Internet é uma nova opção para os infiéis
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A traição virtual está em alta e pode virar crime em todo País
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Patrícia
Viviane
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Uma tela luminosa de compu tador à nossa frente, um teclado, talvez uma música ao fundo, e o resto é o silêncio atroz que povoa nossa solidão. Casado entra na sala, e depois de diversas trocas de mensagens e flertes, reservadamente, em encontros na sala de bate-papo, ele desabafa : “A pessoa já chorou o suficiente até agora, e não vai ser por causa de alguém, que ela sequer conhece pessoalmente, a quem se apegou através da tela de um computador e que nem se importa com ela, que ela deve ficar assim”. O que parecia ser um simples bate papo, se transformou em algo mais. Vítima de um amor mal resolvido, Casado abandonou a esposa e filhos, um casamento estável por um caso de amor virtual. Acobertados por nicknames (apelidos), os participantes entregam-se as ousadias de criar quantos personagens possam povoar seu imaginário. Os casos de infidelidade conjugal pela Internet - adultério virtual, como os juristas chamam o assunto - estão entre as preocupações que levaram o Governo Federal a criar uma comissão de notáveis para atualizar a legislação brasileira sobre o direito de família. Os adultérios cibernéticos chegam cada vez mais em escritórios de advocacia, mas não encontram repostas na legislação brasileira. Na hora da separação litigiosa, já requerida por vítimas desse tipo de traição pairam dúvidas sobre guarda dos filhos e partilha de bens. Adultérios virtuais são em geral homens e mulheres de classe média, de mais de 30 anos, que encontram no sigilo da Internet o espaço ideal para soltar as fantasias sexuais. Os homens são a maioria dos freqüentadores dos sites de busca afetiva, porém o número de mulheres vem crescendo. Mas o fim desta história nem sempre é feliz. Foi o caso da professora I., de 50 anos. Casada há 25 anos, mãe de três filhos, levava uma vida confortável em Brasília, encontrou um príncipe encantado - um inglês - há dois anos, numa incursão num chat. Eles começaram a fazer sexo virtual e se apaixonaram ardentemente. Os contatos virtuais se transformaram em encontros reais. O marido descobriu a traição e a expulsou de casa sem direito a nada. O filho mais velho arremessou o computador contra a parede. I. assumiu o romance e pretende se casar. A tradutora R.M.C.C., 31 anos sentiu na pele os dois lados da moeda: traiu e foi traída. Conheceu o “homem perfeito” em um bate-papo na Internet e começou a namorar. Em sete meses, viveu “o maior amor que alguém pode sentir na vida”, até descobrir que amava um estranho: tudo que ele tinha contado era mentira. O publicitário Ronaldo Carvalho é frenquentador assíduo de chats afetivos. Os namoros iniciados pela Internet já lhe rederam seis romances. O último deles, com uma administradora de empresas, dura dois anos. Mas a mulher (casada, de 30 anos, mãe de um garoto) vive bem com o marido e recusou a proposta de casamento de Ronaldo. Alega quer não quer deixar a vida confortável que leva, nem fazer o filho sofrer. As relações íntimas por computador são tema do livro Sexo, afeto e era tecnológica, da editora da Universidade de Brasília (UnB), que analisa diálogos obtidos por um grupo de recém-formados em Comunicação da universidade durante dois anos. A conclusão surpreendeu: os contatos tornaram-se mera reprodução da pornografia convencional das revistas eróticas. Em outros casos, que o encontro real não acontece os advogados se deparam com um problema: se a relação foi só virtual, pode ser chamada de adultério? “Não vejo o sexo virtual como adultério, mas ele caracteriza uma ruptura de deveres conjugais que justifica a separação.” disse Antônio Junqueira, professor da USP e integrante da associação. O alibi certo entre os amantes Segundo a Assessoria de Direitos Humanos e Comunicação Social da Polícia Federal de Pernambuco, o que se pode afirmar é que a traição virtual ainda não é crime, a infidelidade virtual pode se apresentar na justiça, junto com os processos, por danos morais e as provas serão os e-mails. Mas, fica cada vez mais difícil limitar o computador da inteligência humana, muitas águas vão rolar e até lá, ainda tem muitos interautas que já têm o alibi perfeito para seus adultérios virtuais. Além de servir de ponto de encontro e de meio de comunicação entre os amantes, a Internet também é capaz de dar uma mãozinha quando o adultério ultrapassa as fronteiras do mundo virtual. Duas empresas inglesas oferecem na Rede uma infra-estrutura completa para casados que querem dar suas escapulidas com total segurança. A infra-estrutura trata-se de: convites falsos para reuniões de negócios em outras cidades, recibos fictícios de hotéis e restaurantes e até números de telefones para o companheiro traído ligar e deixar o recado (em seguida os funcionários dessas empresas ligam para o adúltero e lhe passa a mensagem). No momento o Ace Alibi (www.ace-alibe.com) e a The Alibi Agency (www.alibi.co.uk) atuam em poucos países na América Latina, apenas a Argentina é atendida, mas já existem planos de franquias até no Brasil, devido ao grande número de pedidos. A página oferece uma série de serviços que podem ser contratados separadamente ou na forma de pacote. O pagamento pode ser feito via cartão de crédito e com sigilo garantido. |
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