13 de fevereiro de 2013
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Agropecuária Daniela -
Um case de sucesso da pequena empresa no cluster da fruticultura irrigada do vale do rio São Francisco.
(APRESENTADO no XXIII ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, EDITADO NOS ANAIS DO ENEGEP,UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO, 2003)


 Prof. Dr. Luis Eduardo Carvalheira de Mendonça (Unicap)  lcm@unicap.br ; lcm1702@gmail.com
Esta comunicação relata o case de sucesso da Agropecuária Daniela, uma fazenda de 50 hectares, situada na região do vale do Rio São Francisco. A empresa em foi agraciada, nos anos 2000 e 2001, com o Prêmio Destaque Empresarial outorgado pelo SEBRAE-PE E GRUPO GERDAU e integra o livro ‘Empresários Vencedores e suas histórias de sucesso’, também editado pelo  SEBRAE-PE (Mendonça, 02).O ponto de vista defendido é que a  empresa em tela  vem obtendo sucesso em virtude de sua integração em um mecanismo de desenvolvimento da região, típico de um cluster.Tal superestrutura social, formatado institucionalmente como um Board, denomina-se BGMB – BRAZILIAN GRAPE MARKETING BOARD e funciona como um dos agentes catalisadores – de formação de pessoal, compras, vendas, logística e marketing – da produção de uva da região, em especial para o mercado internacional.

Palavras-chave: agricultura irrigada, cluster, nordeste e pequena empresa.

1.Introdução

Das terras da Agropecuária Daniela, às margens do Rio São Francisco, exporta-se a uva que vai abastecer parte dos supermercados da Europa. Assim, é preciso que o leitor faça um exercício de imaginação e veja-se comprando uva em uma loja da cadeia britânica de supermercado Mark & Spencer e na caixa de papelão onde se encontra a fruta, enxergue as marcas de duas firmas.Primeiro, o nome do Trade BGMB – Brazilian Grape Marketing Board – a organização responsável pelo merchandising internacional da produção de uvas do Vale do São Francisco e, em segundo, a marca da Agropecuária Daniela. Este é o caso da Agro-pecuária Daniela de propriedade de Giovanni e Daniela Scanggiante, um casal de italianos que trocou as águas do Grande Canal da cidade de Veneza, na Itália, pelas águas da região do semi-árido do Rio São Francisco, o famoso velho Chico como também é conhecido, que se localiza no Nordeste do Brasil.

             Na verdade, o que chama atenção aqui é a materialidade, palpável e tangível desta grande, longa e complexa operação.Não se trata de propriamente de uma operação financeira e, portanto, gráfica e imaterial de investimentos de ativos financeiros, hoje tão comum na globalização.Diz respeito concretamente à uva verde, tipo Itália, plantada e colhida, aqui, no Nordeste, que faz esta longa viagem de Petrolina para Londres.Para que isto aconteça, todavia, de forma não aparente, porém, eficaz e eficiente, providências variadas ocorrem. São desencadeadas operações diversificadas, complexas e seqüenciadas por organizações dos mais diferentes formatos e profissionais das mais distintas qualificações, tanto brasileiras quanto internacionais para que o consumidor inglês possa chegar no supermercado e tenha condições, se desejar, de adquirir a preços competitivos, a uva proveniente do São Francisco. Produção, manejo, colheita, logística, finanças e marketing são as áreas da administração que vão se alinhar para formar a cadeia produtiva que viabiliza este interessante e atraente cluster em formação da fruticultura irrigada.

          O conceito mais divulgado desta nova figura de desenvolvimento regional foi criado por Michael Porter que assim o enunciou: “Os clusters (grupos, agrupamentos ou aglomerados) são concentrações geográficas de empresas de determinado setor de atividade e companhias correlatas de fornecedores de insumos a instituições de ensino e clientes” (PORTER, 99).No documento intitulado “Iniciativa Por Pernambuco – Uma Estratégia de Desenvolvimento com base em Cadeias Produtivas para Pernambuco” o governo do Estado de Pernambuco classifica a região da fruticultura irrigada, ao lado das áreas de turismo, avicultura, médico-hospitalar, gesso e informática como clusters não maduros e por isso mesmo alvos de atenção de políticas para sua formação”.(INICIATIVA POR PERNAMBUCO GOV. PE,99). Ainda, em interessante artigo no mesmo sentido os Professores Abraham Sicsú e Reynaldo Ferreira Junior  sustentam que a entidade clusters seria um modelo normativo  que pode ser perseguido através de políticas conducentes a tal configuração. (SICSÚ E FERREIRA JÚNIOR, 00)

2.O casal de empreendedores.  

De forma não muito diferente de executivos de empresas européias, Giovanni Scaggiante e sua esposa Daniela – pessoas que estão na faixa dos cinqüenta anos – esperavam, no começo da década passada, aproveitar a fase mais madura da vida passeando e viajando pelo mundo em busca de conhecer pessoas e lugares interessantes. Nada mais justo.Seria um projeto merecido para eles. A vida, entretanto, lhes reservara uma grande surpresa.Convidados a participarem, como sócios capitalistas de um empreendimento no Vale do São Francisco, eles , após um curto período de tempo, acharam que iriam ter prejuízo e então resolveram assumir as rédeas de suas aplicações. O cenário que se desenhou para eles foi, o seguinte: Sair de Veneza para o Vale do São Francisco e imprimir novos rumos na vida, que significou concretamente dar inicio a um empreendimento agrário no Brasil, no Vale do São Francisco, território este que eles só conheciam de resultados e de relatos de sucesso de patrícios vitoriosos. Não fora assim, o casal como experts em analise de empresas do ramo de vinhos, não teriam sido sócio capitalista na área.Mas, uma coisa é eles conhecerem as finanças e até terem auditado eventualmente empresas semelhantes no mundo.Outra é mudar para um novo país de malas e bagagens, outra cultura, outra economia e daí meter a mão na massa para do nada levar a cabo um projeto de fazenda.

Mas, o que trouxeram da Itália? Trouxeram a experiência de vida de pessoas viajadas e conectadas à economia internacionalizada de hoje, o know-how de Giovanni ,adquirido na área de empresas do setor vinícolo e valores do trabalho, da disciplina, da ordem, da dedicação e do sentido da poupança, que apesar de intangíveis, vieram na cabeça deles.

         É bom, lembrar ainda que a Itália é um país de forte tradição no cultivo de vinhos e de tradição marcante no campo de empresas de pequeno e médio portes bem sucedidas. A respeito deste assunto é importante considerar o fato de que a Itália é um dos paises onde a taxa de mortalidade de empresas é significativamente mais baixa do que no Brasil. Em matéria sobre Empreendedores a Revista PEGN faz a seguinte comparação:. “Perto de 70% das micros e pequenas empresas brasileiras fecham suas portas em até 42 meses de operação. Na Itália, esse índice é de 13% e, nos Estados Unidos, oscila entre 10% e 20%”.(BERGAMASCO. 00) É uma nação que exporta tecnologia de gestão moderna de micro e pequenas empresas e também oferece ao mundo formas associativas de forte sinergia como é o caso dos clusters de moveis da região de Brianza , de Alimentação em Parma, de Jóias de Arezzo e Valenza Pó, entre outros importantes conhecidos no país, conforme destaca Michael Porter (apud ZACCARELLI, 00).

 Para começar as coisas nem sempre foram promissoras.Houve varias dificuldades e diversos erros foram cometidos, tanto na área comportamental como na de relações do trabalho.Pesaram contra eles a desinformação de traços da cultura brasileira, o fato desta região ser uma área de conquista, e como costuma acontecer no mundo inteiro, é sempre muito atraente para todo tipo de aventureiro, tanto patrão como empregado.

          Já no que diz respeito à sua inserção na BGMB a integração do casal é total e entusiasta.Em certa medida, parece que devido aos padrões de programação, qualidade e produtividade exigidos, tudo indica que este mecanismo internacional os reintegrou à Europa.A declaração abaixo de Giovanni dá a dimensão do que está afirmado.

“Aqui em Petrolina, a gente está com sorte porque a gente está unida ao BGMB. O BGMB é um grupo de produtores que se reuniu, que fundou uma associação, que está funcionando muito bem e que também pode entrar o pequeno produtor. Eu sou vice-presidente desse grupo. O pequeno tem condições de entrar nesse grupo. Tem condições de  aumentar, de crescer. O importante é que ele deve ter a mentalidade de grande empresa, tem que ter a mentalidade de produzir uma uva de qualidade.Tem que ter a mentalidade de empresário. Tudo isso faz que ele – pequeno – também seja um grande empresário. E tem a possibilidade de exportar como um grande empresário. No Grupo a gente tem pequeno empresário, com 6, 7 hectares de uva e está caminhando com a gente, ganhando dinheiro, e está sobrevivendo, está crescendo como está crescendo uma grande empresa.Lá fora o BGMB é um nome, é uma garantia de qualidade. Mas tudo junto. Portanto, o grande para ficar em pé precisa também do pequeno.Eu acho que é uma das melhores associações mundiais que a gente tem. A gente está com sucesso. Vou dizer alguns dados para você. Essa associação começou a exportar 70, 80 mil caixas. Agora a gente está mais ou menos com três milhões de caixas para exportar no ano”.(SCCAGGIANTI, 02)

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Giovanni e Daniela estão mergulhados, de corpo e alma, no projeto de sua fazenda.Tudo -dinheiro, raízes, trabalho, vida e esperança – está hoje fincado em Petrolina. Eles passam um sentimento de adesão ao projeto, com crescente aquisição de conhecimento sobre gestão de pessoas, sobre tecnologia produção de cultura e de manejo de fruticulturas, de informações e busca de mercados, de criação de rede de relacionamentos, de aperfeiçoamento de técnicas gerenciais de controle entre as ferramentas principais praticadas, tudo levando a crer que, em virtude dessa dedicação, a empresa vivencia um processo de desenvolvimento consistente.Está longe, portanto, aquele cenário de serem somente sócios capitalistas do empreendimento de outrem. Sobreviveram, portanto, ao ritmo frenético de tudo ou nada dos investidores do Vale que freqüentemente entram capitalizados e rapidamente empobrecem.A bem da verdade muitos proprietários de lotes que iniciaram com eles estão hoje passando dificuldades

3.A empresa.

A empresa Agropecuária Daniela foi criada em 1996 e está localizada no Perímetro Irrigado Nilo Coelho, lote 17, município de Petrolina, em Pernambuco.O  empreendedor que investiu 200 mil dólares na região, desfrutando de todos os direitos de cidadania brasileira. Dos 50 hectares que detém, 25 são destinados para Uva verde de mesa.Seu principal mercado é o mercado externo e toda sua produção é escoada para o consumidor europeu através da BGMB.Quando se associou a esta organização, sua produção era de cinco mil caixas, hoje exporta quarenta, até cinqüenta mil caixas.  Emprega em torno de 100 funcionários registrados e legalizados com carteira assinada, os quais dão um rendimento a uma proporção de 3 a 3 1/5 homens por hectare, superior portanto , a media da região que emprega em média  5h/ha.Esta rápida evolução deu-se, todavia ,em razão de sua integração no cluster como veremos a seguir.

           

4.O cluster do Vale do São Francisco

Durante as décadas de setenta e oitenta os esforços de desenvolvimento da agricultura no país propiciaram alterações significativas na geografia econômica, social e humana da região do Vale do São Francisco.Tais mudanças têm ocorrido especialmente em razão da implantação de grandes investimentos públicos de infra-estrutura rodoviárias e hídricas que atraíram novos capitais públicos e privados para a mesma região provocando a “emergência de uma agricultura empresarial” conforme documento da Embrapa, segundo o qual tais investimentos resultaram em:

“Diversificação da viticultura na área; grande expansão do território cultivado; maior aporte tecnológico no setor; galpões climatizados e câmaras frias atingindo tanto grandes como pequenos produtores dos projetos de irrigação. A produção de uva no Nordeste concentra-se na região do Sub-médio São Francisco, onde sobressaem os municípios de Santa Maria da Boa Vista e Petrolina, no Estado de Pernambuco, com 54,05 da área cultivada, seguidos dos municípios de Juazeiro, Casa Nova, Curaçá e Sento Sé, no Estado da Bahia, que detêm os 46% restantes da área.”(EMBRAPA, 00).

Dado relevante, também, diz respeito aos empregos gerados.As informações oficiais do Ministério da Agricultura dão conta que: “A videira cultivada no Nordeste aparece como aquela que proporciona a maior geração de empregos entre as diversas culturas perenes e anuais, atingido mais de 5,0 empregos/ha/ano. (BRASIL,97, CITADO EMBRAPA, 00) Em termos de estrutura social de posse das áreas o documento da Embrapa ressalta ainda que a uva é uma cultura produzida por diferentes estratos de produtores, com uma participação significativa dos pequenos colonos dos projetos públicos de irrigação, que representam cerca de 70% do numero de viticultores, embora detenham somente 17% da área total irrigada”.

Finalmente, um dos aspetos da economia da região ressaltado por todos os empresários do setor é a chamada política de “janelas” de comercialização das uvas nos mercados interno e externo. Mas o que seriam essas “janelas” tão badaladas?

Seria uma grande vantagem que beneficia e favorece toda esta região. Por que?

Vejamos o que diz o documento da Embrapa: Convém ressaltar a especificidade da viticultura da região semi-árida nordestina, em virtude da adaptação e do comportamento diferenciado das plantas nestas condições climáticas. Assim sendo os processos fisiológicos são acelerados, a propagação é muito rápida e em cerca de um ano e meio, após o plantio, tem-se a primeira safra. Considerando-se que o ciclo da produção oscila em torno de 120 dias , pode-se obter até duas safras e meia por ano , mediante o manejo  da irrigação e a realização de podas programadas.Isto possibilita a produção durante todo o ano  e  uma  produtividade média da ordem de 24/ha/ano, igual ou acima das obtidas nas demais regiões produtoras brasileiras.Diferencial semelhante também é alcançado no plano internacional. A produção do Vale do São Francisco é favorecida porque vende nas épocas normais e também nos vazios deixados por paises grandes produtores de uva, com Espanha, Israel e África do Sul. (EMBRAPA,OPUS CIT.)

 A respeito, da brecha aberta nestes mercados Reginaldo Viera, diretor da BGMB esclarece:

“O que seriam essas janelas? É um período em que os outros países não estão exportando, por isso que a gente concentra nossa exportação em abril e maio, e outubro e novembro. Então como a gente concentra, no caso do abastecimento em outubro e novembro é quando o ciclo começa a chegar em dezembro em dezembro. E nós mandamos até maio, porque em junho já começa chegar a uva de Israel e começa a concorrer com a gente. A gente procura colocar nossa uva de acordo com as janelas para não ter a competitividade”. (VIEIRA, O2).

A formação de organizações devotadas a conquistar e a defender espaços e interesses dos produtores junto aos clientes nacionais e internacionais – isto é, a concretização de investimentos no chamado capital social da região – dos pequenos em cooperativas e, dos grandes produtores em associações como a Associação dos produtores Exportadores de Hortigranjeiros e Derivados do Vale do São Francisco – Valexport, indica que as tecnologias de gestão organizacionais adotadas estão alcançadas patamares mais complexos e modernos revelando assim a face mais competitiva e moderna da região.Nesse sentido merece destaque o aparecimento da superestrutura institucional denominada BGMB, No próximo item, consideraçãoes relativas a este BOARD.

5.A BGMB-Brazilian Grape Marketing Board.

Historiando suas origens, Reginaldo Vieira, profissional da casa desde a sua fundação comenta:

“Muito recentemente, evoluímos de tal maneira que uma das exigências é o controle de qualidade. Nós temos qualidade hoje, nossa uva desfruta de qualidade na Europa. Conseguimos reduzir custos, frete marítimo, frete rodoviário e de materiais e insumos. Nossas contas hoje são feitas todas em pool, quando se agregam volumes, e ganhamos poder de barganha. Nem todas as empresas aqui existiam. Há 10 anos atrás, foi quando nós criamos um grupo para exportar. Tinha BGMB, mas, era uma coisa informal, era um grupo, BGMB brasileiro. Um grupo informal que pertencia à Vale Export. A partir de 5 de março de 2002, nós criamos uma associação mesmo, registrada, com razão social, com GCG e tudo.

Porque foi criada?

Porque, no passado, se fosse importar, não poderia.Se você fosse comprar, o BGMB não poderia porque não tinha uma razão social. Por exemplo: tem pequeno produtor que não pode importar 1000 sacolinhas. E o BGMB agora como empresa, pode trabalhar nisso e futuramente fazer essa compra e depois repassar, porque o custo é muito alto. Importar mil sacolinhas quando você importa 100 mil”.(VIEIRA, O2).

Sobre sua composição Reginaldo Vieira informa que o BGMB reúne 19 associados. Dentre eles, têm-se cooperativas, empresas de grande e médio porte e pequenos produtores.

“De pequenos produtores eu citaria Agro Aliança, a SAMBRA, a JMM e a Singer Agrícola que aderiu à BGMB recentemente. Em termos de cooperativas, eu citaria Cooperativa Agrícola Juazeiro da Bahia – CAJ_BA, que hoje são em torno de 50 cooperados, pequenos produtores; para aderir ao BGMB ele entraria com uma cooperativa, como uma pequena empresa; você agrupa 10 ou 20 produtores e entra como uma empresa, como exportadores. Nós temos também o Carrefour, que tem 3 empresas aqui, que faz parte do Grupo, a FRUTIMAR, aqui da Magnesita, a FRUTIVITA, e temos um caso de um pequeno produtor também, a Agropecuária Daniela, do Sr. Giovanni, que atualmente é o vice-presidente do Conselho de Administração da BGMB”.(ENTREVISTA, O2).

             Com base nos documentos do Board integram oficialmente a BGMB as seguintes empresas: “Andorinhas Empreendimentos Ltda, Agricultura do Vale ltda – Agrivale, Agro Aliança – Com. Imp. e Exp. Ltda, Agropecuária Labrunier Ltda, Agropecuária Vale das Uvas Ltda, Agropecuária Orgânica do Vale S/A, Agropecuária Daniela Ltda, Bella Fruta do Vale ltda, CAJ-BA – Cooperativa Agrícola Juazeiro da Bahia Resp. Ltda, CYG Agrícola Imp. e Exp. Ltda, empresa Brasileira de Frutas Tropicais Ltda – EBFT, Franbra Agropecuária Ltda, Frutex Exportação e Importação ltda, Frutimag S/A, Frutivita S/A, JMM Agrícola Importadora e Exportadora Ltda, Logos Butiá Agropecuária Ltda, mandacaru Comercial Ltda e Santa Felicidade Agropecuária Ltda”. (BGMB, 02).

6.Conclusões 

              Com efeito, o papel do BGMB, como um dos catalisadores do cluster “em formação” (INICIATIVA POR PERNAMBUCO, opus cit.) da fruticultura irrigada em Petrolina é fundamental pelas seguintes razões:

i)                    Congrega esforços de natureza cooperativa, criando uma condição de rede de integração e cooperação horizontal entre as empresas da área;

ii)                   Dá um salto qualitativo em termos de uso de recursos não dependendo mais exclusivamente dos fatores básicos e naturais de mercado;

iii)                 Mobiliza, por esta mesma razão, recursos de informação e de conhecimento dos participantes a respeito de clientes e mercado, concorrentes e insumos e gestão;

iv)                 Abandona o pressuposto clássico e ultrapassado de desenvolvimento regional que depositava na ação exclusiva do governo toda a responsabilidade de dirigir as estratégias de desenvolvimento dos negócios em uma região.

 Na verdade como evidenciam Fairbanks& Lindsay, em estudo sobre os obstáculos ao desenvolvimento na América Latina,a história do sucesso  da exportação das flores colombianas somente se alterou quando os empresários do setor resolveram adotar novos comportamentos consistentes com sete novos  padrões modernos de riqueza, a saber: “I) desenvolvimento de fontes mais complexas de vantagem; II) investimento no conhecimento de clientela mais exigente e sofisticada; III)compreensão e melhoria da posição competitiva relativa; IV)estudo das oportunidades para integração vertical; V) melhoria da cooperação entre as empresas; VI) empenho em raciocínio produtivo e VII) controle das alavancas estratégicas de seu negócio”.(FAIRBANKS &LINDSAY, 00).

Ora, a moldura institucional do BGMB ora estudado, indica em grande medida, extensão e profundidade postura semelhante dos empresários da fruticultura irrigada do Vale do São Francisco.Ademais, é possível se inferir que, por um lado ,  o êxito da pequena empresa-Agropecuária Daniela – se tornou  realidade  graças naturalmente ao espírito empreendedor do casal -assunto trabalhado exaustivamente no livro (MENDONÇA, 02), mas , por outro , a inserção da empresa na  plataforma do BGMB  constituiu uma catapulta fundamental e   garantiu –lhe um futuro promissor, como por sinal o próprio Giovanni declarou – “Acho que a BGMB é uma das melhores associações mundiais do setor”.- na entrevista referida acima.(SCAGGIANTI, 02).

REFERÊNCIAS:    

BERGAMASCO, Cláudia, Esses milhões que movem o mundo, Revista PEGN; Edit. Globo; Ano XIII – nº 144 – janeiro 2001. 
               

BGMB (Brazilian Grape Marketing Board) – Ofício; Petrolina 17 de julho de 2002.
COELHO DE SOUZA LEÃO; JOSÉ MONTEIRO SOARES. A viticultura no semi-árido brasileiro / editado por Patrício. – Petrolina: Embrapa 2000.
 VIERA, Reginaldo – Entrevista Concedida Ao Autor da Comunicação. Petrolina.Julho de 2002.
FAIRBANKS, Michael, LINDSAY, Stace; Arando o mar: fortalecendo as fontes ocultas do crescimento em países em desenvolvimento; tradução Maria Motta – Rio de Janeiro: Qualitymark Ed. 2000.
MENDONÇA, Luis Carvalheira de (org.) -Empresários vencedores e suas histórias de sucesso.-Recife: Sebrae/PE 2002.
PORTER, Michael – Estratégia Competitiva: Técnicas pra Analise de Industria e ConcorrênciaRio:Campus,1996.
VALEXPORT – Há 14 anos unindo forças para o desenvolvimento do vale do São Francisco e da fruticultura brasileira. (documento s/data.).
SICSÚ, Abraham Benzaquem; Inovação e região; Recife: Universidade Católica de Pernambuco – UNICAP, 2000.
SCAGGIANTI, Giovanni – Entrevista Concedida Ao Autor da Comunicação.Petrolina.Julho de 2002.     
ZACARELLI, Sergio – Estratégia e sucesso nas empresas /S.Paulo: Saraiva, 2000.

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