24 de dezembro de 2012
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IV Conferência Internacional de História Econômica & VI Encontro de Pós-Graduação em História Econômica 
USP/São Paulo, outubro de 2012.

TITULO: RECIFE MASCATE. A AVENTURA EMPREENDEDORA LUSA NA 
PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX 
AUTOR: Prof. Dr. Luís Carvalheira de Mendonça, professor adjunto III, pesquisador associado do Grupo de Pesquisa Estudos Transdisciplinares em História Social do Departamento de História da Universidade Católica de Pernambuco. Email: lcm@unicap.br 
INTRODUÇÃO: Artigo baseado no livro do autor de título idêntico, publicado pela Editora Garamond, Rio de Janeiro, 2011. É pesquisa interdisciplinar que se apóia em estudos migratórios, históricos, culturais e econômicos porque nesse interregno de tempo, a cidade do Recife atravessava a era da modernidade. Analisa a ação dos lusos como grupo étnico que atuou em rede de capital social. Para este artigo, os capítulos 3º, 4º e 5º do livro foram resumidos no primeiro tópico abaixo, o capitulo 2º, original do livro, relativo ao referencial conceitual, é recuperado sendo aqui tratado como segundo item, denominado de conceitos-chave. Já as colocações do capitulo 6º em diante do livro são a fonte da exposição dos demais. Assim, baseado nos capítulos 3º e 4º relativos à imigração de Portugal para o Brasil, pode-se afirmar que o Recife não foi alvo preferencial dos imigrantes europeus no período diferentemente do século XIX onde esta cidade foi uma das buscadas pelos lusos. Aliás, os demais imigrantes europeus ou asiáticos que demandaram o país no período também não se voltaram para aqui. A razão está evidenciada no livro. São duas: 1) expansão da cultura do café na região do Vale do Paraíba e 2) em segundo, a atração exercida pela capital da República, a cidade do Rio de Janeiro. Mas, em Pernambuco a influência lusa havia criado raízes e exercido grande influência assunto que será objeto do item a seguir. 
1-NORDESTE PROFUNDO, NORDESTE LUSO: A influência na cultura dos negócios, desde a herança mascate, deixada pelos lusos sobre a o Nordeste e o Recife foi indelével, dai porque está dito que o Nordeste profundo é galego, é português. Se aqui foi a região do ciclo do açúcar, se aqui foi o lócus privilegiado onde a economia criou raízes e prosperou, foi aqui, no Norte Agrário, além da Bahia e do Rio de Janeiro, que a cultura portuguesa lançou suas primeiras e definitivas bases. Para reforçar a profundidade e extensão desses antecedentes e interdependência com o que se chama de Nordeste profundo, esta região, Pernambuco e o Recife se transformaram em depositários desta tradição portuguesa dos séculos anteriores, tradição esta que se irradia ainda hoje sobre diversos aspectos da sociedade e dos negócios. Na órbita das relações civis e comerciais, o núcleo duro da mentalidade dos negócios praticada em Pernambuco e no Recife herdou de Portugal muito de seus fundamentos. O português, mesmo dissolvendo-se na expressão de Freyre (1940), trouxe da Europa e aqui difundiu noções básicas – construtos – de receita e despesa; de escrituração mercantil elementar; de relação comerciante x freguês1melhor do que a recente expressão cliente de origem americana; da negação formal da venda fiado e da afirmação da venda pela caderneta, sem se deixar, por outro lado, de mencionar-se o jeito de fazer negócio lastreado na confiança das palavras das partes, ou, como se diz, baseado no fio de bigode. Não se pode deixar de referir ainda ao tripé casa, família e trabalho ou na ordem inversa, trabalho, casa e família, uma das mais complexas heranças portuguesa, porque tem intensa conexão com o mundo dos negócios, naquela altura e perdura até hoje. O item seguinte trata dos conceitos de empreendedorismo, empreendedor e empreendedorismo étnico e discute o enquadramento dos lusos dentro desses dessas dimensões no cenário de mudança do período.
2- CONCEITOS- CHAVE: A investigação histórica sobre empreendedorismo no Brasil em geral e no Recife em particular, não é uma tarefa fácil. Há uma omissão sobre o papel do empreendedor na cultura e na historiografia nacionais. A propósito, um dos mais prestigiados historiadores de Pernambuco, Pereira da Costa2 simplesmente omite na sua vasta bibliografia referência a empresários e/ou empreendedores. Para ele, a história parece ser feita apenas por meio da política, cultura e ação do estado. Mais ainda, se ação empreendedora for o comércio como é o caso predominante da investigação, o desprezo é grande. Trata-se, portanto, de uma omissão no que concerne ao papel do empreendedor na vida do país e da cidade. Há, pelo menos, três causas dessa omissão, porque como assinalou Marcovitch: “Os empreendedores brasileiros são mais desconhecidos do que os índios” (2003, p.15). Em primeiro lugar, os historiadores não dão destaque às firmas, salvo firmas ou empresas industriais, e mesmo quando as analisam, a tradição da historiografia os leva a hipervalorizar o Estado. De fato, não há referências significativas sobre a contribuição da empresas para a construção da Nação. Quando a empresa torna-se industrial, há alguma menção não apenas à empresa, mas até ao empreendedor. Quando ela é unicamente comercial, então parece existir um verdadeiro desprezo pelo papel do comerciante empreendedor e pelo seu negócio propriamente dito 3. É fácil identificar, em segundo lugar, na formação cultural da elite brasileira, o preconceito contra o labor comercial, como revela Azevedo (1958). Nesta tradição, esse tabu sempre existiu e ainda se manifesta na atualidade, por grande parcela da intelectualidade, haja vista a escassez de estudos voltados ao tema. Existe uma postura intelectual contra pessoas, empreendedoras ou não, que se dedicam a atividades ligadas, direta ou indiretamente à geração de capital através de empresas. Tais empreendimentos e seus atores seriam vistos apenas como agentes do capital, e não mereceriam ser analisados, salvo sob a perspectiva acro da dinâmica do capitalismo. Nos espaços dessas organizações não são percebidas produção cultural simbólica, inovação, relações humanas ou afetividade. A recusa ideológica  deixa luz para enxergar o protagonismo dessas organizações e atores, suas histórias e contribuições. Em terceiro, a pesquisa defronta-se com uma decisiva presença do estado presença, aliás, derivada da tradição portuguesa. Ora, quanto mais governo, menos empreendedorismo, logo a cultura nacional não seria um ambiente propício ao empreendedorismo, como denuncia com propriedade Carbone ao afirmar existir na cultura brasileira tem uma habilidade ímpar de neutralizar empreendedores. (CARBONE, 1996). Não obstante esta tal tabu, a suposição básica do ensaio é que os comerciantes empreendedores jogaram um papel de relevância no período no Recife. Houve uma sinergia entre a ansiedade da elite para consumir e a resposta dos empreendedores comerciantes e neste contexto são realçadas inovações do imigrante português, muitas das quais requalificaram espaços e redefiniram comportamentos. Os conceitos-chave que guiaram a pesquisa são abordados a seguir. Os temas do empreendedorismo e empreendedor, não gozam de consenso, na literatura cientifica que versa sobre o assunto. Filion já disse que “há muita confusão sobre o termo empreendedor” (1999). Há diversas acepções a conceituá-los tratando-se de um termo que encerra uma fluidez polissêmica apreciável. Apesar de tudo, há convergências. Assim, a paternidade da expressão se deve a Jean Baptiste Say, economista francês que viveu no século XIX e a usou no texto intitulado Tratado de Economia Política. Dai porque a expressão entrepreneur é um galicismo na língua portuguesa. Há, ainda, outro consenso. Foi o economista austríaco Josef Schumpeter por meio do seu livro, intitulado Teoria do Desenvolvimento Econômico (1961) que analisou a evolução do capitalismo e introduziu a idéia de que tal sistema econômico atravessa crises cíclicas e que, nesses momentos há pessoas que enxergam oportunidades para inovar através do lançamento de novos produtos, novos mercados e novos processos de produção. A partir dessa obra, o conceito passou a ser difundido e aplicado nos ambientes acadêmicos, em especial na área da economia. Como enfatiza Leite (2000), o traço fundamental do capitalismo, seria segundo Schumpeter, a destruição criativa, que incessantemente revoluciona a estrutura econômica, destruindo a velha e criando a nova. Ora, o empreendedor seria o agente dessa mudança, porque a enxerga e introduz a inovação, destruindo a velha estrutura tudo conforme sua paradigmática expressão definidora do empreendedor:  O empreendedor é o impulso fundamental que aciona e mantém em marcha o motor capitalista, constantemente criando novos produtos, novos métodos de produção, novos mercados e, implacavelmente, sobrepondo-se os antigos métodos menos eficientes e mais caros. (1961, p.27, grifo nosso). Na trajetória das expressões, merece ser destacada ainda a abordagem psicológica de David McClelland (1961) que, a partir da sua teoria das necessidades de poder e de realização, (need of power and need of achievement), ampliou o escopo da matéria para o âmbito comportamental da psicologia das pessoas empreendedoras. Posteriormente, nos anos sessenta nos Estados Unidos, Peter Drucker (1986), agregou à dimensão comportamentalista, a idéia que o empreendedor não seria somente aquele homem introdutor de paradigmas, defendido por Schumpeter, mas pessoas que tivessem condições de desenvolver suas aptidões empreendedoras latentes. Para ele o empreendedorismo é um comportamento e como tal pode ser despertado. Ao lado da inovação, oportunidade e mudança, o empreendedor, ou melhor, dizendo, o espírito empreendedor não seria algo encontrado apenas na cabeça dos grandes visionários. As pessoas que enxergam oportunidades e que ousam satisfazer as necessidades vislumbradas nessas oportunidades, qualquer que seja o tamanho ou a natureza da organização, seriam pessoas dotadas do espírito empreendedor. (De fato, nos termos do já salientado nesta revisão, podem-se destacar três atributos que não devem deixar de existir na compreensão do que seria empreendedor: I) inovação; II) visão de oportunidade; e III) mudança. Além do mais, as mudanças impulsionadas pela ação empreendedora não se restringiriam ao campo da economia. Empreendedores da educação, da saúde, da política e de outros campos, encontram as mesmas dificuldades e soluções que os empreendedores da economia. Dentro dessa sua visão enlarguecida, a história de qualquer país está cheia de empreendedores, que enxergaram mudanças, perceberam oportunidade e ofereceram à sociedade novos processos, novos produtos e em especial novas soluções organizacionais e institucionais suprindo necessidades da sociedade tanto por empresas como por organizações e instituições em geral. Houve, então, na história do Recife, centenas e talvez milhares de pessoas que, nas suas respectivas áreas, inovaram, tornando-se impulsionadores das mudanças. Oportunidade, inovação, mudança vis a vis novas necessidades sociais e mercados, novos métodos, novos produtos e novas organizações ou instituições integram o universo empreendedor. A essas idéias os pesquisadores juntaram o conceito recente de empreendedorismo étnico, objeto da exposição a seguir. É expressão multidisciplinar que tenta explicar o comportamento das pessoas em estado de relação social de grupo. Diversos estudos abordam o assunto (FAZITO 2002; MARTES e RODRIGUEZ, 2004; MILANI, 2005; MARTINELLI, 2007; SACOMANO e TRUZZI, 2007) no caso de nacionais vivendo em outros países. Aliás, este é um tema desafiante que tem preocupado atualmente governos e nações. No Brasil, há pesquisas analisando o comportamento de imigrantes nacionais no estrangeiro e de nordestinos que vivem no Sul em situações de rede social. Machado (2008) explora a vivência de brasileiros migrantes na cidade do Porto, Portugal e oferece vasta bibliografia de casos brasileiros no exterior. Na essência, a idéia se constrói a partir da articulação de um estoque de capital social e de uma rede de relacionamento. Trata-se de um campo novo, que reúne teoria de rede do capital social, migração e iniciativas econômicas,micro e macro. Sua base fundamental é o capital social4, instalado em uma comunidade de um mesmo grupo. Tanto sob o ponto de vista sociológico como econômico, uma justificativa desses estudos decorre da constatação de que, nem as leis do mercado, nem tampouco as regras do estado planejador e concentrador, justificam plenamente a conduta das pessoas na hora da tomada de decisões econômicas. Instâncias lastreadas em normas, valores e crenças interferem na motivação dessas decisões. Esse é exatamente o tema dos estudos do capital social. O suposto básico é que um grupo étnico5 comprometido com sua cultura, uma vez no novo ambiente, opere uma rede de estabilidade e de confiança, para o imigrante recém chegado, cuja vida vem marcada pela incerteza, expectativa em relação a oportunidades de trabalho e a diferenças culturais do novo país. Uma variável relevante é que, além dos vínculos de conterraneidade, devem-se levar em conta as habilidades que o migrante disponibiliza para o grupo social que o acolhe. Nesta área das habilidades, há países, hoje em dia, por exemplo, que fomentam a imigração especializada, e logo se beneficiam das habilidades que o estrangeiro pode agregar. O Canadá é um exemplo nesse rumo. Na hipótese dos lusos no Brasil, Pescatello, mencionado por Sacomani Neto e Truzzi (2007) comenta que eles trouxeram a habilidade para contatos pessoais, daí a razão porque eles teriam se dedicado em sua maioria ao comércio. Leite (1994) igualmente salienta que os jovens imigrantes que se dirigiam ao Brasil, já detinham habilidades de poupança e de negociação adquiridas nas feiras das cidades de suas origens. Ilustrativo no contexto histórico é o fato de um dos entrevistados desta pesquisa ter declarado que foi convidado para vir para o Recife e casa de lanche porque detinha o conhecimento de pasteleiro,adquirido quando servira ao Exército, lá em Portugal. Nesse sentido, pode-se inferir que o imigrante luso agregou ao capital social da comunidade lusa recifense suas habilidades, fazendo, portanto a diferença. As motivações culturais, os conceitos de grupo de referência e o de rede de relações reforçam a idéia de que o empreendedor em grupo dispõe do capital social que o pode ajudar 6 Eles acessariam os dados para os processos de adaptação e ajustamento interno no grupo e, fundamentalmente, para inserção no novo ambiente, o ambiente estrangeiro. A expressão que dá a mais fiel representação do conceito é a de imersão traduzida de embeddedness, formulado por Granovetter, assim enunciada: As ações econômicas dos agentes estão inseridas em redes de relações sociais (embeddedness). As redes sociais são potencialmente criadoras de capital social, podendo contribuir na redução de comportamentos oportunistas e na promoção da confiança mútua entre os agentes econômicos. (GRANOVETTER apud MILANI, 2005, p.08). Nos capítulos seguintes análise do ambiente de modernidade do Recife e, posteriormente, exposto de que maneira o espírito empreendedor dos lusos e descendentes se moveu neste teatro de operações.
3- O BAILE DA MODERNIDADE NO RECIFE: A partir do que se convencionou denominar de modernidade7, aparece a expansão do capital internacional a introduzir novos métodos e processos de produção, consumo, trocas e acumulação econômica, repercutindo, por consequência, na organização da sociedade. O capital inglês traz consigo muitas das novidades e além delas a fábrica, nova realidade no processo de produção, distribuição e consumo de bens e, também, na vida da cidade. Na esteira desse processo, licenças são concedidas aos ingleses, através da The Great Western of Brazil Railway Company Limited e da Pernambuco Tramways & Power Company, para, por meio da primeira firma, explorar o trem, veículo que vai viabilizar as trocas intercidades, com a ligação de outras cidades com a cidade do Recife, mas, em especial, vai propiciar a logística da importação de equipamentos produzidos na Europa e a exportação do açúcar e do algodão aqui plantados; e, com a segunda empresa, oferecer à cidade o bonde e a energia elétrica. Ainda, o novo porto da cidade é inaugurado em 1922, e junto com ele o Bairro do Recife, tem sua reforma concluída. Com este evento, a cidade dá, ente, adeus às ruelas, becos e sobrados esguios, do Corpo Santo e do Cais da Lingüeta. Com efeito, a historiografia econômica sobre o Recife desse período, é abundante – Barbosa Viana, 1900; Melo 1958; Souza Barros, 1972; Singer, 1974; Eisenberg, 1977; Perruci, 1978; Levine, 1980; Lubambo, 1991; Vergulino, 1993 e Lima, Sicsu e Padilha, 2008 – e ressalta, unanimemente, o fato de a cidade ter sido, ao mesmo tempo, um entreposto comercial para abastecer toda a região Nordeste e uma região produtora de açúcar, algodão e de alimentos, este último em menor escala. Nos últimos dez anos do século XIX, ocorreram iniciativas destinadas a modernizar o parque industrial açucareiro, mobilizando recursos privados e públicos. De acordo com Vergulino (1993), houve uma espécie de boom econômico, em decorrência desses investimentos na agroindústria açucareira e, por conseguinte, atividades industriais inter-relacionadas, apareceram no Estado e na cidade do Recife. O dinamismo na Praça do Recife era expressivo o que vem corroborar a afirmativa de Souza Barros de que a cidade era um empório comercial, seja pelas trocas internacionais e nacionais que essas firmas realizavam, seja pela capilarização existente, na variedade e diversidade de casas comerciais para atender ao mercado do comprador local e regional. Por outro lado, Singer chama a atenção para o fato de o crescimento do Recife, no período e décadas seguintes, não se explicar apenas pelo desenvolvimento econômico da cidade, mas antes pela falta de desenvolvimento em toda a área sócio-econômica em que a cidade se localiza. Esta falta de desenvolvimento ocasiona um êxodo rural que acarreta no Recife um processo de crescimento desequilibrado que Gilberto Freyre apodou de “inchação” e que caracteriza a evolução da cidade em todo período mais recente. (1974, p.331). Em que pese essas ultimas dificuldades, a cidade experimentou expansão e renovação urbanas, ao lado de vigor e pulsação em várias áreas, particularmente nos espaços da cultura, educação e política, cujos atores e principais eventos serão objetos de análise nos itens seguintes. Se, até então, os espaços de convivência resumiam-se aos ambientes familiares e festas religiosas, com essas mudanças, a população passa a se deslocar pelos bondes que vão desempenhar papel fundamental na atmosfera da modernidade. Diz um cronista, sobre a época do bonde: Em seus bancos (e nos estribos em pé) se sentavam o trabalhador braçal, o comerciário, o estivador, o açougueiro, o médico, o bancário, o advogado, o chefe de escritório, o engenheiro, o deputado, o juiz, o desembargador, a dama da sociedade, a religiosa. (ALVES DA MOTA, 1982, p.28). As pessoas poderão vir de seus bairros e arrabaldes para o centro da cidade, e aqui poderão ser introduzidas nos templos de consumo moderno das ruas, quase que repaginadas para o que foi, aqui, denominado de O BAILE DA MODERNIDADE. Funções e distinções várias são atribuídas às ruas dos seus três bairros principais: Recife, Santo Antônio e São José. Pulsa ainda, uma vida cultural, liderada por artistas, intelectuais e jornalistas, que oferecem o último componente indispensável para que o Baile se torne real: O discurso da modernidade, o qual é produzido em aliança com as elites da época é explicado por Teixeira: Se, por conseguinte, a intelligentsia recifense – como de resto a brasileira – não coube forjar as bases referenciais em que se fundava o ideal de modernidade belle époque, coube, em contrapartida, divulgar esses ideais de modo a torná-los aceitáveis. (1995, p.8, grifo nosso). Mas, importa saber-se um pouco da geografia e dessas atividades na cidade. A funcionalidade dos bairros do centro do Recife, de acordo com Gilberto Freyre (1934) e Tadeu Rocha (1959), autores que publicaram nos anos 30 e 50, respectivamente, Guias sobre a cidade, seria a seguinte. Ao bairro do Recife, ilha originária que emprestou nome ao porto e à cidade, estava reservado os bancos, o alto comércio, os depósitos de açúcar e de algodão. Já as ruas do bairro de Santo Antônio estavam destinadas ao comércio das modistas, das perfumarias, das joalharias e das confeitarias. Era o varejo sofisticado. Aqui se situavam as Ruas Imperador, Nova e Duque de Caxias, além do Pátio do Livramento. De fato, neste bairro aconteciam as inovações da vida frenética, que os anos vinte e trinta trouxeram. Por último, as ruas do bairro de São José eram mais simples e despojadas, e nelas o comércio praticado era mais barato. O comércio desempenhou papel fundamental nos novos padrões de consumo, na territorialidade das ruas e, sobretudo, no comportamento da população. Esses registros pedem, porém, cuidadosa decodificação. De acordo com Oliveira: As ruas encantam com seus códigos, com suas histórias. As ruas têm fôlego, memórias para serem revisitadas através de profissionais interessados em compreender, no patrimônio histórico-cultural urbano, os signos que educam os sentidos de moradores e transeuntes. (2007, p.59). Na linha do seu argumento, as ruas exerceram várias funções simbólicas, dentre as quais a de indutora da reformulação de padrões culturais de comportamento, dado que os freqüentadores dos cafés, dos cinemas, bem como os apreciadores das vitrines e montras das lojas não desejavam preservar hábitos e atitudes do passado. Com base no novo paradigma almejavam atitudes novas de convivência social, inspiradas nas roupas das vitrines, nas posturas dos artistas dos filmes e nos sabores dos pratos da culinária européia oferecidos nos cafés e restaurantes. O Café Lafayette é um exemplo modelar do se quer dizer aqui. Para exemplificar sua importância, observe-se o seguinte: no acervo do Museu da Cidade do Recife, há seis registros fotográficos desse Café, também denominado de Esquina Lafayette; no acervo da Fundação Joaquim Nabuco, existem, também duas fotos e a foto estampada neste trabalho provém do livro Obra de Propaganda Geral de Pernambuco editado por José Coelho. Ora, não se documenta um prédio privado à toa! Ele representou muito para a cidade, obviamente. Este café, que durou de 1939 a 1969, mereceu encômios de diversos estudiosos, seu prestígio é o maior no modernismo da cidade. Do economista Souza Barros, ao poeta Joaquim Cardoso, os escritores Gilberto Freyre e Câmara Cascudo, passando pelos cronistas da época Flávio Guerra e Danilo Fragoso, cronistas recentes como Lima, Menezes e Paraíso, até aos acadêmicos Sylvia Couceiro e Carlos Romeiro – este último autor de dissertação de mestrado sobre o estabelecimento - todos realçam a clientela e o clima de mudança lá vivido. Fragoso assim o descreve.  Nunca talvez em nenhuma outra cidade do mundo, um depósito de cigarro teve sobre a vida da população implicâncias que a do Lafayette, da firma Moreira & Cia teve sobre o Recife. Ponto não de todos, mas de muitos encontros, ponto histórico de referência. (FRAGOSO, 1971, p.58-59). O comerciante, porém, é o barrado no baile como se diz hoje, daí porque se endossa o ponto de vista da historiadora Amorim, quando estranha o fato de a atividade comercial ser pouco explorada no Brasil como tema de pesquisa, porque alega: “foi obedecendo às solicitações do processo de circulação de mercadorias europeu que se engendrou o espaço produtivo e a própria sociedade brasileira”. (187, p.3). Embora não seja um tema explorado nos textos acadêmicos e nos dos cronistas, discute-se, a seguir, a presença e a relevância dos comerciantes, no Baile da Modernidade no Recife. A bem da verdade, Teixeira (1994) traz à baila a Associação Comercial de Pernambuco, como aliada dos intelectuais, na viabilização da modernidade na cidade. Há, ainda, uma menção explícita do economista Souza Barros (1972), ao senhor proprietário do Café Lafayette. Por outro lado, no plano nacional, há trabalhos de historiadores que discutem o tema dos comerciantes, na formação e consolidação da dinâmica da sociedade brasileira. Fragoso (1998) com o livro clássico sobre Comerciantes de Grosso Trato no Rio de Janeiro, no século XIX, e Caldeira (1994), com o seu ensaio, não por acaso intitulado A Nação Mercantilista, servem de baliza para o que se quer tratar aqui. Ora, assumindo-se que o comércio das ruas chics do Recife -Nova, da Imperatriz, Imperador, Duque de Caxias, Pátio do Livramento- concorreu para a oferta das novidades e para a mudança de hábitos da população, porque ninguém alude aos proprietários dessas lojas? Quais suas estratégias para o consumo conspícuo da clientela modernista de então? Como e aonde eles se abasteciam? Analogamente, se, como informa Couceiro, nesse período assistiu-se ao esplendor dos cafés na cidade, algumas perguntas não foram respondidas pela história. Onde estão os donos dos cafés? Como os cafés funcionavam? Quais suas estratégias, para, na linguagem de hoje, seduzir os clientes? Quem eram seus proprietários? Seriam portugueses? O café existiu sem dono, sem empreendedor! O café teria havido em virtude, exclusivamente, dos clientes- intelectuais políticos e jornalistas - que o frequentavam? Com efeito, além do caso paradigmático do Café Lafayette, que reinou, soberanamente, durante mais de 30 anos, de 1930 a 1969, (Fragoso, 1970), preservando sempre o charme de sua atração, houve várias novidades que a elite usufruiu, com sofreguidão e avidez, oferecido graças à sensibilidade dos comerciantes empreendedores. Dado que tenha havido uma moldura de modernidade a engendrar um teatro de operações para os empreendedores, o que precisa ser feito é identificar e qualificar os eventos empreendedores destacando o papel dos lusos. No capítulo seguinte, a análise dessas questões.
4- AÇÃO EMPREENDEDORA LUSA: A evidência do comportamento étnico- gestão do capital social– dos lusos na área de panificação e, em menor escala, na esfera da construção civil, será tratada em primeiro lugar e o comportamento empreendedor, em variados ramos dos ofícios do comércio e da indústria, à revelia dos preconceitos dos brasileiros, será abordado em segundo. Convém salientar um aspecto sui generis da presença deles no Brasil. O pressuposto fundamental é que o imigrante luso no Brasil e no Recife vivenciou todas ou quase todas as dificuldades que os demais imigrantes encararam quando chegaram ao país. Às vezes, paradoxalmente, a identidade lingüística, de fato, criou uma igualdade ilusória e dificultou em certos aspectos uma mais eficaz absorção do ethos nacional brasileiro. Conclusão: o imigrante luso é tão imigrante no Brasil, como qualquer outra nacionalidade. Para localizar e evidenciar tal comportamento na cidade do Recife será discutida, em primeiro lugar, a postura étnica empreendedora do português, nada mais nada menos do que na esfera da panificação, locus privilegiado de sua atuação empresarial tanto aqui, como no Brasil inteiro.8 No ano de 2001, a AIPP- Associação dos Industriais da Panificação de Pernambuco- publicou livro, intitulado Caminhos do Cinqüentenário (SIQUEIRA, 2001). Na obra, são traçadas biografias empresariais de 49 (quarenta e nove) panificadores, com referências às origem, situação familiar, entrada no setor, estabelecimentos que possui e participação na Associação. Do total de 49 industriais, 19 (dezenove) foram de origem portuguesa, o que corrobora a tradição de presença decisiva deles. Aliás, a hegemonia desta nacionalidade na Associação, está evidenciada também quando estampa fotos de três transatlânticos nos quais os portugueses viajaram para o Brasil. Preliminarmente, deve-se levar em consideração que os empreendedores vieram para o Recife a convite de algum parente-irmão, que nunca deixou de trabalhar arduamente, e que, em todos os casos, eles contaram com apoio dos parentes e amigos referidos e assim o fizeram, utilizando-se da rede de contatos de patrícios, isto é,através deles conseguiam novas oportunidades. Mas, um fenômeno, singular e relevante sob o ângulo do empreendedorismo étnico, está também relatado na mesma fonte. Trata-se da gradativa substituição da hegemonia dos portugueses no setor, nada mais nada menos do que por migrantes oriundos do interior do Estado. Diz textualmente o livro: Deste município surgiu a maioria dos panificadores que fizeram a panificação da Região Metropolitana do Recife. Conhecidos no segmento como a Nação de Aliança´, possuem mais de 100 padarias (…) Dominam o setor neste início do século 21, que antes tinha à frente os portugueses.(SIQUEIRA, 2001, p. 219, grifo nosso). São ilustrativos dos comportamentos desses migrantes internos à semelhança dos portugueses, os seguintes: utilizam-se dos laços de família e parentesco para mobilizar empreendedores. As famílias Coelho, Costa Lima, Tavares Pessoa, Tavares Costa e Galdino Pessoa respondem juntas pela centena de padarias acima referidas; os laços de família implicam em apoio no processo de ajustamento na cidade sob todos os pontos de vista, desde o financeiro até a localização de ponto; há ainda uma espécie de líder, visto como modelo o senhor Otávio Coelho, que comanda e é sempre ouvido por todos, a lembrar o líder Diniz Bravo dos lusitanos. Outra atividade empreendedora, adequado ao padrão de ação de capital social, foram o setor imobiliário e os armazéns de ferragens, madeiras e de construção. É carregada de significado, porque tem tudo a ver com a cultura do imigrante português, tanto no Brasil em geral como muito aparente, na cidade do  Recife. Tais armazéns foram segmentos empresariados pelos lusos, dedicados à demanda da expansão urbana resultado da inchação demográfica decorrente da migração interna dos nordestinos para a grande cidade e, também, para satisfazer às necessidades do setor público nas áreas de remodelação urbana, através da criação de praças e de ruas. Mas, a singularidade da postura dos lusos é que a poupança deles tendia a ser aplicada em i – terrenos, casas ou edifícios, em outras palavras em bem de raiz, tangível, construídos por eles mesmos. Na verdade, havia uma espécie de Cluster (Arranjo Produtivo Local)9, comandado e integrada pelos portugueses no Recife, que gravitava em torno do que se poderia chamar da nascente indústria da construção civil. O arranjo operava e ainda funciona, em menor proporção, em cadeia da seguinte forma: em primeiro lugar, após a poupança, os portugueses compravam terrenos e apostavam na valorização deles; em seguida, outro grupo incorporava a construção; a seguir, um terceiro fornecia material de construção desde cimento, ferragens até madeira; por fim, o ciclo se encerrava ou girava novamente, com um quarto grupo, o qual preferia comprar o imóvel e destiná-lo a aluguel. Interessantemente, como forte indício de ação de base da chamada economia étnica, o grupo oferecia seus produtos aos próprios membros da comunidade e a demanda se auto-sustentava por eles mesmos que partilhavam os mesmos valores de gestão econômica da poupança e da aplicação. Havia a criação de um mercado onde ocorria oferta e demanda de produtos dentro da própria comunidade, nos termos do que acentuam e Sacomani Neto e Truzzi (2007), no referencial conceitual já mencionado. Para encerrar, uma análise desses sinais simbólicos de mobilização do capital social das três experiências – duas da comunidade da panificação e uma, da construção civil – que constituem sinais consistentes de empreendedorismo étnico, destaque-se que nas três experiências, a base fundamental, de natureza horizontal, são os valores de confiança, lealdade e compromisso. Com base nesses valores, o imigrante disporá de informações empresariais que isoladamente não encontraria.Uma espécie de banco de dados lhe possibilitará saber: pontos de localização; natureza e perfil dos clientes; fornecedores; padrão e formas de recrutamento da mão de obra necessária; tecnologia de produção, fontes de financiamento; aval e garantia junto a fornecedores, e a oferta de parceria em sociedade e o modus operandi de empresariar no setor específico, como ficou claro no caso da panificação. Já para construção, o lastro de confiança sido a confiança na expectativa da obra concluída pelos patrícios. Por último, merece ser ressaltada a economia informal altamente vascularizada entre eles, no período. De intensidade variada diversas práticas informais de ajuda e integração eram adotadas pelo grupo. Uma espécie de economia informal de grass-roots, de formiguinha, era exercida no seio da colônia. Seja em razão do relativo desaparelhamento do fisco no período, seja em virtude do empreendedorismo na luta contra o estado, o fato é que havia circulação de riqueza, não declarada, manifestada em diferentes caminhos de ajuda e integração do grupo. Algumas práticas dão conta da extensão, penetração e vitalidade desse processo. Seriam elas:- oferecer sociedade; convidar para ser sócio; montar sociedade com parente e mobilizar o novato recém-chegado; – emprestar dinheiro, com garantia apenas de Nota Promissória entre as partes, sem registro em cartório e, à margem do sistema formal da economia; – diversificar investimentos em açougues, terrenos, casas e novos estabelecimentos com diferentes sócios; -fazer “indicação” para alguém levantar empréstimo de outrem, na prática funcionando como um avalista ou fiador informal;- mobilizar e constituir sociedade com colegas, parentes e amigos da aldeia, paróquia ou Concelho de onde vieram. Graças a esse associativismo horizontal, baseado nos laços de parentesco e de vizinhança de origem – tanto dos lusos quanto dos migrantes internos do município de Aliança, ao lado daquele outro, o verticalizado por meio da Associação de Panificadores, o segmento de panificação tem logrado êxito em muito de suas iniciativas. Em certa medida, o caso da construção civil funciona, também,dentro da mesma lógica. Em outras palavras, ele não está só na empreitada na linha da assertiva de que o migrante não se faz sozinho, uma película invisível o protege, consoante afirmam Fazito (2002), Milani (2005) e Sacomani e Truzzi (2007). O estudo volta-se, agora,para uma análise do comportamento empreendedor desses imigrantes. Para abrir essa análise,é importante considerar que durante o período trabalhado, o português, como de resto os demais imigrantes, chegavam ao Brasil e encontrava uma sociedade organizada e alicerçada em base rural, com propensão dos nativos a inclinarem-se mais às letras do que às profissões úteis, no dizer de Azevedo: “O comércio, os negócios, as empresas comerciais e industriais,(…) não pareciam interessar senão aos estrangeiros”. (1958, p.64). Dada essa estruturação,os pesquisadores como Fernando Azevedo têm acentuado que a elite de então, em especial das três primeiras décadas, tinha os interesses voltados fundamentalmente para a área rural.Neste ambiente, os portugueses ao se estabelecerem como comerciantes inseriram-se sem dificuldade na estrutura econômica e social brasileira ao exercerem papéis que não eram considerados dignos da elite. A elite desempenhava funções ligadas à economia agrícola, à gestão do Estado ou da Igreja, dentro da tradição colonial brasileira e o comércio, alvo de desprezo abria o espaço para o português, que, como empreendedor, soube se aproveitar da oportunidade e preencher o vazio. Nesse mesmo sentido, Freitas Filho, ao discorrer sobre a presença mercantil dos lusos no Rio de Janeiro, comenta: Havia uma espécie de divisão do espaço econômico no meio empresarial carioca, pois a elite local preferencialmente se dedicava às atividades agropecuárias, as profissões liberais e aos altos postos da política e da administração publica, enquanto que o imigrante português concentrava-se nas atividades comerciais e fabris. (2002, p.79). Ora, se esta assertiva cabe para o Rio de Janeiro, ela assenta-se também à elite do Recife, na época de natureza açucareira, que ostentava tanto ou mais preconceitos do que aquela do Rio de Janeiro. A elite local nutria, da mesma forma, desprezo pela atividade comercial, em que pese parte dos seus membros estarem presa aos comissários de açúcar, grandes comerciantes que financiavam suas safras. Uma vez aceito o pressuposto de que o empreendedor enxerga oportunidades de negócio e cria novos mercados, produtos e serviços conforme define Schumpeter, discutido no capítulo do referencial conceitual, o ponto defendido aqui é que muitas das firmas dos portugueses criadas no Recife, o foram como resultado desse comportamento empreendedor, superando ou convivendo com o preconceito acima.A postura empreendedora se irradiaria em segmentos como padarias e vendas ou mercearias à semelhança de outras cidades do país. O luso enxergava a oportunidade de novo mercado e logo chegava lá e supria a necessidade de pão e demais gêneros. Nessa área de abastecimento, os portugueses se notabilizaram ainda como proprietários de estabelecimentos de estivas e de secos e molhados. Mas, eles prosperaram e foram empreendedores fortes em outras áreas de maior calibre. Merecem destaque, nesse sentido, as firmas lusas que foram tão capitalizadas que disponibilizavam na praça recursos para financiamento de outras atividades. O caso da firma Mendes Lima & Cia, classificada por Souza Barros (1972) como uma das lideranças empresariais do Estado é emblemático. Esta firma e outras, conhecidas como Comissárias de Açúcar, financiavam a safra de usinas de açúcar e não raro tomavam a propriedade do grupo de usineiros nos casos de inadimplência. Mas, não apenas nas padarias e no setor de grandes financistas os imigrantes portugueses enxergaram oportunidade como é o caso das firmas de exportação e importação. A participação dos lusos nas trocas nacionais e internacionais deu-se através das aparentemente singelas denominações de suas firmas em Fulano de tal Exportação e Importação Ltda. Uma boa evidência da densidade dessa presença pode ser extraída do texto produzido por autores ingleses, com assessoria de autores brasileiros, em 1913. De acordo com essa publicação a cidade dispunha de 37 firmas voltadas à exportação e importação e delas 8 eram formadas por sócios portugueses exclusivamente ou em associação com brasileiros. A cobertura de extensão dos negócios dessas firmas é muito relevante, dado que elas operavam trocas com portos internacionais como o de New York,Havre, Liverpool, Londres, Hamburgo dentre outros, bem como com portos da costa brasileira do Rio Grande do Sul ao Pará, sem esquecer Rio de Janeiro e Santos. Nas trocas,importavam-se máquinas e acessórios para a agricultura e indústria; cimento e outros materiais para construção e ferragens grossas; carvão; miudezas, perfumarias, modas, armarinho, fazendas e confecções; charque, farinha de trigo e bacalhau. Exportavam-se açúcar, algodão, couros e peles, cacau e café. Sobre esses dados, duas reflexões. Em primeiro,constatar o dinamismo da praça devido à extensão da malha de trocas comerciais com o mundo. Em segundo, a presença das firmas lusitanas colocadas, lado a lado, no ranking das demais firmas, sejam as brasileiras, sejam aquelas inglesas, alemãs ou francesas, essas últimas com sólida retaguarda das economias em expansão de seus países. Defende-se o ponto, de que o comportamento empreendedor respondeu, em grande medida, por essa competividade das firmas lusas por várias razões, destacando que eles conheciam o mercado nacional muito bem e dispunham de razoável acúmulo de recursos financeiros na praça. Nos ramos de lojas de fazendas, a grosso e a varejo, para, por um lado, vender a produção têxtil dos cotonifícios que se fundavam e, por outro, atender à procura da população por roupas e moda, o empreendedor luso, também, viu novos mercados e se lançou à atividade e perduraram quase hegemônicos no setor até os anos 60. Outro caso singular de inovação foi da grande Casa Viana Leal. Nesse estabelecimento, os empreendedores criaram uma espécie de loja de departamentos chamada Viana Leal. Lá se vendia de tudo, de brinquedo até material de casa. Era uma grande loja com três andares e concorria, em condições de igualdade, com a Mesbla, cadeia nacional de departamento. A localização no bairro de Santo Antônio era privilegiada. A novidade era a escada rolante ligando seus três andares. A inovação exercia fascínio sobre a população e em especial sobre as crianças. Foi um tiro certeiro de marketing, baseado no faro do empreendedor. Após a novidade, tornou-se a loja que mais vendia brinquedo da marca nacional Estrela, no Brasil da década de 60.
5-CONSIDERAÇÕES FINAIS: Os achados iluminam tópicos como o do empreendedorismo étnico e do comportamento empreendedor. Nesse sentido, os objetivos do trabalho foram alcançados e podem permitir aos interessados: – uma melhor compreensão das transformações da economia pernambucana; II – o estabelecimento de inter-relações entre imigração e empreendedorismo; III – o estabelecimento de inter-relações entre história e gestão empresarial; e IV – o estabelecimento de inter-relações entre cultura de negócios e economia nos seus vários setores. A pesquisa permitiu, ainda, chegar a algumas conclusões no âmbito de administração e gestão a inferência de que as três cadeias produtivas10 de atuação dos lusos (1ª-terreno, ferragem e construção; 2ª- indústr a da panificação e 3ª-alimentos em geral) operavam amparadas em uma extensa e complexa rede de capital social. Havia, como que, uma plataforma invisível que articulava todos os agentes de cada cadeia, em logísticas específicas, integradas e articuladas, baseadas fundamentalmente nos laços de confiança.Figure-se o caso de alimentos. As importadoras lusas compravam bacalhau e carne seca; os
revendiam às firmas de secos e molhados de lusos; essas, por sua vez, encaminhavam os produtos para as padarias e vendas- terminais de capilarização do sistema- preferencialmente de propriedade dos patrícios e, logo, o circuito da atuação em rede se completava e se retroalimentava. Com certeza, a partir da elucidação dessa postura empreendedora étnica, o desafio que atravessou a pesquisa de compreender o fato de tão poucos terem sido tão influentes, se vê superado definitivamente.11 Com efeito, essa o empreendedorismo luso,nesses 50 anos, pode ser encarada como um painel relevante de lições para compreensão da evolução da história empresarial do Recife, de Pernambuco e do Nordeste.

1 Em certo sentido a expressão freguês é mais interrelacionada com as raízes ibéricas na medida em
que se relaciona com freguesia, unidade territorial na que se dividia a Igreja Católica, na idade média.
2 FRANCISCO AUGUSTO PEREIRA DA COSTA é considerado o mais importante historiador  pernambucano. Nasceu e criou-se no Recife. Viveu de 1851 a 1923. Era bacharel em direito e escreveu além dos Anais Pernambucanos em 10 volumes, os livros Folclore Pernambucano e o Dicionário Biográfico de Pernambucanos Célebres. Disponível em http://www.fundaj.gov.br. Acesso em 30.03.2009.

3 Em sentido contrário, o ensaio de Caldeira, A Nação Mercantilista, advoga que o comércio foi, durante o século XIX, a coluna vertebral do Brasil, mesmo contra a visão de irrelevância da atividade proclamada por CAIO PRADO JUNIOR e RAYMUNDO FAORO, autores de renome, seja o primeiro de confissão marxista, seja de matriz weberiana, o segundo.

4 Sobre o conceito de capital social consultar quadro de referência apresentado por MILANI (2005, p.18), no qual constam diversas correntes e a indicação de pioneirismo de emprego da expressão atribuída ao sociólogo francês Pierre Bourdieu.

5 No Brasil, a cidade de São Paulo, como um mosaico cultural que abriga várias etnias – portuguesa, italiana, japonesa, judaica, chinesa, coreana e árabe entre outras – pode ser encarada como um imenso laboratório do que se chama economia étnica.

 6 Os autores distinguem este capital do capital humano, aquele detido pela própria pessoa no plano de suas competências e habilidades e aquele outro, o capital financeiro, realizável em operações patrimoniais e econômicas. Diz PORTES: “enquanto o capital econômico se encontra nas contas bancárias e o capital humano dentro das cabeças das pessoas, o capital social reside na estrutura das suas relações. Para possuir capital social, um indivíduo precisa de se relacionar com outros, e são estes — não o próprio — a verdadeira fonte dos seus benefícios”. (2000, p.138).

7 O paradigma da modernidade teria a seguinte caracterização segundo REZENDE: “A vertigem da velocidade, a dessacralização constante de territórios antes proibidos, a exaltação do desejo e sua infinitude (…) quantidade e qualidade se misturam, no reino da produção material e, apesar de tudo, a insatisfação e o tédio sobrevivem, não saem de cena dos teatros e “boulevards” barulhentos da sociedade de consumo”. (1997, p.10).

8 Como fonte básica das reflexões serão utilizadas informações da Associação das Industriais de Panificação dePernambuco (AIPP). Essa associação foi fundada, no ano de 1951, e seus objetivos são os de congregar os associados e defender os interesses dos panificadores Por outro lado, a aparentemente despretensiosa Associação, no caso da panificação, serviu para robustecer o capital social dos empresários do setor, e dessa maneira garantiu-lhes meios organizados de pressão sobre os órgãos públicos, na área de vigilância sanitária e da política tributária, mas na esfera privada de estratégia concorrencial, tem-lhes permitido, também, criar barreiras à entrada para novos concorrentes.

9 A expressão cluster foi formulada por Michael Porter que assim o enunciou: “Os clusters (grupos, agrupamentos ou aglomerados) são concentrações geográficas de empresas de determinado setor de atividade e companhias correlatas de fornecedoresde insumos a instituições de ensino e clientes”. (PORTER, 1996).

10 Entende-se por cadeia produtiva “todas as atividades articuladas desde a pré-produção até o consumo final de um bem ou serviço. (…) Os estudos das Cadeias Produtivas proporcionam um entendimento mais completo do comportamento dos seus componentes econômicos e das tendências dos mercados, descrevendo os segmentos mais importantes e com maiores possibilidades de competitividade”. Pode ser aplicado em várias áreas tipo as do leite, do milho, do turismo entre outras. Disponível em http://www.genesis.puc.rio.br. Acesso à internet em 20.04.09.
11 Outros fatores, também, concorreram para explicar tal êxito dos lusos, tais como a tradição cultural dos gostos culinários passados pelos lusos, a fragilidade da atuação do estado como agente regulatório e fiscalizador, ao lado do desinteresse da elite local por atividades mercantis, assunto já abordado.
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ANEXO I
MAPAS E FOTOS AÉREAS DA PRESENÇA PORTUGUESA NO PERÍODO
Fonte: PLANTA DA CIDADE DO RECIFE. ANO 1920. PARTE INTEGRANTE DO DICIONÁRIO COROGRÁFICO, HISTÓRICO E ESTATÍSTICO DE PERNAMBUCO. IN GALVÃO, 2006.
ANEXO II
IMAGENS DA INFLUÊNCIA LUSA
Fonte: GABINETE PORTUGUÊS DE LEITURA
Fonte: ESTADO DE PERNAMBUCO. OBRA DE PROPAGANDA GERAL.
Fonte: ESTADO DE PERNAMBUCO. OBRA DE PROPAGANDA GERAL
Fonte: ÁLBUM DA COLÔNIA PORTUGUESA NO BRASIL.
Fonte: AUTOR.

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