A Católica
| Graduação | Pós-graduação | Pesquisa | Extensão | Calendário Escolar | Home
 
> Fale conosco
 
 
 Assecom
 Boletim Unicap
 Edições Anteriores
 Minuto Unicap
 Fotolog
 Católica na Imprensa
 Agenda

Recife, 28 de setembro de 2009 - Ano 8

Católica promove 1º Passeio Ciclístico pela Paz
Rebeca Kramer

O dia estava apenas começando. E o silêncio, comum de todas as manhãs, definia o clima de calma e tranquilidade decorrentes das ruas quase que totalmente livres de carros barulhentos. Os grupos, cada vez maiores, chegavam com suas bicicletas fazendo uso de camisetas brancas. Boa parte carregava garrafas com água e mantimentos para o caso de precisarem no meio do caminho. Uns esperavam sentados pelo horário da partida. Outros, mais descontraídos, confraternizavam-se enquanto esperavam tudo ficar pronto.  

Escoltados por agentes militares e de trânsito, caminhões de apoio, uma ambulância e distribuição de água, os ciclistas integrantes do 1º Passeio Ciclístico pela Paz da Católica saíram da Rua do Príncipe, aproximadamente às 9h30 da manhã deste domingo (27), com destino à Praça do Arsenal. O percurso cultural passou por avenidas e praças do Recife Antigo e do Centro, como a Câmara de Vereadores, a Faculdade de Direito, o Teatro de Santa Isabel, a Ponte de Ferro, a Casa da Cultura, o Forte das Cinco Pontas, a Ponte Giratória e o Marco Zero. O trajeto foi explicado por uma guia de turismo.  

O passeio, que integra a programação do Festival de Primavera, comemorou também o aniversário da Universidade Católica de Pernambuco que, há 58 anos, faz parte da história do Recife e de mais de 65 mil ex-alunos. A diversão ficou por conta do Mandacaru, do Maracatu Tambores D’Olorum e da Frevioca.  

De acordo com o assessor cultural da Unicap, Padre Hugo Ara, o evento também teve mais um estímulo. A recente obtenção do conceito 4 pelo Ministério da Educação (MEC), numa escala de 1 a 5. “Buscamos, aqui, ainda celebrar o trabalho realizado pela Companhia de Jesus na sociedade”.  

Para participar do passeio, a única condição necessária era de que cada um trouxesse um quilo de alimento não-perecível para ser doado ao Lar Fabiano de Cristo, onde crianças, adolescentes e idosos de baixa renda recebem assistência social. Desta maneira, cerca de 80 ciclistas, entre professores, funcionários, alunos da Unicap e adeptos do ciclismo não somente exercitaram-se em um momento de lazer dominical, como também contribuíram para melhorar as condições e, de certa forma, o bem-estar de quem integra a instituição beneficente. 

Segundo um dos organizadores do evento, o funcionário da Diretoria de Gestão Escolar (DGE) Astrogildo Júnior, que também é integrante do Maracatu da Unicap, a ideia do evento surgiu do professor de Filosofia Ricardo Pinho. “Pinho comunicou-se com o Padre Hugo Ara que, posteriormente, falou comigo para que a responsabilidade do passeio ficasse a meu cargo e de Cláudio Santana, da Coordenação Geral de Esportes. No meu caso, por eu ser envolvido com os eventos socioculturais da Universidade”.

O Reitor da Católica, Padre Pedro Rubens, lembrou que a violência atinge vários âmbitos, estando presente, inclusive, no próprio trânsito. Portanto, andar de bicicleta pode representar um perigo. “Mas, neste passeio, vamos nos exercitar com segurança, ou melhor, nos comunicar com segurança”. Segundo o Reitor, o tempo bom e todas as medidas tomadas a fim de tornar o evento o melhor possível foram fatores determinantes de um possível 2º Passeio Ciclístico pela Paz da Católica. “Deixamos aqui um convite. Guardemos o charme e a expectativa da primeira vez e, quem sabe, repetir a dose ano que vem”.  

Padre Pedro comentou, ainda, que o passeio é bastante relevante porque movimenta a comunidade universitária que congrega a instituição no dia a dia. “A Universidade está no coração da cidade, um dos bairros mais antigos daqui. A intenção é justamente a de promover um passeio onde possamos curtir a cidade em que vivemos e fazer dessa experiência uma caminhada. Normalmente, a gente sai num pique danado e não temos um olhar mais contemplativo. E, assim, torna-se uma ótima oportunidade de ter em mente um passeio pela paz”. 

O Pró-reitor Comunitário, Padre Miguel Martins, expôs a importância do evento como uma relação direta entre a Universidade, a cidade e esse movimento de paz e harmonia, mostrando o rosto da instituição, literalmente, nas ruas. “Achei o evento ótimo. É legal porque o clima do passeio é motivo de integração entre os funcionários e os familiares. E é essa integração que deve reger o clima de uma Universidade”. 

Depoimentos:  

-Luzineide Moura, 51 anos, e Roberto Brandão, 56 anos.

“É muito bom para a saúde pedalar. Além disso, a gente vai ajudar uma instituição beneficente, o que é bem legal. Normalmente, pedalamos em Afogados e já participamos de outros passeios, como o promovido pela Globo. Tomei conhecimento do evento pelo meu marido, que viu um cartaz numa loja que vendia peças para bicicletas. Ano que vem, se estivermos vivos, voltaremos!”. 

-Zenda Paes Barreto, 41 anos, funcionária do curso de Fisioterapia da Católica.

“Todos os sábado eu ando de bike em Afogados. Como já tenho esse costume, adorei a oportunidade de passear estreitando os laços de amizade que tenho com meus amigos aqui da instituição. Fazer exercício é muito bom e ainda mantém a saúde em dia. De eventos oficiais, mesmo, esse é o segundo. O primeiro foi semana passada, quando integrei o grupo de ciclismo da Globo”. 

-Aneíldo Leite Ferreira, 47 anos.

“Participo de todos os passeios que você possa imaginar: do Itaú, do Sesc, da Globo e, agora, do da Unicap. Na realidade, eu e mais um grupo de 80 pessoas saímos todas as terças-feiras do Shopping Recife, das 8h30 até as 11h30, onde percorremos 40 km. Achei interessante esse passeio em especial porque conhecemos alguns dos pontos turísticos do Recife e, também, ao mesmo tempo, estamos ajudando pessoas ao fazer a caridade”. 

-Francisco Araújo, 33 anos, aluno do 10º período de Direito na Unicap.

“Pra mim, esse é um momento de total lazer. Eu costumava pedalar na Jaqueira, mas, infelizmente, há aproximadamente um ano dei uma parada. Agora estou voltando. No final de semana passado, participei do passeio da Globo. Adoro pedalar e a intenção da instituição de fazer doação de um quilo de alimento para os participantes é bem interessante”.

Missa celebra 58 anos da Católica na próxima quarta-feira
Tiago Cisneiros

Os 58 anos da Universidade Católica de Pernambuco serão comemorados com uma missa no dia 30 de setembro (quarta-feira), às 17h30, na capela do campus (próximo ao Casarão Azul). A celebração será presidida pelo Reitor, Padre Pedro Rubens, e lembrará, ainda, o Dia da Secretária e o encerramento do Mês da Bíblia.

O aniversário da Católica tem sido lembrado durante todo o mês de setembro, na programação do Festival de Primavera. Apresentações culturais, minicursos, palestras, oficinas e lançamentos compõem o projeto, que será encerrado no dia 30, com um show do grupo artístico da Universidade “Flor de Maracujá” em homenagem ao compositor Cartola. O espetáculo acontecerá no hall do bloco G, a partir das 19h.

Banda Sinfônica do Recife se apresenta no Festival de Primavera
Rebeca Kramer e Tércio Amaral

A Banda Sinfônica no Recife realizou, sexta-feira (25), às 20h30, uma apresentação comovente com 10 clássicos da música regional e internacional, dentre eles Leão do Norte, Odeon, Big Band Favorites, Back to the Future e William Tell Overture. Liderado pelo regente Nenéu Liberalquino e com uma equipe composta por 70 músicos, a banda, segundo Liberalquino, que está à frente do grupo desde 2002, “realiza um trabalho muito bonito”. O regente, que teve formação nos Estados Unidos, já se apresentou em outras ocasiões na Unicap. O evento aconteceu no hall do bloco G da Universidade Católica de Pernambuco e integrou a programação do Festival de Primavera.

Na ocasião, o regente distinguiu o conceito de banda sinfônica do de orquestra. “A banda sinfônica é formada por um grande conjunto de instrumentos de sopro e de percussão, composto de 60 a 90 músicos. O que se diferencia das orquestras sinfônicas pela diversidade de sua formação instrumental e abrangência de repertório”. “É um prazer incomensurável estar aqui comemorando junto à Universidade os seus 58 anos. É um orgulho, como pernambucano, tê-la no nosso estado”.

Um dos integrantes da Banda Sinfônica, já há 15 anos, é Genilson Pontes, também coordenador do MPB Unicap. Segundo o músico, fazer parte da banda é sinônimo de uma imensa satisfação, uma vez que “estaria em um dos melhores grupos musicais do país”. “A gente coloca a alma da gente nisso, por isso é tão importante ver o trabalho sendo executado. É minha identidade”, comentou.   

Sentado na primeira fila, ao lado do Padre Miguel, o Reitor da Unicap, Padre Pedro Rubens, afirmou que o Festival da Primavera é um sucesso e que o melhor avaliador é o público. “Em plena sexta-feira, o dia em que todos estão cansados, nós vemos o hall do bloco G repleto de pessoas da comunidade acadêmica”. Segundo o Reitor, as apresentações culturais são importantes para a formação universitária, pois, “a universidade também é o lugar de se degustar os grandes gêneros literários e musicais”, declarou.

O Pró-Reitor Comunitário da Católica, Padre Miguel Martins, declarou que as atrações do Festival de Primavera aliam o bom gosto e qualidade à “linguagem do povo”. Os shows e atividades que marcam o aniversário da Católica trazem um legado popular, a exemplo da interpretação instrumental de músicas populares, como o frevo, pela Banda Sinfônica do Recife, nesta sexta-feira. “Me surpreendi com o repertório eclético, acredito que agradou a todos. Mesmo os temas internacionais, foram produções bem conhecidas”, disse.

Sob os olhares atentos do coordenador cultural da Católica, Padre Hugo Ara, a Banda Sinfônica do Recife fez o público aplaudir de pé duas vezes ao fim da apresentação. “O público gritou, ovacionou no final”, afirmou entusiasmado o Padre Hugo.  A segunda apresentação da Banda Sinfônica do Recife na Católica trouxe este ano um fato inédito. O também coordenador cultural da Unicap, Percy Marques, disse que “houve liberação de aulas para algumas turmas apreciarem” a orquestra de Nenéu.

A Banda Sinfônica do Recife ensaia todos os dias, das 9h às 12h, no Teatro do Parque. E, no mesmo local, apresenta-se todas as quartas-feiras, às 20h. “Realizamos um trabalho bastante eclético”, afirmou Nenéu.

Grupo musical Babi Jaquese os Noctívagos se apresenta na Unicap
Rebeca Kramer

Às 18h da última sexta-feira (25), o grupo musical Babi Jaques e os Noctívagos realizou uma performance musical no hall do bloco G da Unicap. Tocando um repertório vasto, que foi do Soul à Bossa Nova, Bárbara Jaques no vocal, Thiago Lasserre no baixo, Alexandre Barros na bateria e Well na guitarra aproveitaram a oportunidade concedida pela Universidade para mostrar um pouco do trabalho feito por eles no Sushilogia, no Pina, onde tocam todas as quintas-feiras. Lasserre, Barros e Well ainda integram a banda Wisqueiro. 

Segundo a vocalista, que é aluna do 5º período do curso de Publicidade e Propaganda e ex-cantora do MPB Unicap, Thiago e Alexandre moram na mesma rua e Alexandre e Well estudam música na Universidade Federal de Pernambuco. Foi, portanto, daí que surgiu a amizade entre os componentes. “Thiago, que estuda História na Católica e toca no MPB, falou com o Padre Hugo Ara pra gente poder tocar hoje, quando aconteceria, oficialmente, somente o evento da apresentação da Banda Sinfônica”, afirmou Babi. 

Babi Jaques canta há 8 anos. A garota, de 20 anos, comentou ainda ter conhecido os rapazes no início deste ano no curso de Criação e de Performance Musical oferecido pela Unicap. “Pois é, então viemos e fizemos essa zoada aí”, brincou Babi. “Mas, essa formação instrumental dos meninos acontece somente há um mês”, explicou.  

Sobre Babi Jaques:

Cantora e compositora pernambucana que se envolveu cedo com a música. Hoje, já possui músicas autorais e canta em bandas cover na noite do Recife. A primeira vez em que se apresentou foi no ano de 2000, no Festival do Leite, na cidade de Conceição do Araguaia (PA), onde morou por um bom tempo.

No ano seguinte, participou de mais um festival de calouros na mesma cidade, o Festicon, sendo contemplada com o segundo lugar. Em 2003, Babi começou a tocar violão e compor, inscreveu duas de suas canções no Festicon e conseguiu chegar à final com uma delas. Em 2004 formou a banda OsZoutros, com seu irmão Pedro Jaques, e se apresentaram em vários eventos realizados pela prefeitura de várias cidades do sul do Pará e nas edições 2004, 2005 e 2007 do Festival de Rock da Lua Grande, na cidade de Conceição do Araguaia.

Na mesma cidade, no ano de 2005, Babi participou de mais um festival de música inédita e inscreveu duas de suas canções no Festival da Juventude. As músicas Palavras e Dança da Alma tiveram grande aceitação popular e foram para a final do concurso. Em 2006, defendeu essas mesmas canções no Femupa, na cidade de Redenção (PA), e também a música Garça de Rodrigo Amorim e Cícero.

As músicas tiveram uma aceitação muito boa e Babi Jaques passou a fazer shows constantemente nessa cidade, acompanhada pelo irmão. Neste mesmo ano, defendeu as músicas Garça e Vilarejo de Vila Nova (música que fala sobre sua saída do Recife para o Pará) no Festival da Canção de Conceição do Araguaia e da cidade de Porto Nacional (TO).

No ano de 2007, Babi voltou ao Recife e sua banda passou a ser formada por novos músicos: Arthur Bonfá (Bateria), Breno Rocha (violão), Marcos Maggi (Baixo/Gaita) e Wakko Nobre (Guitarra). Em outubro de 2007, Babi Jaques foi convidada para fazer a abertura do projeto paralelo de seu grande ídolo, Zeca Baleiro, o Baile do Baleiro. Em 2008, fez um showcase no Festival de Inverno de Garanhuns. Neste mesmo ano, cantou pela banda Bossassim, com Jansen Mendonça (guitarra), Ricardo Fraga (bateria com percussões) e Jorge Rodrigues (baixo), no projeto Beatles N'Bossa, num repertório calcado em Beatles, com versões que vão da Bossa Nova, ao Partido Alto passeando também por ritmos latinos, e nordestinos.

Atualmente, canta também na banda Finessi, com Breno Rocha (violão), Alexandre Barros (Bateria) e Thiago Lasserre, com um repertório vasto de soul e bossa nova.

Grupo Flor de Maracujá encerra o Festival de Primavera
Lílith Perboire

Depois de um mês com oficinas e apresentações culturais, o Festival de Primavera chega ao fim em grande estilo. O encerramento ficará por conta do Grupo Flor de Maracujá, com o show em homenagem ao cantor e compositor Cartola. A apresentação acontecerá nesta quarta-feira (30), às 19 horas, no térreo do bloco G.

O Grupo de Choro da Católica é composto por sete pessoas, entre eles, alunos, ex-alunos e funcionários da Universidade, que interpretam estilos mais tradicionais da nossa MPB, sobretudo choro, valsa, samba e lundu. Além da voz de Marina Duarte, o Flor de Maracujá conta com violões de sete cordas, cavaquinho, clarinete, acordeon e instrumentos de percussão.

Para Percy Marques, diretor do grupo, é maravilhoso interpretar e fazer uma homenagem a Cartola. "Ele é o maior poeta do samba de raiz e foi um dos fundadores da Escola de Samba Estação Primeira da Mangueira. Como no ano passado, se estivesse vivo, completaria 100 anos precisávamos homenagear este grande compositor", concluiu Percy.

Todas as canções tocadas no show são de composição do próprio Cartola, como: Alvorada, Amor proibido, Autonomia, As rosas não falam e o sol nascerá, exceto "Preciso me encontrar", composta por Candeia e imortalizada na voz de Cartola. Esta é a segunda vez que o Flor de Maracujá apresentará este show. A primeira foi no auditório da Livraria Cultura. O grupo espera repetir o mesmo sucesso da apresentação realizada em maio.

Reitor da Católica ministra minicurso “Rosto Plural da Fé”
Tiago Cisneiros

O Reitor da Católica, Padre Pedro Rubens, ministrou, durante a tarde da última sexta-feira (25), a primeira aula do minicurso “Rosto Plural da Fé”, baseado na tese de doutorado em Teologia que defendeu no Centro Sévres, na Facultes Jésuites de Paris. O trabalho, também, deu origem ao livro homônimo, publicado pela Edições Loyola e lançado no último dia 26 de agosto.

Na aula, realizada na Sala de Teleconferências do bloco G4, Padre Pedro Rubens destacou o pluralismo religioso da sociedade brasileira, desde as subestimadas influências africana e asiática até a supervalorizada tradição europeia. Segundo ele, essa diversidade não deve ser encarada como um conflito, mas, sim, como experiências com valores próprios, úteis para o enriquecimento geral. “Seria maravilhoso se estivéssemos bem resolvidos, para ver o diferente como uma oportunidade de melhorar e compreender o mundo”, afirmou.

Para o Reitor, a modernidade e a pós-modernidade romperam com o paradigma de que a fé deve ser vivida a partir de uma tradição e legitimada por uma hierarquia. “Essa ideia, muito presente na linha europeia, tem perdido espaço nas últimas décadas. Precisamos, portanto, aprender com as matrizes africana e asiática, que não se fundamentam nessa dependência”, indicou.

Recorrendo ao Padre Henrique Lima Vaz, falou sobre as três dimensões de uma experiência verdadeira de fé: a subjetiva (sentimento individual), a intersubjetiva (comunicar as sensações aos demais) e objetiva (aportar algum valor à história da humanidade). Quanto ao último elemento, lembrou a atuação do Cristianismo na quebra do elo entre a religiosidade e o sangue/nacionalidade. “Não podemos dizer que os cristãos seguiram isso por todo o tempo, mas, com certeza, foram responsáveis pela introdução de uma nova visão sobre as crenças, distinta das ligações raciais comuns na África”, disse.

Padre Pedro Rubens responsabilizou o engessamento das religiões pelos problemas de esvaziamento das igrejas. “O desafio para cada um é o fato de a fé ser um dom de Deus, mas nunca adquirida de uma vez por todas. É necessário refazer conceitos de fé, algo vital para que se estabeleçam relações com as novas gerações, interessadas em participar.” Para ele, a experiência real deve servir como ponto de partida para um novo paradigma de interpretação da fé, sem, entretanto, promover a renúncia à busca da autenticidade (com o próximo), da justeza (coerência de falas e atos) e da verdade (contribuição para a humanidade).

No caso específico do Cristianismo, o Reitor apontou um paradoxo fundamental na experiência dos seguidores: a Bíblia registra que “Jesus Cristo, único filho de Deus, se manifestou uma vez por todas”, mas esse evento singular diz respeito a todas as pessoas, à história universal e à criação inteira. Residiria, aí, a contradição entre o ato único e a diversidade de situações humanas. A resolução desse desafio, para o Padre Pedro Rubens, depende do esforço do cristão em promover uma abertura, sem perder a sua identidade. “Isso amplia o coração e a visão da gente e deve ser solucionado pela fé, no diálogo com outras religiões”, afirmou.

Os paradoxos religiosos podem ser observados na prática, desde a movimentação no número de adeptos até as relações populares com a modernização e as tradições. Entre os exemplos apresentados pelo Reitor, está a redução de católicos declarados no Brasil ao lado de um impressionante dinamismo das comunidades e movimentos eclesiais. Ele citou, ainda, a instalação do clima de liberdade e tolerância religiosa, simultaneamente ao aumento dos grupos identitários, extremistas e proselitistas, dentro e fora do Catolicismo.

As críticas iluministas sobre o engessamento do Catolicismo, de acordo com Padre Pedro Rubens, começaram a ser combatidas no Concílio Vaticano II, realizado de 1962 a 1965. “Foi uma tentativa do Papa João 23 de criar novos ares, apesar da Igreja confrontar, oficialmente, a modernidade. O evento promoveu uma abertura ao diálogo com a sociedade, transformando a mentalidade tradicional”, ressaltou. No período, os católicos da América Latina fizeram uma dupla descoberta: viram-se cristãos responsáveis e, ao mesmo tempo, cidadão com direitos.

Embora tenha ampliado os espaços de interação na Europa, o Concílio não produziu efeitos tão significativos na América Latina. “Os Bispos voltaram de Roma dispostos a dialogar, mas encontraram a sociedade fechada pelas ditaduras. Com certeza, foi uma grande decepção”, esclareceu. Sobre o apoio inicial da Igreja ao regime militar no Brasil, Padre Pedro comentou: “De fato, o clero manteve-se ao lado dos golpistas, mas, ao visitar prisões e dependências, perceberam o sofrimento dos perseguidos e mudaram sua visão. As igrejas tornaram-se, então, refúgios de militantes de esquerda e, também, passaram a ser combatidas”.

Hipóteses e Catolicismo popular

Na tese “O rosto plural da fé: discernir a fé nos contextos religiosos ambíguos”, Padre Pedro Rubens estabeleceu as seguintes hipóteses:

  • A religiosidade popular continua muito presente no imaginário da sociedade. O Catolicismo popular representa a matriz principal da fé cristã e a memória viva de uma evangelização marcada por valor e contradições.
  • Na fase pós-conciliar, nascem três experiências muito “problemáticas” e, por isso, representativas: Comunidades Eclesiais de Base (CEBs), Renovação Carismática Católica (RCC) e Neopentecostalismo. Elas coincidem ao postular uma novidade, recorrer às Escrituras e apelar ao Espírito Santo.

No minicurso, o Reitor apresentou as três novas experiências religiosas em uma metáfora, como filhas de uma família (a fé cristã). Confira as definições:

    • CEBs: filha mestiça, nativa, popular e crítica; líder na Igreja e militante na sociedade.
    • RCC: segunda filha, que se mostra dócil, sensível e bem comportada diante dos pais, mas é, na verdade, muito irreverente e conflitiva.
    • Neopentecostalismo: é tida como “a filha da outra”. Nascida das igrejas protestantes, retoma as características de um Catolicismo popular, revela preconceitos e problemas da família cristã.

O surgimento da “filha da outra” seria, portanto, decisivo para a estrutura do Cristianismo. “A família pode estar em crise, mas só tem a consciência disso quando se depara com um ser ‘estranho’, de fora”, explicou o Padre Pedro Rubens. Para ele, as organizações neopentecostais estão revelando uma falha da posição histórica dos cristãos: a intolerância religiosa.

“O brasileiro parece não ser cristão de verdade, porque as experiências passam pela sociedade como modas e, rapidamente, perdem espaço. Essa é a questão fundamental deste estudo”, afirmou. Como matriz das experiências religiosas no país, Padre Pedro propõe o Catolicismo popular, permeado de elementos antropológicos e culturais.

Sobre o assunto, resgatou pesquisas e pensamentos de estudiosos da área. Para ele, o etnólogo Nina Rodrigues soltou uma bomba, ao afirmar que o Brasil não é católico, porque não existe uma real conversão do povo – com base nas tentativas de cristianização no período colonial. O sociólogo Thales de Azevedo defendia as versões formais da religião, inserindo o Catolicismo popular como um aspecto negativo, devido ao seu sincretismo. Em 1969, o jesuíta Comblain dividiu o Catolicismo nas matrizes europeia, africana e indígena, estando as duas últimas carentes de aprofundamento. “Hoje, as influências da África têm muito a transmitir, mas as dos índios continuam pouco estudadas. Em igrejas ou movimentos mais livres, isso tudo emerge com muita força. A gente não deve perder essa religiosidade popular de vista, para não voltar à situação de, apenas, demonizar”, declarou.

Segundo o Reitor, a população brasileira carrega costumes vinculados à “constelação mágica”, elemento criado e desenvolvido pelo sociólogo Pedro Ribeiro de Oliveira, para explicar

O sociólogo Pedro Ribeiro de Oliveira explica as instâncias da prática do Catolicismo a partir das “constelações” dos sacramentos, das devoções, da proteção na religião, da palavra e da mágica. Esta última tem forte presença na população brasileira, que costuma recorrer à mística na tentativa de solucionar seus problemas. “Quanto estamos bem, ficamos na nossa religião de berço, mas é comum buscarmos outras crenças nas horas difíceis. Isso faz parte do nosso modo de ser. Por isso, não devemos demonizar a pluralidade, mas aceitá-la, como um elemento relevante para a compreensão da verdade do outro”, concluiu.

Professor da Católica apresenta palestra sobre o mal em Hannah Arendt
Tiago Cisneiros

O coordenador geral de Estágio da Católica, professor Hélio Lima, apresentou, na tarde da última quinta-feira (24), a palestra “Hannah Arendt e a questão do mal”. O encontro, realizado no auditório do Centro de Teologia e Ciências Humanas (primeiro andar do bloco B), fez parte do projeto Filosofia Aberta, organizado pelo curso de Filosofia da Universidade.

Para o professor Hélio Lima, Hannah Arendt, por ser mulher, lê a tradição de uma maneira diferente, em comparação com os demais filósofos. Alguns especialistas chegam a afastá-la do ramo da filosofia, apontando-a como uma cientista política. Entre as temáticas abordadas por Arendt, está a questão do mal nas ações e pensamentos humanos.

No início da palestra, o professor Hélio Lima propôs a indagação “O mal existe independentemente da ação humana? Será que ele é tão feio e repugnante como colocam as tradições religiosas?”, para elucidar a visão de Arendt sobre o assunto. “Para ela, esse raciocínio pode não ser o melhor caminho, porque trabalha, sempre, a partir da ação, cuja origem é avaliada a partir do conceito grego ‘arché’”, explicou.

Arendt, salientou o professor, apoia-se na leitura dos antigos filósofos para refletir acerca do conceito de ação. Mas, diferentemente da maioria dos pensadores, o faz sem buscar a autoridade da tradição ou, como determina, “pensa sem corrimão”. A ação, para Arendt, é uma das três atividades humanas fundamentais colocadas sob a expressão “vida ativa”. Trata-se do único exercício realizado diretamente entre as pessoas, sem mediação das coisas ou da matéria. Corresponde, portanto, à condição humana na pluralidade, isto é, ao fato de que homens – e não um homem – vivem na terra e habitam o mundo. Completam a lista o labor, atividade que corresponde ao processo biológico, da sobrevivência, e o trabalho, vinculado ao artificialismo da existência humana (produção do mundo “artificial das coisas”, da ciência e da técnica).

O professor Hélio Lima argumentou, ainda, que a pluralidade é considerada como a condição da ação humana pelo fato de todas as pessoas integrarem a “humanidade”, sem a possibilidade de igualdade entre duas pessoas. “Entre duas pessoas, se estabelece o campo onde pode ser desenvolvida a ação de cidadão. É aí que os homens podem afirmar ou assegurar o seu lugar na pluralidade, o espaço público que a vida em sociedade está colonizando.” O espaço público, por sua vez, não seria, também, social, porque uma pessoa pode fazer parte de uma comunidade, sem que tenha acesso ao direto político ou cidadão.

É na defesa da multiplicidade que a alemã judia Hannah Arendt contraria as ações do governo nazista, de quem foi vítima, passando 18 anos sem pátria definida. “Se a pluralidade é a base da existência, como um regime ou ideologia pode negá-la, opondo a um povo?”, questionava. Cabe ao homem, quando confrontado com dois males, escolher o menor, sendo irresponsabilidade se eximir dessa decisão. “A questão é que, ao preferirem o mal menor, as pessoas, rapidamente, se esquecem de que optaram pelo mal. Para Hannah, o mal é, sempre, o mal”, afirmou o professor Hélio Lima.

Arendt remete, então, a questão do mal para o âmbito do pensamento. Em uma reportagem sobre o julgamento do nazista Adolf Eichmann, em Jerusalém, causou polêmica ao afirmar que o réu não era demoníaco, “por mais monstruosos que fossem os seus atos”. Para ela, o homem, apenas, cumpria regras, carente de uma consciência própria. Escreveu: “A única característica que se podia detectar no passado e na audiência era inteiramente negativa: não a estupidez, mas uma curiosa e autêntica incapacidade de pensar”.

Como argumento para a relevância do pensamento na prevenção do mal, Arendt resgatou duas proposições positivas socráticas: “É melhor sofrer o mal do que fazer o mal” e “Seria melhor para mim que a minha lira ou um coro que eu dirigisse fossem desafinados ou estridentes com dissonância, e que multidões de homens discordassem de mim do que eu, sendo um só, estivesse em desarmonia comigo mesmo e me contradissesse”. Desses registros, a filósofa levantou a questão do autoengano, da contradição interna que bloquearia a promoção do mal.

Estudante de Jornalismo participa de concurso de jornalismo ambiental
Tiago Cisneiros

Estudante do quarto período do curso de Jornalismo da Católica, Arjuna Joaquim Escobar, 21 anos, está participando do Concurso EcoPET, promovido pela Associação Brasileira da Indústria do PET (Abipet). Para concorrer, Arjuna precisou apurar e desenvolver uma reportagem sobre a reciclagem e as possibilidades de reutilização de materiais e resíduos. Acesse o resultado >>

A reportagem “Pernambuco é PET” é um panorama do ciclo do PET em Pernambuco, com a abordagem de toda a cadeia produtiva, desde a fabricação industrial da resina até a etapa de transformação dos materiais para a reciclagem e reutilização no mercado. De acordo com Arjuna, um apaixonado pela questão ambiental, o gancho da matéria é o projeto de criação, no estado, do maior pólo petroquímico de produção de poliéster do Brasil. “Em 2011, serão instaladas três unidades em Suape, voltadas para a produção de fibra de poliéster e de ácido PTA, além da própria indústria de PET. Juntas, vão formar a Petroquímica Suape”, explica.

Para escrever a reportagem, Arjuna Escobar passou por todas as etapas de produção e comercialização do PET, desde a coleta seletiva e a participação das cooperativas até a questão do mercado. Com o intuito de fornecer integralidade ao texto, buscou, como fontes, representantes da Petroquímica Suape, da rede de supermercados Wal-mart, da Cooperativa de Catadores de Lixo Pró-Recife, da loja Lixiki e da indústria FromPET. O primeiro colocado da categoria “Estudantes” do Concurso EcoPET será premiado com um notebook.

Projeto Construindo o Pensar realiza sua 2ª etapa nesta terça-feira
André Amorim e Tiago Cisneiros

A Católica irá promover, no dia 29 de setembro, a mesa-redonda “Sociodiversidade: multiculturalismo, tolerância, inclusão”, que integra a série de encontros do Projeto Construindo o Pensar, destinado aos alunos selecionados para a prova do Exame Nacional de Desempenho de Estudantes (Enade) 2009. O evento, que é aberto ao público em geral, terá duas sessões (às 9h30 e às 20h), no auditório G1 da Universidade, localizado no primeiro andar do bloco G.

A primeira etapa do Construindo o Pensar, realizada no dia 25 de agosto, abordou a temática do Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (Enade 2009) e contou com a presença da coordenadora Geral de Graduação, professora Aline Grego, e com o coordenador da Coordenação Geral de Estágio (Cogest), professor Hélio Lima. Para mais informações sobre o projeto, ligue para (81) 2119 4291.

_________________________________________________

  Confira mais Notícias

Fé e Alegria promove mais três aulões preparatórios para o novo Enem

Mestrado em Direito da Unicap promove minicurso

Professora de Direito da Católica apresenta palestra em seminário internacional

Professor da Católica ministra curso sobre história política contemporânea

Seminário Internacional marcará relançamento do Neal Unicap

Católica promove 2º Congresso Pernambucano de Direito Civil

Artigos de ex-alunos e professores do Mestrado em Psicologia serão reunidos em livro

Instituto Cervantes oferece desconto para alunos e funcionários da Católica

Topo  

_________________________________________________

  Edições Anteriores

25/09/2009 Inscrições para bolsa de assistência social começam nesta segunda-feira

24/09/2009 Inscrições para bolsa de assistência social começam no dia 28

23/09/2009 Intel promove palestra na Católica nesta quinta-feira

Outras Edições >>

Edições de Agosto >>

Topo 


  Boletim Unicap

Expediente

EDIÇÃO: Paula Losada (1652-DRT/PE), Daniel França (3120-DRT/PE) e Elano Lorenzato (2781-DRT/PE)

REDAÇÃO e FOTOGRAFIA: Ana Luíza , André Amorim, Beatriz Lacerda, Diego Ximenes, Lílith Perboire, Rebeca Kramer, Tércio Amaral, Tiago Cisneiros e Victor Bastos.

RELAÇÕES PÚBLICAS: Andreza de Paulo e Rodrigo Lyra.

PUBLICIDADE & WEB: Armindo Simão Filho.

PRODUÇÃO DE VÍDEO: Luca Pacheco.

DESIGNER: Java Araújo

WEBDESIGNER: Kiko Secchim, SJ.

CONTATO: Rua Afonso Pena, 179, Santo Amaro, CEP: 50050-130, Fone/Fax: (81) 2119-.4409 E-mail: assecom@unicap.br

Críticas e/ou sugestões, envie um e-mail para a redação do Boletim UNICAP

O Boletim Unicap é distribuído exclusivamente para os alunos, ex-alunos, professores, funcionários, instituições de ensino superior e empresas de comunicação. Caso queira cancelar o recebimento desta publicação, ou alterar seu e-mail, escreva para

 

 
   
 
Busca  
   
Twitter
       

l Assecom | Boletim | Agenda | Fotolog |
 | Busca | Minuto Unicap |

       

UNIVERSIDADE CATÓLICA DE PERNAMBUCO
Rua do Príncipe, 526. Boa Vista - CEP 50050-900 - Recife - PE - Brasil - fone: 55 81 2119-4000