Uma trajetória de meio século

Esta edição de “O Berro” trata do aniversário de 50 anos do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco. Em 1961, a Unicap se tornou a terceira instituição do Brasil e a primeira da região Norte e Nordeste a oferecer um curso de Jornalismo em nível superior. Indo de encontro à tradição de que o profissional de imprensa se formava apenas na prática diária das redações, o jornalista olindense Luiz Beltrão – que, mais tarde, se tornaria o primeiro doutor em Comunicação no país – apresentou ao então reitor Padre Mosca uma proposta para a criação do curso, que foi aceita de imediato.

O curso abriu uma nova etapa na profissionalização da categoria no Estado e, pelo menos inicialmente, contribuiu para uma formação mais politizada de gerações de jovens aspirantes à prática  do jornalismo. Gerações que, junto à formação universitária, continuaram a ter, na prática cotidiana nas redações, um instrumento essencial de aprendizado e obtenção de experiências.

Com a intenção de proporcionar aos estudantes uma formação diversificada, a universidade buscou aliar o conhecimento teórico da academia à vivência prática das atividades jornalísticas. E isso fez do Jornalismo da Unicap uma referência. Durante muitos anos foi o único curso no Estado e, mesmo hoje, mantém seu prestígio.

Para contar em detalhes essa trajetória, “O Berro” traz, nesta edição especial, reportagens que mostram momentos importantes do curso no passado, seus desafios no presente e planos para o futuro. As 15 reportagens abordam temas como as atualizações da grade curricular ao longo desses 50 anos; a perseguição aos estudantes universitários no período da Ditadura Militar, sobretudo nos anos 60 e 70; a conquista do prêmio Roquete Pinto 2010 pelo projeto de rádio Vozes da África; a presença maciça de ex-alunos nas principais redações do Estado; o crescimento das assessorias de imprensa; as atuais oportunidades de trabalho. A própria história deste jornal – que já dura 28 anos – é tema de uma reportagem.

Há ainda textos sobre ex-alunos que, hoje, são referência no jornalismo. Entre os muitos ex-professores que merecem ser lembrados, além dos citados nas reportagens, há nomes como Lúcia Noya, Valdelusa D’Arce, Salett Tauk, Vera Ferraz, Teresa Cunha, Neide Mendonça  e Isaltino Bezerra, entre muitos outros.

Na última década, a profissão de jornalista começou a enfrentar novos desafios devido à presença avassaladora da tecnolgia e à concepção ilusória de que qualquer pessoa munida de um celular pode ser um repórter. A existência do curso passou a ter, desde então, uma função adicional: assegurar a manutenção de um padrão ético mínimo para o exercício da profissão e lutar contra a sua precarização. Continua sendo tarefa da universidade propiciar aos alunos uma consistente formação humanística, ética e técnica, imprescindível para assegurar a prática de um jornalismo relevante para a sociedade, agora e no futuro.

Leia também:

Esta entrada foi publicada em Edições e marcada com a tag , , . Adicione o link permanente aos seus favoritos.

Deixe uma resposta

O seu endereço de email não será publicado Campos obrigatórios são marcados *

*

Você pode usar estas tags e atributos de HTML: <a href="" title=""> <abbr title=""> <acronym title=""> <b> <blockquote cite=""> <cite> <code> <del datetime=""> <em> <i> <q cite=""> <strike> <strong>