Francisco de Paula de Almeida Brennand nasceu em 1927 na cidade do Recife. Seu pai, Ricardo, era um homem cultivado, erudito, pianista, que tinha paixão pela literatura e pela pintura. Ademais, era fascinado pela matéria cerâmica, havendo na família uma verdadeira tradição familiar em torno à este tipo de produção.
Quando Francisco tinha apenas dezesseis anos, seu pai, que havia adquirido uma coleção de quadros, pediu-lhe que cuidara da restauração das pinturas. Foi assim que conheceu Álvaro Amorim, um dos fundadores da Escola de Belas Artes do Recife, que se dispôs a restaurar os quadros, e que lhe proporcionou uma iniciação ao mundo da pintura. Álvaro Amorim apresentou o talentoso adolescente a Mário Nunes, Baltazar da Câmara e Murilo La Greca, igualmente fundadores da escola. Com o tempo, Brennand passou a acompanhá-los quando saiam para pintar em pleno campo.
Pouco mais tarde, Abelardo da Hora, que seu pai havia convidado para trabalhar com ele em sua cerâmica, botou-lhe o barro nas mãos. No entanto, a preocupação do jovem Brennand, naquela época, estava voltada para a pintura, e suas primeiras telas revelavam uma clara influência de pintores “místicos” espanhóis como El Greco o José de Ribera. Quando expôs pela primeira vez no salão do Museu do Estado, tendo apenas vinte anos, seus quadros intitulavam-se: “Primeira visão da Terra Santa”, “Segunda visão da Terra Santa”, “Frade em oração”, ou ainda “Auto-retrato como cardeal inquisidor”.
Depois de duas estadias na Europa, Francisco se instalou no Brasil e passou a trabalhar com o pai, realizando murais na fabrica de azulejos inaugurada em 1954. Em novembro de 1971, o artista se instalou na Cerâmica São João da Várzea, praticamente em ruínas, e começou a reconstruí-la. Foi assim dado início a um colossal projeto de esculturas cerâmicas que iria povoar os espaços internos e externos do ambiente, transformando a propriedade familiar num mundo de sonhos e tormentos.
© Véronique Donard