Recife, 10 de dezembro de 2005 – ano 4

Dois feras perdem o vestibular da Unicap
Por Juliana Carneiro

Correria. Foram assim os últimos minutos antes das 8h da manhã nas ruas que dão acesso ao campus da UNICAP. Muitos feras que chegaram em cima da hora tiveram que apressar o passo para garantir presença no primeiro dia de provas do vestibular 2006. No bloco B, dois candidatos não conseguiram chegar a tempo.

O fera Roberto Carlos, de 18 anos, iria prestar vestibular para o curso de Ciências da Computação e estava a poucos metros da entrada do bloco B, quando os portões foram fechados. “Sai de casa, no Arruda, às 7h25, peguei um congestionamento perto de casa por causa de um acidente”, justificou.

Quem também perdeu a chance de fazer o vestibular da UNICAP foi Anderson do Nascimento Queiroz, de 19 anos. Ele mora em Maranguape I e saiu de casa às 6h45. Segundo o fera, o atraso de menos de dois minutos foi porque o ônibus em que ele vinha bateu em outro coletivo no bairro da Boa Vista. “Geralmente, o ônibus faz o percurso em meia hora, mas por causa da batida tive que sair correndo”, lamentou o jovem. Era a primeira vez que faria vestibular na UNICAP. Anderson tentava uma vaga para Ciências da Computação. No bloco G, nenhum fera chegou atrasado.

Liberdade é tema da redação
Por Christiano Vasconcellos

No primeiro dia de provas do vestibular 2006 da UNICAP, os feras tiveram que fazer uma redação com o tema Liberdade...Liberdade...Liberdade...O que é para você, a liberdade? O tema veio acompanhado de uma ilustração para despertar a inspiração do candidato.

Segundo o professor Janilto Andrade, membro da Comissão para Aplicação do Vestibular (Coave), o tema deste ano “não é tão aberto, é mais dirigido”. Para ele, o assunto da dissertação pode ser olhado dos pontos de vista filosófico, histórico ou social. “É possível ao candidato discutir a liberdade através da filosofia existencialista”, explicou. No entanto, o esperado pela comissão é que os feras escrevam tendo por base suas vivências pessoais abordando as questões do limite e do respeito em sociedade.

Fazendo vestibular na UNICAP pela primeira vez, o estudante Cláudio Queiroga considerou o assunto da redação bastante interessante. “ Foi um tema muito bom de ser elaborado e redigido”, frisou.

Feras comentam as provas de hoje
Sophia Marvão

A maioria dos feras gostou das provas de hoje (10), mas muitos sentiram dificuldade na prova de História. Já a redação, que trouxe como tema liberdade, foi bastante elogiada. O técnico em comunicação Jadeildo Rodrigues, 44 anos, já fez seis vestibulares e é a primeira vez que presta para o curso de Psicologia na UNICAP. Ele fez a prova de francês e achou fácil, pois já tinha feito o curso. Achou a de português razoável e as mais difíceis geografia e história.

Lara de Araújo, 18 anos, presta vestibular para Jornalismo na UNICAP pela segunda vez. Ela achou que as provas foram bastante objetivas, mas considerou a de História a mais difícil. Priscila Soares, 18 anos, que está fazendo vestibular para Arquitetura, não gostou da redação, porque disse que não gosta muito de escrever. Daniele de Lima, 20 anos, que prestou vestibular para o curso de Terapia Ocupacional, também não gostou da prova de redação. Natália Alves, 18 anos, que está disputando uma vaga no curso de Licenciatura em Matemática, achou as provas de hoje complicadas, porém a pior foi a de geografia.

Expectativa para quem fica do lado de fora do portão
Por Juliana Carneiro

Olhares apreensivos, ansiedade e espera. Não, não é dos feras que estamos falando. A cena é formada por pais, mães, parentes, esposas e esposos que acompanham os candidatos nessa importante fase da vida que é o vestibular. Muitos passam a manhã interira do lado de fora esperando os candidatos saírem das provas. “Levei minha filha até o elevador. Agora só me resta esperar aqui orando e mandando energias positivas para ela”, disse Stella Maris Barros, mãe da candidata Mariana Gomes Barros, de 19 anos, que tenta uma vaga no curso de Direito. Ela acredita que a filha está preparada e confia no bom desempenho da fera. “Ela só quer fazer Direito se for aqui na Católica. A família inteira está fazendo uma corrente de oração”, revela.

Já a mãe de Kilsa Karla Barbosa, de 18 anos, que também tenta uma vaga em Direito diz que está ansiosa, mas tentou mostrar confiança antes que a filha entrasse para fazer a prova. “Agora estou com o coração na mão, só não podia deixar que ela percebesse isso, precisava passar segurança para ela”, confessa Maria de Fátima Barbosa de Oliveira. Mas não só as mães que acompanham os feras. A expectativa de Margarete Feitosa era pelo sobrinho Leandro Augusto de Oliveira Araújo, de 18 anos, que tenta uma vaga para Ciências da Computação. “Acredito que ele vá passar. Leandro é muito estudioso e revisou o assunto até a última semana”, disse a tia confiante.

Para Nivaldo José Souza da Silva a espera durante a prova foi só um detalhe. Ele e a esposa Adilma Dias Gonçalves, de 25 anos, que faz vestibular para Psicologia, saíram da cidade de Paudalho, a 44Km do Recife, às 5h da manhã. “Nós moramos em Lagoa de Taenga, que fica a três horas de viagem daqui, para encurtar o caminho dormimos em Paudalho”, explicou Nivaldo. Se o sacrifício vale a pena? “Lógico que vale”, respondeu Nivaldo

Quinze feras fazem prova em regime especial
Por Christiano Vasconcellos e Juliana Carneiro

Os feras que solicitaram o regime de prova especial puderam responder as questões do primeiro dia do vestibular da UNICAP com toda a assistência necessária. Ao todo 15 candidatos pediram tratamento especial. Apenas uma pessoa que está com catapora fez a prova isolada dos outros feras, no bloco A. Os demais ficaram no térreo do bloco D.

Um candidato portador de deficiência visual parcial e outro com deficiência total fizeram as provas de redação, português, história, geografia e língua estrangeira em braile. Para atender aos dois feras com deficiência auditiva, um fiscal com conhecimento na Linguagem Brasileira de Sinais (Libras) foi disponibilizado para facilitar a comunicação.

Esquema especial também para o fera com lesão na coluna cervical. “Como ele não pode ficar em pé ou sentado por muito tempo, colocamos à disposição dele cadeira, sofá e até mesmo uma cama”, disse o médico responsável pelo setor, Dr. Alcyr Menezes. No caso do candidato com distúrbio psicomotor, o gabarito foi marcado por um dos fiscais. A subchefe Regina Visani transcreveu a redação de um candidato acidentado que estava com o braço quebrado.

Os demais candidatos apresentavam problemas de saúde como hipertensão, cardiopatia, e Doença de Crohn. Outros dois feras fizeram prova em regime especial por terem passado recentemente por procedimento cirúrgico. Duas candidatas tiveram distúrbios emocionais antes do início das provas e também precisaram ser acompanhadas pelo Dr. Alcyr. Além desses 15 feras, outros dois fizeram as provas em suas casas por estarem impossibilitados de se locomoverem.

A novidade deste ano ficou por conta da ausência de solicitação de regime especial para gestantes. “É comum prestarmos atendimento especial às gestantes. No entanto, este ano não houve nenhuma solicitação do tipo”, disse o médico.

Formado há meio século, o Dr. Alcyr Menezes tem mais de 25 anos de trabalho em vestibulares. Ele, como chefe do setor, já se acostumou a, além de dar atendimento clínico, fazer o papel de conselheiro em alguns casos. “As pessoas ficam muito nervosas e isso desencadeia alguns distúrbios emocionais”, relatou. Também fazem parte da equipe de atendimento a subchefe, Regina Visani, e a coordenadora do local, Benedita Cazé. Esta última já foi premiada pelo Rotary Internacional por “eficiência profissional”.

Tradição da Unicap atrai candidatos
Por Bárbara Travassos

A tradição da Universidade Católica de Pernambuco continua atraindo muitos alunos. O vestibular 2006 da UNICAP teve um total de 5.640 candidatos inscritos disputando as 3.420 vagas nos 31 cursos oferecidos nas áreas de saúde, humanas e exatas.

Marcos Barros, 45 anos, está prestando vestibular para o curso de Psicologia. Formado em Direito pela UNICAP, ele é advogado da área criminal. “Pretendo cursar Psicologia para entender melhor os meus erros e acertos”, revela o candidato. Já Valmir Lopes, 54 anos, é aluno do Bacharelado em Matemática na UFPE, mas devido às greves da Federal preferiu adiantar o curso aqui na UNICAP. “Estou prestando vestibular para o curso de Licenciatura em Matemática. Quero terminar a graduação, que para mim é uma realização pessoal”, afirma Valmir.

Posto médico está à disposição dos feras
Por Bárbara Travassos

A UNICAP dispõe de posto médico de emergência para atender a alunos, funcionários e professores. No período de realização das provas do vestibular da Universidade, o serviço começa a funcionar às 7h e vai até o término das avaliações do dia. Um médico e duas auxiliares técnicas de enfermagem estão prestando atendimento aos candidatos do vestibular UNICAP este ano. Equipado com esteiras, cadeira de roda e medicamentos básicos como analgésicos, antitérmicos, antiespasmódicos (para aliviar cólicas), entre outros, o posto possui duas salas de consultório e uma de repouso.

Neste primeiro dia do vestibular, oito candidatos se sentiram mal e foram atendidos pelo Dr. Américo Ernesto. Em geral, uma boa parte dos candidatos que não se sente bem durante a prova, não se alimenta direito ao sair de casa. Além disso, o fator emocional, também, contribui muito para que enjôos ocorram por exemplo. “Não se deve mudar a rotina habitual de alimentação. Só não se deve cometer exageros: nem comer demais, nem ficar em jejum. O sono é outro aspecto que deve ser respeitado. O candidato deve estar descansado para fazer a prova, sem ansiedade”, recomenda o médico.

Belissa Rolemberg, 17 anos, está prestando vestibular para o curso de Turismo. No momento em que estava fazendo a prova neste primeiro dia, sentiu-se mal. Segundo ela, o emocional foi o fator que mais contribuiu para seu enjôo. “Fiquei um pouco nervosa”, afirma ela. Seus pais queriam que ela fizesse um curso na área de hotelaria, mas ela preferiu tentar Turismo aqui na UNICAP.

Professor itinerante dá aulas para os candidatos do vestibular
Por Bárbara Travasos

Na conhecida Rua do Lazer, que fica entre os blocos A e G da UNICAP, o professor Márcio Barbosa, natural de Belo Horizonte, dava dicas de matemática aos candidatos do vestibular. Ele, atualmente, reside em São Paulo, onde divulga seu trabalho nos vestibulares da USP e Unicamp. Márcio formou-se em Engenharia Mecânica na UFMG, mas desde que cursava o pré-vestibular, ele dava aulas particulares.

Através de “fórmulas mágicas”, o professor Márcio Barbosa ensina maneiras rápidas de se resolver problemas matemáticos. Há 22 anos desenvolvendo pesquisas com novos processos que usam a lógica, Márcio já apresentou suas técnicas em vários meios de comunicação do país a exemplo do Diário de Pernambuco, Folha de São Paulo e até programas de televisão como o de Ana Maria Braga (Rede Globo).

Em Pernambuco, o professor mineiro, há aproximadamente dois meses, se instalou na Rua Nova, Centro da Cidade, para dar aulas voluntariamente. Porém, ele não acredita muito na tradução da palavra voluntariado. “Eu acho que nada na vida é de graça. Mostro o meu trabalho àqueles que se interessam por ele. A minha maneira de trabalhar chega a hipnotizar as pessoas que passam pelas ruas, quando elas descobrem que matemática não é tão difícil quanto parece. Ofereço aulas particulares e o manual de matemática produzido por mim”, explica.

Aqui na UNICAP, Márcio estava ensinando aos candidatos do vestibular maneiras mais práticas de se extrair raízes quadradas e cúbicas de números extensos. No método tradicional, a decomposição do número teria que ser feita até se chegar ao resultado final, o que demoraria muito. “A dica para concursos públicos e vestibulares é utilizar técnicas que são fáceis de decorar e, sobretudo, de aprender. No meu manual ensino algumas delas”, afirma Márcio. O Manual de Cálculos Notáveis custa R$ 20,00. Márcio Barbosa está voltando a São Paulo hoje (10), mas os interessados em adquirir o manual ou tirar dúvidas podem entrar em contato com ele pelo telefone (11) 9291-9299 ou (81) 9218-4245 (falar com Alex). E-mail: mabcalculos@bol.com.br .