Quem trai mais: o homem ou a mulher?
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Pesquisa mostra que mulheres estão traindo tanto quanto os homens.
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Karina
Lins
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Quando um casal se separa e o motivo é a infidelidade, vem logo em mente a figura do homem. Esse tipo de pensamento está com os dias contados. Várias pesquisas revelam que as mulheres estão colocando as garras de fora, tendo casos extraconjugais, e se aproximando de uma postura historicamente masculina. Vivendo numa sociedade ainda machista, onde o homem que possui várias mulheres é visto como garanhão, e a mulher que age da mesma maneira é apontada no mínimo como vadia, faz com que estas quando infiéis sejam discretas, o que não acontece com o sexo oposto, que na maioria das vezes muda completamente a jeito de tratar a namorada ou esposa, fazendo com que todos cheguem a conclusão de que o homem é o mais infiel. À mulher nunca foi permitido trair. Nem pela sociedade nem por ela mesma. Hoje, em conseqüência das transformações do comportamento delas, motivos que aprisionavam o sexo feminino estão se desmanchando, fazendo com que elas não tenham receio nem se sintam culpadas ao cometer um adultério. Depois de tentar reconquistar sem sucesso o marido infiel lançando mão de fetiches, a dona de casa Valéria*, 28 anos, resolveu seguir os conselhos das amigas. “Todas me diziam que eu era idiota e existiam muitos homens interessantes por aí”, lembra. Decidida a dar a volta por cima, ela escolheu como primeiro parceiro extra-conjugal um ex-namorado. O casamento que já durava seis anos, sobreviveu por mais nove meses. E durante esse tempo, ela ainda teve outros quatro casos. “ Alguns não passaram de aventura de uma noite, mas recuperei minha vaidade. Passei a usar roupas mais sexies , que valorizam minhas formas. Hoje não tenho mais vergonha de trair, aprendi que não vale a pena ser boazinha, homem gosta de mulher igualzinha a ele”, afirmou. Depoimento como esse pode chocar. Mas revelações picantes, histórias de desempenhos memoráveis e muita risada regada a cerveja - características habituais de encontros masculinos - já fazem parte do universo feminino. “Hoje a mulher se sente mais livre para exercer a sexualidade, ao mesmo tempo em que as relações andam cada vez mais distanciadas”, afirma a psicóloga Maria José Lemos. Segundo sua experiência clínica, homens e mulheres estão frustrados e carentes, pois esperam do parceiro o que o outro não pode lhe dar. “O homem ainda idealiza uma mulher perfeita, enquanto ela se sente privada de um companheiro que a apóie, que a ajude a cumprir papéis de esposa, profissional, amante e mãe”, disse Maria José. O cenário de pura reivindicação e nenhum diálogo abre brechas para que o desinteresse se instale e dê margem para a infidelidade. O Ibope realizou nos anos de 1998 e 1999 na região metropolitana do Recife uma pesquisa com 1.200 mulheres sobre a traição. O número de infiéis quase que dobrou, em novembro de 98, o percentual foi de 25 %, já no ano passado, subiu para 40%. Na mesma pesquisa, foi perguntado a razão pela qual elas traíram e a maioria apontou as brigas e perda do apetite sexual como os principais problemas. Por mais que esse tipo de comportamento seja maior atualmente, é natural que as mulheres fiquem nervosas e por isso sejam mais discretas, até porque não é de uma hora para outra que desaparece a herança de um ato que durante séculos foi considerado crime passível de apedrejamento, morte, humilhação social e que ainda hoje está previsto no código penal. Tanto é que, mesmo traindo tanto quanto o homem muitas ainda preferem o silêncio e a discrição. “ A diferença é que eles demonstram mais. O homem não perde nada quando é infiel. A mulher perde o direito à pensão e até a guarda dos filhos”, complementou a psicóloga. Afim de não ser tachada de vulgar, abalar a família e para não perder a guarda da filha de apenas três anos, a contadora Raquel Fonseca* , casada há cinco, faz de tudo pra que o marido não descubra que ela possui um amante. “ Com meu marido tenho uma relação de amizade. O sexo já não é mais o mesmo, brigamos o tempo todo, até na cama. Um belo dia andando no shopping, sentei na praça para lanchar quando um rapaz pediu para sentar na mesa em que eu estava. No começo achei um absurdo, uma audácia da parte dele. Com o desenrolar da conversa comecei a fantasiar coisas que até Deus duvida. A verdade é que ele surgiu no momento certo, estava deprimida, me sentindo a mais feia de todas as mulheres e quis experimentar o perigo. Gostei e já estamos juntos há um ano. Não pretendo me separar do meu marido, até acho que ele tem outras por aí mas não quero que minha filha pense que sou uma vagabunda e também porque querendo ou não todos devemos satisfação a sociedade. Prefiro continuar no escondidinho”, Disse Raquel*. |
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