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Homenagem da Academia Pernambucana de Ciências
Pe. Theodoro Peters, S.J

É uma grande satisfação dar as melhores boas-vindas aos membros da Academia Pernambucana de Ciências nesta casa de Ensino, Pesquisa e Extensão. Certamente, todos estão muito à vontade, sentindo-se em casa, não só pela nossa missão institucional, como pela assiduidade dos eventos mensais aqui sediados, através da mediação do Pe. Ferdinando Azevedo, acadêmico titular e anfitrião por delegação natural e formal. A reunião hoje é uma oportunidade feliz para externar minha admiração pelo glorioso povo do Nordeste em sua opção pela vida de qualidade, pelos valores defendidos em prol da acessibilidade à educação, cultura erudita, científica, tecnológica a favor do desenvolvimento da região.

“A sociedade pernambucana exigiu a presença da Católica como sucedeu no Rio de Janeiro, São Paulo e Porto Alegre. A Unicap foi fundada em 1951, a partir da evolução bem sucedida de sua matriz, o Colégio Nóbrega, e a seguir a Faculdade de Ciências e Letras Padre Manuel da Nóbrega. A Unicap foi a quarta universidade católica a ser fundada no Brasil. Comemora seus 54 anos como universidade de pleno direito, reconhecida pelo Governo Federal. A Unicap foi fundada para oferecer alternativa para a sociedade pernambucana na formação da juventude, para a preparação de quadros humanos qualificados para a região e para a nação. Universidade aberta amplamente ao conhecimento humano sem fronteira. Todo o conhecimento interessa aos campos da especialização e do conhecimento geral. A universidade estimula o desenvolvimento de uma visão de conjunto sobre o específico do conhecimento. A universidade acumula conhecimentos de geração em geração, através de sua biblioteca, banco de dados, laboratórios, publicações e ensino. A universidade ensina a aprender continuamente, desenvolve metodologia científica para a busca e verbalização do conhecimento. Ao longo de sua história, formou 57.336 pessoas não só para atuarem profissionalmente em empresas públicas e privadas, como para atuarem no avanço do conhecimento pelo conhecimento, através do exercício da pesquisa na própria universidade e nas suas congêneres aqui e fora de nosso estado. A universidade conseguiu, ao longo da história, expressar seu ser através do ensino às gerações, formando-as para o futuro da pesquisa geradora de novos conhecimentos, ultrapassando os limites do conhecido e legando inovação científica e tecnológica, através do transbordamento de seu agir na extensão. Esses pilares expressam o que se passa em uma universidade: atividade contínua em sala de aula, laboratório, trabalhos de grupos, preparação de projetos e sua execução como resposta aos desafios vividos pela sociedade ao seu redor. Como pode o conhecimento ser colocado ao alcance da população? Como o patrimônio público responde à finalidade pela qual foi criado? O forte de uma universidade é ser pólo estimulador de conhecimento, de capital humano de qualidade, de respostas aos problemas de nosso povo. Como a universidade vê a sociedade na qual está enraizada? Como a sua presença estimula desenvolvimento? Como interessar toda a comunidade acadêmica a aumentar a velocidade de suas respostas? São perguntas que mostram que a universidade está viva, atuante, influenciando na transformação da própria sociedade.

Nossa universidade é pública não estatal. É uma universidade comunitária, fundada pela sociedade pernambucana para a formação de sua juventude, para o aprimoramento profissional de sua população. Significa que não é uma universidade de um grupo fechado. A UNICAP (1995: 72/73) é uma Universidade Comunitária, no sentido de que subordina, mais claramente, suas atividades às necessidades da sociedade, confirmando, dessa forma, sua vocação à solidariedade e contribuição aos desenvolvimentos regional e nacional. Reconhece que esse é um requisito implícito de seu caráter comunitário: prestar um serviço de utilidade pública, não estatal, de interesse coletivo e sem fins lucrativos, utilizando e destinando seus recursos para alcançar, constantemente, a melhoria da qualidade dos seus serviços. É qualificada como católica, ou seja, universal, sem discriminação. A palavra católica é a correspondente grega da latina universal, para todos, de todos. A Católica foi fundada em articulação na sociedade para formar as pessoas em nível universitário, referenciadas em valores universais. Valores que valem para todas as pessoas. O seu lema “Veritati et Vitae” e fonte e objetivo de toda a formação. A começar pela verdade. A busca da verdade é a finalidade de todo raciocínio humano na busca do conhecimento. Qual é a realidade? Como se expressa? Quais as leis que, repetidas nas mesmas condições, permitem criar o fenômeno em exame? A verdade no uso honesto da razão humana é o ímã que atrai o sábio, o erudito, a pessoa de opinião coerente. A verdade não é atingida de uma só vez; vai por níveis, aprofunda-se, e, como atividade humana, precisa parar em alguns estágios para recuperar a marcha. Chega-se à evidência objetiva pelo uso da razão. A razão humana, aberta a toda a verdade, prepara-se para adentrar na especulação existencial com o transcendente que a atrai continuamente. O ser humano é imantado pelo que o transcende, que vai além dos limites do conhecimento humano. A filosofia abre as portas para a relação religiosa com o sagrado, com os mistérios que a razão humana não pode dominar. Nela, vivem-se os problemas da limitação humana no espaço e no tempo: a dor, o sofrimento, a fatalidade, a morte, a ânsia de sobrevivência imortal. Nossa universidade adentra à luz da fé essas questões propostas a toda pessoa de boa vontade. É confessional sem proselitismo, respeita a todas as opções, propondo sua fé, sua crença, sua mediação no conhecimento e no procedimento humano à luz da revelação cristã e da tradição do magistério eclesial. Adere plenamente a afirmação do Siracida 19:28 “A ciência do Mal não é sabedoria”. De que serviria uma ciência que só desanima e destrói... O complemento do lema é a vida. A Católica está a serviço da vida humana de qualidade para todos os membros da sociedade, para toda a espécie humana. A vida humana não reina absoluta, faz parte de cadeias condicionantes. A pessoa humana faz parte do mundo criado e interage na busca de um equilíbrio sustentável. A vida humana, em sua fragilidade, necessita de cuidados especiais. O uso da natureza a serviço da vida exige maior nitidez hoje do que em outros tempos com relação à clarividência de que a vida só se conserva em contexto de vida. As florestas, os mananciais, o mundo animal fazem parte da companhia humana. O homem isolado não terá condições de qualidade de vida. A revelação bíblica destaca um jardim como ambiente propício para a criação, ou seja, o ser humano, dotado de razão, interage com todos os seres. O desejo do Criador foi de destacar a pessoa humana, homem e mulher, como responsável pelo cuidado de todo ser criado, discernindo o uso para a própria sobrevivência e perpetuação da espécie. Algumas espécies estão sendo extintas por razões naturais, como sismos, enchentes, secas, aridez, clima... em razão da interferência humana indiscriminada no meio ambiente e no próprio “habitat”. A ação humana danosa à natureza atenta contra a qualidade de vida do autor, diretamente ou na das gerações futuras. Há, em nossos dias, crescimento da consciência ecológica, do respeito à natureza. Em Pernambuco, assistimos às conseqüências da construção de SUAPE, com efeitos na orla, nas marés e na aproximação feroz dos peixes de grande porte. A vida exige cuidados desde a sua gênese. Cuidados materiais, psicológicos, éticos. A vida humana é sagrada desde a origem, com o direito de nascer em boas condições para a matriz e para o feto em geração. A vida, desde o seu início, é um direito da pessoa humana. Como tomar decisões científicas para o progresso da medicina preventiva e corretiva sem considerar a vida inicial como objeto a ser manipulado? Como fazer todo o percurso necessário à descoberta da solução sem eliminar vidas? A reprodução assistida oferece possibilidades a muitos casais que não desejam adotar, como proceder com os embriões em excesso? Eliminar pelo tempo de validade no banco de embriões ou, já que seriam sacrificados e desperdiçados, usá-los a serviço de outros doentes? Pode o homem e a mulher manipular, decidir sobre quem tem chances de viver, sobreviver, continuar a viver? Pode-se, à luz da dignidade humana, decidir a interrupção da gestação ou a terminalidade de uma vida? São campos de muita objetividade para a ciência moderna, mas de muito pouca isenção para quem está envolvido nos problemas de algum familiar dependente de célula tronco para corrigir problemas gravíssimos de saúde. Aumentando a longevidade, podem-se aumentar os sinais de senilidade e demência. Antigamente se falava em pessoa esclerosada, hoje já se pode classificar a degeneração do organismo em vários males: Alzheimer, Parkinson, falência orgânica. Outras questões ligadas à ética se apresentam no exercício de cada campo profissional. O bem deve ser feito e o mal evitado. Como é visto e aplicado esse imperativo moral em nossa sociedade? A vida necessita de paz. A paz é agredida pela violência em todas as suas manifestações. A violência pela maldade humana, pela incapacidade de ver no outro a imagem e a semelhança divina e de si mesmo. Nega-se a liberdade alheia num assalto violento, num latrocínio. Diante de um assaltante, o que fazer? Como lidar com o crime que se organiza, com a sociedade de consumo que incita à bebida e a outras dependências mais aviltantes da capacidade de tomar decisões à altura da dignidade humana? A dignidade da vida da pessoa portadora de necessidades especiais para participar plenamente da cidadania, do infrator, do sem teto, da terceira idade. O lema da Unicap – Vida e Verdade – expressa a sua missão, reapresentando-se como a melhor credencial de sua integração com a sociedade. Realiza bem o que se propõe, formando capital humano de qualidade. É o que vimos fazendo, ao longo de nossa história, para Pernambuco e para o mundo, a partir de nossa base operacional: o Recife.

A Unicap, confirmando seu desempenho como agente participativo do processo de desenvolvimento sociocultural, científico e tecnológico de Pernambuco e do Brasil, tem realizado investimentos para a consolidação da Pesquisa e da Pós-graduação. Desde 1999, têm-se realizado as Jornadas de Iniciação Científica e a Mostra de Pesquisa, Pós-graduação e Extensão, mobilizando as comunidades interna e externa à Universidade. Conta com um Programa Institucional de Base de Iniciação Científica – PIBIC, com mais de 300 bolsas institucionais. Além disso, recebeu uma cota de bolsas PIBIC do CNPq e outra da FACEPE numa clara demonstração de maturidade do seu programa. Participa, ainda, com 31 bolsas do PIBIC Jr. A UNICAP conta, hoje, com 33 Grupos de Pesquisa, cadastrados e certificados no Diretório do CNPq, em 7 áreas do conhecimento. Participam 340 docentes, 248 estudantes e 31 técnicos, com 91 linhas de pesquisa. Além disso, tem desenvolvido programas e ações voltados à melhoria da qualidade do ensino, da pesquisa e da extensão universitária, o que pode ser observado, especialmente, através do contínuo registro de crescimento das participações de doutores e mestres na composição do quadro docente. O percentual de docentes com titulação entre mestres e doutores da Instituição já ultrapassa 71%. Os Laboratórios de Pesquisa da Universidade estão todos devidamente equipados e em pleno funcionamento. Atualmente, 138 docentes estão cursando diferentes Programas de Qualificação, em sua maioria mestrado e doutorado. É também crescente o número de alunos bolsistas e estagiários na formação das equipes responsáveis pela execução dos diversos projetos de pesquisa, nas áreas sociais, humanas, técnicas e científicas”.

A Comunidade pernambucana quis suas universidades para formar pessoas que pudessem solucionar os graves e contínuos limitadores na vida do povo. Foi assim que nasceu nossa universidade, nasceu da vontade da comunidade católica e cristã, da comunidade pernambucana ávida de opções plurais para formar sua juventude, para conformar massa crítica em prol de gerar conhecimento científico, soluções sustentáveis, transformar a face do estado e do Nordeste. Nesta trajetória da Unicap, deram-me a oportunidade, durante vinte anos, quase completados, de caminhar junto com esta comunidade e, através dela, com todo o universo científico a partir de Pernambuco, tanto em nível nacional, como latino-americano e internacional. Foi uma ventura percorrer caminhos novos na busca do estado democrático, na hierarquização das prioridades, na fundamentação das decisões públicas, criando cultura pública não estatal. A Unicap foi plataforma para o trabalho e, ao mesmo tempo, beneficiária do trabalho. A partir da Unicap, liderei, em nível nacional, as universidades católicas e confessionais na ABESC e no CRUB, defendemos propostas nacionais para o financiamento estudantil e dos projetos de qualidade; em nível latino-americano, fundando e presidindo 8 anos a AUSJAL, em nível internacional, fazendo parte da Direção da FIUC nestes últimos seis anos. A Unicap me fortaleceu e por isso mesmo saiu fortalecida. Os contactos internos e externos ajudaram a implantar o processo de planejamento participativo a ponto de as decisões serem tomadas em consonância com a expectativa dos docentes e pesquisadores da Unicap. O crescimento em auto-estima de professores dedicados longos anos ao ensino, ao serem incentivados a partirem para o doutorado, apesar da idade, foi muito importante para que a Unicap institucionalizasse a pesquisa, o pibic, os mestrados e agora caminhe segura para a apresentação dos primeiros doutorados. A presença dos senhores avaliza a vontade de qualidade desta universidade nordestina, brasileira, latino-americana e com vários convênios de intercâmbio internacional. É a contribuição para levar Pernambuco como referencial de trabalho sério, continuado, libertador. O selo da Companhia de Jesus nos torna imbatíveis na articulação entre fé e política, cultura, justiça e diálogo intercultural. Não direi adeus, na universidade e na comunidade cientifica não há rupturas, não há fronteiras; certamente, é momento de receber novas missões após deixar a Unicap em excelentes mãos. O novo reitor liderará os pró-reitores, os coordenadores, decanos, professores, pesquisadores, técnicos, estudantes, antigos alunos e a relação com a sociedade científica, cultural e política. A Unicap é pernambucana, nordestina, católica, cristã, comunitária, pública não-estatal a serviço do desenvolvimento regional, nacional e latino-americano. Quer apoiar formando empreendedores para o mundo do trabalho, para a continuidade da pesquisa, para a fixação de nossos jovens e nossos cérebros nesta bela terra pernambucana. Como universidade comunitária, filantrópica, de ação social, prima pela sua responsabilidade social, criando condições, fomentado clima de inserção cultural de seus participantes para que desperte vocações de serviço dedicado e bem direcionado para atualizar o potencial de nosso povo em ações de cidadania, qualificação profissional, empreendedorismo testemunhando sua vocação católica cristã. Com reconhecimento e gratidão pelo apoio que sempre recebi da comunidade pernambucana e da intelectualidade desta terra, expresso minha alegria pelas oportunidades que me foram oferecidas e pela acolhida generosa, exigente e portadora do coração nordestino. Contem sempre comigo, solidária e fraternalmente.

Pe. Theodoro Peters, S.J.
R E I T O R
05/11/2005

Citação de abertura da II Semana de Integração – Universidade e Sociedade, 13.09.2004)


Boletim Unicap

:: Expediente ::

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