensageira, coerente, fiel, seguidora da Tradição de Jesus. José Comblin sempre foi um homem de Igreja, por isso provocava-a à fidelidade evangélica. Queria vê-la livre do peso dos séculos que agregaram tanta coisa que ofuscava a imagem verdadeira de Jesus e desviava da revelação do Pai.

O objeto do seu derradeiro escrito não é um tema novo. Pelo contrário, ao longo de seus escritos, assim como em diversas conferências posteriormente transcritas, ele abordava de uma forma ou de outra os temas que agora apresenta de forma mais incisiva, na perspectiva da fidelidade à tradição de Jesus. A novidade está na clareza da distinção que faz entre o Evangelho e a Religião. Entre a tradição de Jesus e a tradição religiosa. O que é transmitido pelo Evangelho e pelos Atos dos Apóstolos, e o que foi construído a partir das interpretações ao longo dos séculos e sistematizado em doutrinas e ensinamentos da Igreja. Nesta obra, ele quis ir mais longe. Ele explicita de modo incisivo, certamente incômodo e desconfortável para alguns, tudo o que foge à verdadeira tradição de Jesus. – Como vamos transmitir a mensagem de Jesus, se o que é ensinado é uma doutrina elaborada posteriormente, marcada pela cultura e realidade, pelos impasses e desafios das épocas seguintes? Inquiria ele. José Comblin parte da constatação da necessidade de elaborar uma nova Teologia e chega ao essencial que é a transmissão da verdadeira Tradição de Jesus pela ação do Espírito Santo na sua Igreja, conforme a sucessão dos títulos que foi dando às distintas redações.

É preciso voltar a Jesus, ao Evangelho. Deixar de lado tudo o que foi acrescentado. É preciso voltar a ser livre. Livres para seguir Jesus Cristo, e não os seguidores de Jesus e o que a Igreja construiu em torno de Jesus. E será tarefa do Espírito interpretar ou atualizar para cada época e cada situação a mensagem e os atos de Jesus, inspirar o agir, o ensinar e o transmitir para cada tempo. (…) As quatro redações da sua OBRA maior diferem em parte, repetem-se em alguns pontos e se completam. Cada uma delas tem sua novidade que não se repete da mesma forma na outra. Daí a dificuldade de optar por uma e outra, até porque todas, em maior ou menor parte, estão incompletas. Gostaríamos que todas fossem publicadas na íntegra e simultaneamente, em um ou mais volumes, a critério da editora. Sabemos que encarece o custo final do livro. Mas é a obra final de sua vida…

Hoje talvez muitos não entenderão, ou irão considerar exagero suas colocações. Ele, porém, descortinava horizontes muito além dos nossos. Ao leitor caberá comparar, pesquisar, fazer a síntese e seguir o diálogo com ele. Quem sabe, mais adiante alguns teólogos/as poderão fazer uma edição crítica desta sua obra, na qual constam as suas intuições acerca do porvir da Igreja e do cristianismo. A publicação simultânea e conjunta das quatro redações permitiria descobrir a evolução do pensamento deste teólogo de profunda honestidade intelectual e rara criatividade em termos de proposições. Pensamos entre amigos que a publicação deveria começar pela apresentação da 5ª redação, pois é a primeira vez que Comblin faz uma auto-apresentação em seus escritos. Ela é bem elucidativa de sua maneira de pensar e escrever, oferecendo uma chave de leitura para as demais redações. Assim a última redação – a mais curta de todas – viria primeiro. No restante, seguiremos a ordem cronológica.

(…) Eis aí a sua obra qual sinfonia inacabada. Você, José Comblin, a deixou inacabada porque terminou a sua Jornada terrestre. Que nós não a deixemos inacabada por abandono do Caminho! Obrigada, José Comblin, pelo seu legado. Você nos entrega a missão de levar adiante a Tradição de Jesus, como discípulos e missionários. Obrigada pelo seu exemplo de discípulo LIVRE, FIEL e PERSEVERANTE! Obrigada pela sua cumplicidade com o ESPÍRITO na transmissão da TRADIÇAO de JESUS!” (Monica Maria Muggler).

Veja aqui um trecho do livro
aqui a possibilidade de aquisição
(oferta de lançamento: 10% de desconto e frete grátis).
Mais no blog:

LIBERTAÇÃO PELA INTERNET

Começa no próximo domingo, dia 7, e segue até o dia 11 de outubro, em São Leopoldo, no Rio Grande do Sul, o Congresso Continental de Teologia, evento de grande importância para a região, que acontece no marco de dois momentos históricos para a Igreja católica: os 50 anos do Concílio Vaticano II e os 40 anos da publicação de Teologia da Libertação, de Gustavo Gutiérrez.

Entre alguns dos objetivos, busca-se reunir a comunidade teológica do continente em torno ao Vaticano II e à teologia continental, contribuindo para que a teologia latino-americana continue sendo instância retroalimentadora das comunidades eclesiais inseridas no mundo em perspectiva libertadora, frente aos novos desafios oriundos de culturas pluralistas e globalizadas.
O Congresso acontecerá nas instalações da Unisinos e poderá ser acompanhado também, ao vivo, pela rede mundial de computadores. Veja as conferências e sessões que serão transmitidas pela internet (no horário de Brasília):
7 de outubro – Abertura
16h30min – Centrando-se no Congresso: O Concílio Vaticano II e a Teologia da Libertação – Agenor Brighenti
17h00min – Conferência Inaugural: Um novo Congresso e um Congresso novo – Jon Sobrino e Geraldina Cespedes
8 de outubro – Novas Interpelações
09h10min – Conferência de abertura: A situação sóciocultural, econômica e política no contexto mundial – Pedro Oliveira Ribeiro
11h – Painel: As Interpelações das Jornadas Teológicas Regionais – José Sánchez Sánchez e Socorro Martínez; Economia e Teologia – Jung Mo Sung
20h00min  Conferência: Outro mundo possível e o contexto latino-americano – Francisco Whitaker
9 de outubro – Hermenêutica Cristã
9h10min – Conferência: As Igrejas no Continente 50 anos depois: questões pendentes – Victor Codina
11h00 – Conferência: Teologia e novos paradigmas – Andres Torres Queiruga
20h00 – Conferência: A teologia Latino-Americana: Trajetória e Perspectivas – Gustavo Gutiérrez
10 de outubro – Práxis e Mística
09h10min – Conferência: O lugar e o papel da teologia nos processos de mudança do continente no contexto mundial – Leonardo Boff
11h00min – Painel: Mundialização, pluralismo religioso e teologia cristã – Peter C. Phan; Novos sujeitos e interculturalidade – Raúl Fornet
11h00min – Painel: Obra e vida do Mestre Comblin – Luis Carlos Susin, Eduardo Hoornaert
20h00min – Conferência: Teologia americana e europeia: interpelações mútuas – Andres Torres Queiruga
11 de outubro – Perspectivas
09h10min – Conferência: Novos desafios e tarefas para a teologia na América Latina e no Caribe hoje, a partir das contribuições do Congresso – João Batista Libânio
11h00min – Painel: Teologia e Espiritualidade libertadora – Marilu Rojas; Extra pauperes nulla salus – Carlos Mendoza-Álvarez
14h30min – Síntese e projeções do Congresso

JOSEPH MOINGT… E JOSÉ COMBLIN!

MOINGT, Joseph.
Deus que vem ao homem – Vol. I: do luto à revelação de Deus.

São Paulo: Loyola, 2010.

Este livro (em português) é o primeiro de quatro volumes já publicados (em francês) de uma obra de teologia cristã ainda inacabada de Joseph Moingt: Deus que vem ao homem. O autor, com mais de 90 anos, foi descoberto por José Comblin nos últimos anos de sua vida e acabou sendo o mais citado na sua obra póstuma (que deve sair no próximo mês pela Nhanduti), como “o teólogo que tem um método que nem o meu”.

Nesse primeiro volume, Moingt investiga a identidade pela qual Deus se revela na história de Jesus de Nazaré. O livro aborda o problema de Deus na filosofia, afim de ressaltar os caminhos pelos quais a descrença se espalhou e de observar as reações da teologia e suas tentativas de conciliação entre fé e razão. No segundo livro, disponível em português, o autor segue o itinerário do Verbo de Deus atravessando a opacidade silenciosa da “Carne do mundo”. Essa travessia proporciona o encontro com os grandes dogmas da fé cristã: trindade, criação, encarnação, pecado original e revelação de Deus na história. Trata-se de traduzir a aparição de Deus no tempo em termos de ser e de eternidade, de confrontar a linguagem bíblica da criação com a das ciências do universo, ou o discurso do pecado com o problema do mal estudado pelos filósofos, e, mais ainda, de falar da humanização do Verbo. Os outros livros já estão sendo traduzidos pela Loyola. Mais informaçõesaqui, no site da editora.

E para quem lê em francês mesmo, o autor acabou de lançar pela Desclée de Brouwer uma nova obra: Faire bouger l’Eglise catholique (Fazer mover a Igreja católica). Aí o editor pergunta (veja aqui na Amazon): “Devemos nos resignar a ver a Igreja Católica voltada sobre si mesma, como por um estranho efeito de glaciação? Ela pode separar-se a tal ponto das pessoas de hoje? Não, diz o teólogo Joseph Moingt, dedicado nesse livro à defesa de um novo impulso para a Igreja. Dinâmica que necessariamente requer uma profunda mudança: promover verdadeiras comunidades do evangelho, através da redução da instituição, para oferecer às mulheres um lugar digno desse nome, retornar às intuições do Concílio Vaticano II. Não é esse o sentido de um autêntico humanismo evangélico? Há uma urgência de avançar. É urgente registrar uma nova esperança, longe de medos e tensões do passado”.

Joseph Moingt é jesuíta, nasceu em 1915 em Salbris (Loir-et-Cher, França). Depois dos estudos de filosofia e teologia na Companhia de Jesus, ele seguiu a École Pratique des Hautes Études e defendeu uma tese de teologia no Institut Catholique de Paris. Foi professor de teologia sucessivamente na Faculdade jesuíta de Lyon-Fourvière, no Institut Catholique de Paris e nas Facultés de Philosophie et de Théologie de la Compagnie de Jésus à Paris (Centre Sèvres). Também dirigiu a prestigiosa revista Recherches de Science Religieuse, de 1968 à 1997. Entre as suas obras: Théologie trinitaire de Tertullien (Aubier-Montaigne, 4 vol, 1966-1969), Le Devenir chrétien (DDB, 1973), La Transmission de la foi (Fayard, 1976), L’Homme qui venait de Dieu, Le Cerf, coll. Cogitatio fidei n° 176, 1993), Les Trois visiteurs (DDB, 1999), Plusieurs contributions dans des ouvrages collectifs, notamment «Le Dieu des chrétiens» dans La Plus belle histoire de Dieu (Le Seuil, 1997).
Veja aqui uma carta de Moingt aos estudantes brasileiros,
 sobre os desacordos entre a pregação de Jesus e a da Igreja.

CONTRIBUIÇÕES DE COMBLIN NA SEMANA TEOLÓGICA

Uma delegação do nosso Mestrado em Ciências da Religião da UNICAP, composta pelo professor Gilbraz Aragão e os nossos mestres e mestrandos José Sebastião, Paulo Cesar, Valter Avellar e Artur Tavares, está partindo pra UFPB, para participar da Semana Teológica sobre Comblin. Quem dá notícia do evento é Natasha Pitts, jornalista da Adital:

Começa hoje (12) e vai até sexta-feira, a II Semana Teológica Padre José Comblin, com o tema “O legado da Teologia da Libertação e a contribuição de José Comblin”. O evento, gratuito e aberto ao público, vai acontecer na Universidade Federal da Paraíba (UFPB), em João Pessoa, com a intenção de perpetuar as obras e a memória desse expoente da Teologia da Libertação, que morreu aos 88 anos no ano passado, e ficou conhecido como o “profeta da Igreja dos Pobres”.

“A primeira Semana Teológica foi realizada após a morte do padre José Comblin [em março de 2011], pois nós queríamos perpetuar sua memória e de outros profetas com a mesma linha de pensamento. Para este ano, nós decidimos realizar uma Semana mais ampla que abordasse temáticas como o pós-Concílio no Nordeste e novos desafios para o Cristianismo”, explicou João Fragoso, integrante do Grupo Kairós, responsável pela Semana Teológica.

(…) O integrante do Grupo Kairós acrescenta ainda que a II Semana Teológica quer deixar uma contribuição concreta para os/as participantes, no sentido de fazê-los acordar. “Este evento quer ajudar a despertar uma consciência de que o povo é sujeito de sua história e que as mudanças almejadas têm que vir por meio de nós. Não podemos esperar mais que estas transformações venham com as atitudes das autoridades. Já passamos deste tempo de esperar”, ressalta.

São esperados alunos e professores da universidade, atores sociais comprometidos com os movimentos populares e grupos de outras denominações religiosas também comprometidas com estes movimentos. (…) A programação acontecerá no Centro de Ciências Humanas, Letras e Artes (CCHLA) da UFPB. As conferências serão realizadas sempre das 19 às 21h, no auditório 411. A conferência que abre a II Semana é “O pós-Concílio no Nordeste: a contribuição da Teologia da Enxada, na perspectiva da missão e da libertação”, com a participação do professor Eduardo Hoornaert (UFBA) e dos debatedores Mônica Muggler e Pastor Luciano.

Na quinta-feira, a programação inicia às 8h com três oficinas de teologia: “Memória das experiências da Igreja na Base no Nordeste”; “Teologia testemunhal no Nordeste: novos desafios, novos sujeitos”; e “Novos desafios para o Cristianismo: a contribuição de Pe. José Comblin”. À noite, a conferência tem como tema “A Teologia da Libertação numa perspectiva ameríndia”. Estarão presentes o professor Agenor Brighenti (PUC/PR) e os debatedores Ermanno Allegri, diretor da Agência de Informação Frei Tito para América Latina, e Josenildo Francisco de Lima.

João Fragoso aponta que as oficinas estão entre os momentos mais importantes da programação. “Acredito que as oficinas vão gerar um material muito bom, pois com a participação de movimentos populares, CEBs, pastorais, será possível ver quais são as verdadeiras experiências do Nordeste”, diz. No último dia, haverá pela manhã a plenária das três oficinas. À tarde acontece o Encontro dos Jovens Teólogos do Nordeste e pela noite o evento encerra com a conferência “Por uma Teologia testemunhal a serviço da humanidade”, que terá a participação do professor Luiz Carlos Susin (PUC/RS) e dos debatedores João Batista Magalhães e Irmã Conceição.

O evento está sendo promovido pelo Grupo Kairós – Nós Também Somos Igreja e apoiado pelo Núcleo de Cidadania e Direitos Humanos da UFPB; Igreja dos Pobres; Pastoral Presbiteral; Livraria Paulinas e Adital. Para mais informações sobre o evento, ligue para (83) 3241-5636.

Mais no blog:
Quem é José Comblin
Excursão ao pensamento de Comblin
Biblioteca de Comblin na Unicap

UMA INTERPRETAÇÃO PÓS-RELIGIOSA?!

Saiu a Revista d@s Teólog@s do Terceiro Mundo,
com uma consulta latino-americana sobre a situação pós-religiosa e o paradigma pós-religional,
que traz colaborações de amig@s da região…


VOICES: Theological Journal of EATWOT, Ecumenical Association of Third World Theologians.

New Series, Volume XXXV, Number 2012/1, January-March 2012.
Free Digital Printable Bilingual Edition.

ISSN: 2222-0763.

?Hacia un paradigma posreligional?

Planteamiento:

No hace todavía 50 años, para los creyentes, la religión era sólo una, la propia, que era considerada la única que podía traer la salvación al mundo. Por todas partes la religión era considerada como dotada de un
tipo de preexistencia, proveniente directamente de Dios, como un cuerpo de sabiduría divina indiscutiblemente necesario para el acceso hacia Dios.

Hoy día, por aquí y por allá, un poco por todas partes, se está pasando a una visión distinta de la religión. De un tiempo a esta parte, estamos comenzando a acostumbrarnos a un cierto cambio de discurso. Ahora es muy frecuente oír hablar de la religión como una «construcción humana», cultural, finita, contingente… y ambigua, capaz tanto de ayudar como de dificultar la relación con la transcendencia. Hoy ya es un lugar común la distinción neta entre religión y espiritualidad, realidades que antiguamente parecían confundirse.

Se reconoce generalmente el carácter instrumental de la religión en favor de la «religación» profunda, y se da como por supuesta una minusvaloración intrínseca de la religión… En muchos lugares, en diferentes sectores de las sociedades, la cultura del pluralismo ha expulsado a las religiones del trono pretencioso de ser “la única religión verdadera”, haciéndolas pasar a ser, más humildemente, «una religión más entre otras», y de ser una obra divina, un don proveniente de Dios mismo, está pasando a ser vista como una construcción humana, a veces demasiado humana.

Todo esto hace que subliminalmente vayamos percibiendo a la religión ahora de manera muy distinta a como la vivieron nuestros antepasados, o a como la hemos vivido nosotros mismos hasta hace apenas unas décadas. Una nueva (auto)comprensión de la religión se está abriendo paso y se está difundiendo lenta pero ampliamente, llegando a estar presente en una buena parte del escenario – aun en medio de manifestaciones religiosas masivas conservadoras efervescentes incluso, no obsta -.

Pues bien, a pesar de ello, no existe en el campo teológico una reflexión sistemática que dé cuenta de esta transformación, de su significación y sus desafíos. Y no es sólo que no ha sido todavía elaborada una reflexión teológica sobre el tema, sino que no se ha dado en el ámbito teológico lo que podríamos llamar una primera recepción del cambio de percepción al que nos referimos. La teología, por ahora, como conjunto, no se ha dado por enterada todavía de este cambio radical que va avanzando progresivamente en la comprensión de la religión. Los observatorios teológicos y religiosos de nuestra Región todavía no han enviado ninguna alarma al respecto.

Creemos que es hora de abordar este tema, que podríamos llamar provisionalmente «una nueva visión de la religión», o un «nuevo paradigma religioso», cuyo advenimiento conllevará, inevitablemente, una «crisis de la religión». En la nomenclatura más clásica, diríamos que vamos hacia «una nueva teología de la religión».

Están maduras las preguntas en la sociedad y en algún sector muy reducido de las Iglesias. Las Ciencias de la Religión, sí tienen mucho investigado y producido en ese campo. Falta que la Teología acoja explícitamente el tema, y diga también una palabra, aunque sea inicial, palabra que esta vez será más a partir de las ciencias de la religión y de la ciencia en general que de la filosofía.

Desde la Comisión Teológica Latinoamericana de la ASETT/EATWOT hace tiempo que vamos dando seguimiento con preocupación a este tema que nos parece que necesita un abordaje sistemático. Hemos intervenido en actividades e investigaciones de rango universitario, con este tema como objetivo de investigación, en países como Costa Rica (2005) y México (2009 y 2011)…

Por eso creemos conveniente hacer una «Consulta teológica» a observadores de campo cualificados que puedan dar una visión clara del corrimiento de perspectivas que se está dando, de los grandes rasgosdel futuro impredecible que nos espera, y de las nuevas cuestiones que la teología debería afrontar, para ponerse en camino hacia una nueva «Teología de la religión», si fuera necesario. Queremos preguntarnos: -¿qué está pasando con la religión? -¿cuáles son los cambios que se están dando en su peercepción y conceptuación? -¿qué elementos teológicos tradicionales se ven desafiados? -¿Cómo trazar un mapa ordenado de las transformaciones que la autocomprensión de la religión está experimentando en el propio pensamiento teológico? -¿Habría que pensar en ponerse en marcha hacia una «nueva teología de la religión»? ¿Cómo?

Hacemos la Consulta con la intención de desatar un proceso de reflexión de largo alcance, sin prisas, y para producir un libro colectivo que coloque definitivamente la pregunta por la religión en la pauta futura de la preocupación teológica latinoamericana. Que invite, tanto a pastores como a pensadores y a la sociedad en general, a tomar conciencia de este tema “nuevo”, y que desencadene un una serie de reflexiones y reacciones sobre el mismo.

Sumario:

Presentation/ Presentación
1. The Consultation at Belo Horizonte
La Consulta en Belo Horizonte
1.1. The approach to the Consult / Planteamiento de la Consulta
1.2. The papers of the experts / Las ponencias
Post-religious Condition in Latin America. A northeaster’s vision
Condição pós-religiosa na América Latina. Visão de um nordestino
Gilbraz ARAGÃO, Olinda, PE, Brasil
Consultation on Religion: Religious Pluralism
Consulta sobre religión: Pluralismo religioso
Víctor CODINA, Cochabamba, Bolivia
The crisis of religion on Jose COMBLIN’s last thinking
La crisis de la religión en el pensamiento último de José Comblin
† José COMBLIN
Religion Does Not Redeeme
La religión no redime
Josef ESTERMANN, La Paz, Bolivia
Suspicions and Philosophical Reflections on Religion’s crisis
Suspeitas e reflexões filosóficas em torno da crise da religião
Ivone GEBARA, Camaragibe, PE, Brazil
The End of Religion or Birth of Spirituality?
¿Fin de la religión o nacimiento de la espiritualidad?
Rui Manuel GRÁCIO DAS NEVES, Brazil – India – Portugal
Change – Significance an Challenges
Cambio: significación y desafíos. Una nueva visión de la religión
Deivit MONTEALEGRE, Buenos Aires, Argentina – Geneva, Swiss
Post-religional Paradigm? Towards a complex understanding
¿Paradigma posreligional? Hacia una comprensión compleja del fenómeno religioso contemporáneo
Alejandro ORTIZ, Puebla, México
From Theism to Post-Theism: A Change in Religious Culture
Del teísmo al posteísmo: un cambio en la cultura religiosa
Juan Diego ORTIZ, Guadalajara, México
A Copernican Shift of Religion and Theology
Cambia copernicanamente la religión. Debe cambiar la teología
José Amando ROBLES, Heredia, Costa Rica
Catholic Religion and Cultural Changes in Latin America & Caribe
Religión católica y cambio cultural en América Latina y Caribe
Luigi SCHIAVO, San José, Costa Rica
2. Deepening and Relaunching of the Consultation
Profundización y relanzamiento de la Consulta
2.1. For a Critical Theology. A contribution from Asia .
Tissa BALASURIYA, Colombo, Sri Lanka.
2.2. Constituent Elements in the Post-Religional Paradigm
2.2. Elementos constitutivos del paradigma pos-religional
Marià CORBÍ, Barcelona, Catalonia, Spain.
2.3. Towards a Post-Religional Paradigm, Theological Proposal
2.3. Propuesta teológica: ¿Hacia un paradigma pos-religional?
EATWOT’s International Theological Commission.
2.4. Practical Proposal to Work. Possible research projects .
2.4. Propuesta Práctica de Trabajo. Posibles proyectos de investigación
Bibliography – Bibliografía

Acesse integralmente a edição latino-americana da Revista
(em inglês e espanhol-português) aqui.

Saiba mais do tema aqui no blog:
O futuro da religião,
Cultura pós-religiosa?
Veja outros números da revista Voices aqui.

BIBLIOTECA DE COMBLIN NA UNICAP

O padre belga José Comblin foi um dos mais importantes representantes da Teologia da Libertação. Trabalhou na América Latina desde 1958. A convite de Dom Helder Câmara veio para o Recife, onde foi professor do Instituto de Teologia – ITER. A partir de 1969 esteve à frente de seminários rurais em Pernambuco e na Paraíba. A metodologia que desenvolveu foi da formação na ação, adaptada ao ambiente social dos seminaristas, e essa experiência lançou as bases para a sua Teologia da Enxada. Suas ideias atraíram a suspeita do regime militar. Foi expulso do Brasil em 1971. Exilou-se no Chile durante 8 anos. No seu livro A Ideologia da Segurança Nacional, publicado em 1977, destrinchou a doutrina que servia de base para os regimes militares na América Latina.
Foi expulso por Pinochet em 1980. Ao desembarcar no Recife, foi preso na Polícia Federal, considerado ainda “persona non grata” já em tempos de redemocratização! Ultimamente morava na cidade de Barra, no interior da Bahia. Levava vida simples e comprometida com uma Igreja humilde e a serviço dos pobres. Sua dedicação maior sempre foi à formação de comunidades de base, além de escrever muitos e importantes livros, onde avivou a profecia da liberdade. Para ele, liberdade é a base da vocação evangélica, a conclusão final de toda a história bíblica e o fundamento da nova existência para a humanidade toda. Entendia que anunciar o evangelho é anunciar a liberdade, pois “No início do cristianismo, evangelizar era despertar para a liberdade e passar a pensar livremente” (COMBLIN, J. O povo de Deus. Paulus, 2002, p.412).
Pois bem, uma vez Comblin chegou e me sussurrou: “Olha, eu tou pensando em morrer e quero que você ajude a deixar minha biblioteca resguardada e a serviço do povo”. Dessa conversa, em uma assessoria conjunta que fizemos às CEBs em João Pessoa, surgiu o projeto de doação dos livros do Padre José à Universidade Católica de Pernambuco, que foi ratificado por ele mesmo em um Café Teológico no ano de 2009. Os livros começaram a chegar desde então e mais ainda após o seu falecimento, em março de 2011. Com a colaboração dedicada da Irmã Mônica Muggler, secretária e cuidadora de Comblin, com a ajuda do nosso Mestre em Ciências da Religião, Paulo César Pereira, pastor batista que defendeu dissertação sobre Comblin e acabou seu amigo, bem como com o apoio da diretora da nossa biblioteca, Jaíse Leão, temos já mais de três mil livros catalogados e à disposição de pesquisadores e da comunidade. Atendendo ao desejo do próprio Comblin, à exceção das suas obras mais raras, os livros estão disponíveis no acervo público, para serem manuseados pelos frequentadores da Biblioteca Central da UNICAP. Mais ainda: pelo sistema informatizado, qualquer um pode acessar com um clique a “Coleção Pe. José Comblin”, na íntegra ou por autores, títulos ou temáticas específicas. Isso pode ser feito mesmo de casa, através da internet.
Por aí é possível começar uma pesquisa e desmistificar as coisas: já podemos comparar, por exemplo, o que Comblin leu sobre Marxismo (veja aqui: 96 livros) com o que ele leu sobre Bíblia (veja aqui: 456 livros). E assim, sobretudo se a gente vai depois aos livros mesmo e analisa as notas e observações aí deixadas pelo padre José, vamos compreendendo melhor as influências que recebeu a sua obra com mais de 60 livros escritos e acima de 300 artigos publicados – muitos deles também disponíveis na nossa biblioteca. Todo esse acervo já está atraindo pesquisadores: Adriana Thomé, que escreve uma dissertação sobre Comblin na Universidade Metodista de São Paulo, veio fazer estágio de quatro meses aqui, para aproveitar do “tesouro”; Alzirinha Souza, que faz doutorado sobre Comblin na Universidade Católica de Louvain, está vindo para ver os livros e arquivos do mestre… Outros certamente chegarão, seduzidos por uma obra monumental (ainda mais se considerarmos as condições em que Comblin viveu), tanto quanto pouco compreendida e/ou abrigada pela sua própria Igreja.
Penhorados, agradecemos à comunidade dos jesuítas da UNICAP e sobremaneira ao nosso reitor e professor do Mestrado, Padre Pedro Rubens, pela teologia aberta e visão de futuro na acolhida dessa biblioteca emblemática. Temos muita satisfação em ter ajudado a prestar esse serviço público ao direito de uma fé mais esclarecida, ao mesmo tempo em que resguardamos a memória do profícuo e íntegro mestre do cristianismo, nosso amigo padre José, que ficou feliz em vislumbrar as suas ideias discutidas criticamente e os seus ideais atualizados e encarnados no campus da gente – onde aos poucos vai surgir um núcleo de estudos do seu pensamento. De 25 a 27 de maio de 2011, durante a Semana de Teologia da Universidade, que tratou do tema “O Cristianismo em diálogo”, já aconteceu no hall da Biblioteca Central a exposição “Padre Comblin: o teólogo da enxada“, com mostra da sua obra. Agora, no dia 30 de janeiro próximo, com solenidade no Seminário de Olinda às 17h, estará se formando a “Turma José Comblin” do Bacharelado em Teologia da Católica, nome que foi votado pelos estudantes. Foi-se o homem, multiplicam-se os seus pensamentos – porque a vida e os livros que deixou trazem uma inquietação libertária e tão humanizante, que só pode ser divina! Resultam de uma inculturação tão regionalizada e encarnada do cristianismo, que se torna universal!
Gilbraz.
Acesse aqui os livros,
selecionando “Col. Pe. José Comblin” na opção Localização Interna.

HOMENAGEM AO PADRE JOSÉ

Nesses dias, durante o Encontro de Sociologia da ALAS, na UFPE, o professor da Federal Antonio Jorge Siqueira apresentou o seguinte texto sobre o padre Joseph Jules Comblin, em cerimônia que homenageou o nosso querido “Padre Zé”:

Nas trilhas de José Martí, reverenciamos aqui a pessoa do teólogo Comblin, ele, como Martí, um apóstolo da Nuestra America. No contexto histórico da segunda metade do século XX, na Bélgica, ele é ordenado padre católico, após ter feito estudos de Teologia na Universidade de Louvain. Nessa universidade teve prestigiosos professores como Lucien Cerfaux e Gustave Thils. Após defender tese de mestrado e doutorado, assume o trabalho de vigário em paróquias católicas belgas, durante oito anos, tempo suficiente para se inquietar em definitivo com o marasmo do cristianismo católico europeu: centralizador, conservador e colonialista. Na lógica de uma política neoultramontana, a Cúria Romana da época, sob a égide do pontificado de Pio XII, deflagra uma estratégia administrativa de natureza religiosa e colonialista junto ao episcopado da Europa no sentido de enviar padres para a América Latina, a joia da Coroa do catolicismo legado pelos colonizadores ibéricos. Naqueles anos, Roma se inquietava com os avanços no continente Sul da América do que chamava de comunismo ateu, protestantismo proselitista e espiritismo maléfico. Decerto, uma preocupação muito distante daquelas inquietações do Padre Comblin, cujo trabalho pastoral belga já se inspirava nas diretrizes da Juventude Operária Católica, liderada pelo seu conterrâneo, um outro José, mundialmente conhecido como padre Cardijn.

A itinerância de quem busca trilhas e caminhos novos passa a ser o diferencial de vida desse viajante, até os últimos dias de vida. Em Comblin não existem portos de partida nem aeroportos definitivos de chegada. Na sua vida, chegar a outro lugar não depende apenas de partir de algum lugar. Movido por desafios dessa natureza, ele torna-se peregrino e itinerante de Nossa América, sem se abater pelas distâncias. Afinal, elas são mais sociais do que geográficas. Tão pouco se deixa amedrontar pelos abismos autoritários de nossas elites nacionais, quase sempre legitimadas pelo conservadorismo carcomido do catolicismo clerical e de sacristia, como aquele que irrompeu na Conferência de Puebla e, logo depois, em São Domingo.

Continue lendo o texto completo aqui.
Veja mais no blog:

MESTRADO ANALISA PASTORAL URBANA

Por Rafaella Coelho no Boletim UNICAP.

Foi aprovada com distinção, nesta segunda-feira(25), a dissertação do mestrando em Ciências da Religião da Universidade Católica de Pernambuco Paulo César Pereira, intitulada “Pastoral Urbana: uma abordagem a partir do teólogo Joseph Comblin”. A defesa teve início às 14h, no anfiteatrodo bloco G4.
A pesquisa, realizada ao longo de dois anos, buscou problematizar e discutir o papel da pastoral urbana a partir do pensamento do teólogo Joseph Comblin. A banca julgadora foi composta pelo Prof. Dr. Benedito Bezerra (UPE), pelo coordenador do Mestrado em Ciências da Religião da Unicap. Prof. Dr. Gilbraz Aragão, e pelo orientador, Prof. Dr. Sérgio Sezino.

Comblin foi um dos maiores teólogos da América Latina e um dos poucos que se preocupou em escrever de maneira mais aprofundada sobre as cidades e suas pastorais. Sua análise sobre a cultura urbana, seja pela ótica bíblica, seja pela sociológica, sempre despertou interesse, causando muitas vezes espanto e encanto no meio religioso. O seu livro “Teologia da cidade” se tornou um clássico para todos os que têm interesse em estudar as questões urbanas e a relação da Igreja com a cidade. Porém, qual foi mesmo a contribuição de Comblin para a construção de uma pastoral urbana no Brasil? A pesquisa procurou responder a essa questão, fazendo uma abordagem do universo religioso na sociedade urbana pós-moderna, traçando um percurso histórico e bibliográfico do teólogo e avaliando o pensamento de Comblin sobre a evangelização das cidades, em relação à acuidade científica e à receptividade eclesial.

.
Paulo César, que é pastor batista e chegou para a defesa acompanhado da esposa e das quatro filhas, além de muita gente da comunidade que ele acompanha nos Bultrins (Olinda), resume assim o pensamento desse grande teólogo católico, falecido recentemente: “… Para Comblin, a cidade corresponderia a uma Igreja local, onde deveriam coexistir uma multiplicidade de Igrejas domésticas com a finalidade de tornar a fé acessível ao mundo urbanizado (…). A Igreja na cidade seria comunidade, em três níveis integrados e que corresponderiam a uma evolução, respectivamente, da paróquia, dos movimentos leigos de pastoral e congregações religiosas, e da cúria diocesana. Quer dizer, as paróquias, então como assembléias de comunidades de base, recobririam o nível geográfico-territorial das comunidades; os movimentos, pastorais e congregações, articulariam, dentro das comunidades e entre si, grupos de serviços específicos para atender a desafios da evangelização, a faixas etárias e a forças articuladoras da cidade e problemáticas sociais. Por fim, a cúria seria transformada numa comunidade de lideranças representativas e comunicativas da Igreja na cidade e garantidora da comunhão eclesial…”.