SAUDAÇÃO AO NOVO REITOR
Padre Paulo Menenes

Padre Paulo MenezesFui designado para saudar o novo Reitor em nome da Comunidade universitária. Não entendi por que justamente eu, quando temos oradores de brilhantes retóricas, além de pró-reitores e decanos ornados de prestígio e de poder. Achei assim que meu único mérito era a idade; tinha prevalecido o princípio “Matusalém”, finalmente. Quando eu era jovem, só as pessoas de idade tinham valor. Quando envelheci, foi a vez dos jovens: os velhos “já eram”, estavam ultrapassados. Assistir assim no fim da vida a revalorização dos anciãos, como nas culturas antigas, não deixa de ser gratificante, embora reste pouco tempo para desfrutar dessa reversão.

De fato, quando Pedro Rubens nasceu em 1961, já fazia alguns anos que eu ensinava filosofia na Unicap, e estava indo a Paris, estudar Ciência Política e Direito Público, pois tínhamos começado uma Faculdade de Direito. Foi justamente então que Pedro Rubens aterrissou neste planeta, e nem o mais arguto dos profetas podia prever que estava destinado a reger nossa Universidade depois de um doutorado glorioso em Paris. No momento em que este ancião saúda a estrela ascendente de Pedro Rubens, há um sentido simbólico por trás do acontecimento: é o passado que conflui no futuro, é a história que se tece diante de nossos olhos.

Na verdade, o tempo humano é qualitativamente distinto do tempo dos físicos: e por isso o passado não se esvai nem se deleta, mas “se encanta”. Na vida da Igreja, o passado é tradição, uma das fontes da fé cristã: na vida dos povos, o passado é história e manancial secreto de sua nacionalidade; na vida das Universidades o passado é a mágica que faz delas uma “Alma mater” com todo o prestígio e riqueza que o termo designa. O passado conflui no presente e dá impulso a seu futuro nessa forma de “encantamento”: e o futuro tem todo o seu tempo para processar esse tesouro, no novo contexto e nos seus desafios.

Agora me lembro que além da minha extensa temporalidade há outro motivo que me indica para saudar a Pedro Rubens: depois de seu diretor de tese, Cristóvão Teobaldo - que escreveu um excelente Prefácio para o livro - sou talvez o maior “pedrorubenólogo”, pois desde os fins de setembro não fiz outra coisa que estudar e traduzir sua tese. Uma tese densa, com ares de enciclopédia, que seria impossível resumir aqui, mas que tem uma linha predominante, que é o discernimento. Discernir é um ato de inteligência e de prudência, que certamente Pedro Rubens vai trazer ao seu governo da Unicap. Mas ele também diz que o discernimento é tanto mais necessário devido à ambigüidade da condição humana, de sua finitude essencial e sua alienação existencial. Contudo, essa ambigüidade estrutural da vida humana é trabalhada pela graça de Cristo que vive na fé, e pela dinâmica de seu Espírito, que conduzem o ser humano em direção de seu “cumprimento” ou seja, de sua plena realização. A tese de Pedro Rubens não é somente um tratado sobre a fé e sua epistemologia, mas também é um livro de fé e de esperança no ser humano que através de todas as suas limitações ruma para Deus no acontecimento “Jesus Cristo” e na força de seu Espírito

Essas duas qualidades, prudência no discernimento e esperança inabalável no ser humano são uma garantia de que o Reitorado de Pedro Rubens vai ter êxito. O Pe. Peters procurou muito alguém que pudesse ser seu sucessor, até que encontrou uma pessoa ideal em Pedro Rubens, pois desejava deixar sua Unicap nas mãos de um intelectual de verdade, que sabe e que ama lidar com idéias; e que tivesse seu desempenho intelectual comprovado por um centro de excelência como Paris. Uma Universidade jesuíta não é feita só para dar diplomas , mas tem uma tarefa mais ampla, o diálogo da fé com a cultura, a presença da Igreja nos desafios sócio-culturais de nosso tempo. São estes também temas que preocupam Pedro Rubens, e tudo indica que vai orientar sua Universidade nessa direção.

Seja pois bem-vindo, Pedro Rubens; a comunidade da Unicap o recebe com alegria e esperança, com o coração aberto e muita disposição de colaborar, para construirmos juntos uma Universidade da qualidade para o bem de Pernambuco e do Nordeste.

UNICAP. 17 de janeiro 2006


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