Auto-homenagem a Tereza Halliday

Tereza Halliday - destaque e corpo RP 

Há sete dias, a egressa e ex-docente do curso de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco (Unicap), a PhD Tereza Lúcia Halliday está arguindo novos “Atos Retóricos” em outro patamar (1) – nível superior ao nosso planetário. O curso de Relações Públicas homenageia a mais “brilhante” aluna de Jornalismo de Luiz Beltrão – confidência de seu colega de docência e amigo Roberto Benjamin -, com sua contribuição (texto completo) aos 50 anos do curso, em 2011, por nós solicitada (2).

From: Alfredo Sotero <alfredosotero1@gmail.com>
To: terezahalliday@yahoo.com
Sent: Monday, August 22, 2011 9:38 PM
Subject: 50 anos do Curso de Jornalismo da Unicap – apoio

Prezada Profª Tereza, boa noite! Tudo bem?
Meu nome é Alfredo Sotero, professor da Unicap.[…]. Em meados do semestre de 2010.2 falei com Benjamin. Ficamos de marcar reunião com você para conversarmos sobre homenagem aos 50 anos de Jornalismo da Unicap… Sabemos do prazo mas, em todo caso, gostaríamos se possível, de contar com sua ajuda…

Em 22 de agosto de 2011 21:52, Tereza Lúcia Halliday <terezahalliday@yahoo.com> escreveu:

“Alfredo:

Terei todo prazer em colaborar. Como concluinte da terceira turma do Curso de Jornalismo, faço parte dessa história. Preciso dar uma remexida em minhas prateleiras a fim de localizar volumes de Comunicação e Problemas. Quem sabe, consigo encontrar o último? Não, não tenho os estatutos do Incinform. Posso redigir um pequeno depoimento sobre o Incinform, baseada em recordações das atividades nas quais o prof. Luiz Beltrão nos envolvia”.

“LEMBRANÇAS DO ICINFORM
Tereza Lúcia Halliday, Ph.D.

Concluinte da Terceira turma de Jornalismo da Universidade Católica de Pernambuco – 1965
(Paraninfo: D. Helder Câmara)

No início da década de 60 do século XX, a Universidade Católica de Pernambuco tinha um único prédio de salas de aula, de formato sinuoso, ao lado do velho casarão que era a residência dos padres jesuítas, na rua do Príncipe. Todos os cursos eram noturnos. No oitavo andar, o de Psicologia; no sétimo andar, o de Direito; no sexto andar, o de Economia. E no quinto andar, o curso de Jornalismo, fundado e dirigido pelo jornalista Luiz Beltrão (1917-1986). Esse pioneirismo contou com o apoio e parceria do Pe. Aloísio Mosca de Carvalho, S.J., reitor da Católica e professor de Ética de Jornalismo e Doutrina Social da Igreja no recém-fundado curso.

A mídia de então era descrente de que se pudesse ensinar a jornalistas na universidade. Mas, quando fui fazer estágio no Diario de Pernambuco, já sabia redigir notícias, conhecia a fórmula 3Q+Co+Pq, tivera exercícios práticos de entrevista, crônica e reportagem.

Na Católica, Beltrão adotou o binômio ensino-pesquisa, criando, junto ao curso de Jornalismo, o Instituto de Ciências da Informação (ICINFORM). Com um sorriso maroto, dizia: “O ICINFORM funciona porque não existe”. Comparava-o ao Center for Mass Communication Studies de Marshall McLuhan, na Universidade de Toronto, o qual, também, só tinha papel timbrado e a sala de trabalho de seu criador. Sem estrutura organizacional, o ICINFORM era só processo e funcionava com o carisma de Luiz Beltrão e nós, alunos, trabalhando como voluntários datilógrafos, revisores, redatores, office-boys. Lembro-me de ter trazido de casa duas poltronas usadas de bambu com almofadas dupla-face, que meus pais iam substituir por cadeiras de terraço mais leves. Levei-as para o quinto andar da Católica em atenção ao pedido de doação de mobiliário e objetos de escritório para o ICINFORM que, nos seus primórdios, só tinha uma estante de ferro e um birô emprestado pelos padres.

Contrariando a brincadeira do próprio Beltrão, ficou uma prova cabal da existência do ICINFORM: a revista Comunicações & Problemas, cujo formato em duas colunas ele tirou do então periódico-modelo de pesquisa da comunicação – o Journalism Quarterly. Eu era “convocada” a escrever os resumos em inglês dos artigos de C&P. Aliás, Beltrão superestimava o nível do meu inglês naquela época…

Criando o ICINFORM, Beltrão tornou a Universidade Católica de Pernambuco uma pioneira da Pesquisa da Comunicação no Brasil. Teve dois grandes herdeiros acadêmicos: José Marques de Melo, concluinte da segunda turma (1964), pesquisador de Jornalismo Comparado, autor de vários livros e um esteio dos estudos brasileiros de Comunicação. E Roberto Benjamin (concluinte da primeira turma, 1963), pesquisador alentado e autor de livros na área da Folkcomunicação – menina dos olhos de Beltrão.

Recife, 24 de agosto 2011”.

0102 Tereza Halliday com Roberto Benjamin (de óculos) e Ricardo Nunes, por ocasião da visita do Profº Raymond Nixon (de chapéu) para estudo dos cursos de Jornalismo da América Latina, 1969. Fotos: acervo Projeto Memória – Unicap.

 

(1) 19/12/1944 | 24/04/2015

(2) Vê registros da exposição Máquina (In)Orgânica de (In)Formação-Mundo! 50 anos de Jornalismo Unicap, 1961/2011, publicada na plataforma da Agência Experimental em Relações Públicas (AgerP).

3 Respostas so far.

  1. José Fernando Souza disse:

    Pois é Sotero, a Universidade Católica cumpre a parte triste do seu destino, a de testemunhar e lamentar o desaparecimento de alunos brilhantes que formou. A comunidade de educadores e a intelectualidade pernambucana também estão de luto, assim como nós os amigos e admiradores de Tereza Halliday-Levi.

  2. maria ines rocha de Fraidenraich disse:

    Como amiga de varias decadas, aprecio a homenagem a Tereza, cuja partida lamentamos profundamente.
    Encaminho a mensagem para a família. e a outros amigos.obrigada.

  3. Aline Grego disse:

    Tereza
    Sem dúvida, Tereza deixa uma grande lacuna, não só pela excelência do seu trabalho, enquanto pesquisadora e docente, mas pela pessoa apaixonada que sempre foi pelas inquietações provocadas pelo campo da Comunicação. Nós que fazemos o curso de Jornalismo da UNICAP também precisamos render as homenagens a essa batalhadora, junto com Beltrão, pela qualidade do curso e das pesquisas desenvolvidas, e forma pioneira, sobre o jornalismo pernambucano e a comunicação de um modo mais amplo.






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