Ecumenismo
busca unidade entre os cristãos
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Movimento chama fiéis das várias religiões para vivenciar a alegria do trabalho fraterno |
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União das igrejas cristãs, leia-se católica, ortodoxa e protestante, superando toda uma história de desavenças. Esse é o lema do ecumenismo, um movimento de unificação que chama à oração e ao trabalho em comum. O termo ecumenismo hoje é usado amplamente no sentido da busca de unidade entre os cristãos. De maneira mais abrangente, também é empregado para designar o diálogo entre todas as religiões. Quanto à etimologia e ao conteúdo, o termo vem de longe. Vem do grego clássico (oikoumene) e pertence, na verdade, a toda uma família de palavras. Estas, no seu conjunto, dão uma visão do conteúdo. Oikoumene está relacionado a oikos (casa, o lugar onde se mora), oikeiotés (expressão de relação, de amizade) e oikonomia (administração da casa). Oikoumene, por sua vez, designa a terra habitada, o universo. Nesse sentido, “ecumenismo” carrega em si a preocupação de que tenhamos nossa casa como terra habitável. Segundo a comunidade cristã, ela, a casa, será habitável se derrubarmos, a partir do Evangelho, todo tipo de preconceito, todos os muros de separação, e se nos empenharmos por justiça, paz e integridade da criação. A manifestação mais evidente do ecumenismo são os ‘cultos ecumênicos’, nos quais fiéis de várias religiões cristãs se reúnem para orar. De acordo com Ervino Gonçalves, membro da Igreja Evangélica Batista e mestre em teologia, definir a palavra ecumenismo é no mínimo complicado, pois apenas as pessoas que participam dos cultos são capazes de sentir o seu verdadeiro significado. “ É muito mais fácil convidar alguém para participar simplesmente de um momento de prece ecumênica do que explicar, de forma convincente, os princípios do movimento da busca da unidade”, afirma o teólogo, convicto. Hábito - Para a maioria dos cristãos, o costume de se freqüentar cultos ecumênicos não é tão difícil de ser adquirido; acredita-se que basta visitar a reunião uma única vez para, a partir daí, essa prática tornar-se um hábito. “Tudo que esse nosso produto necessita é de uma espécie de ‘amostra grátis’, provando uma vez, a pessoa acaba querendo mais, tamanha é a alegria que o convívio ecumênico fraterno faz nascer no coração”, garante Therezinha Cruz, católica, freqüentadora dos cultos e autora de várias publicações na área de catequese. Exceto nas datas comemoradas pela Igreja, como Páscoa e Natal, os cultos não têm uma freqüência pré-estabelicida para serem realizados, pois dependem da disponibilidade de programação das igrejas envolvidas. O número de participantes dos cultos é bastante difícil de contabilizar; dependendo da data podem participar até 300 fiéis numa só reunião. “É uma verdadeira festa, nossas reuniões proporcionam um bem estar que chega a ser mágico, tanto para quem já é acostumado a freqüentar, como para quem vem apenas conhecer”, ressalta Therezinha Cruz que frequenta o Espaço Ecumênico, um dos locais do Recife apropriados para serem realizados os cultos, situado no bairro da Boa Vista. Na opinião do ortodoxo Geraldo Lisboa, os cultos ecumênicos são absolutamente gratificantes, e ao ser indagado sobre o porquê de sua resposta, ele responde em alto e bom tom. “São séculos de antagonismo e intolerância, sendo superados pela alegria de descobrir, no outro, um irmão da mesma família cristã”, afirma. Para Geraldo, o ecumenismo não representa de forma alguma a possibilidade de unificação entre as religiões. Segundo ele, os cultos servem para vários fiéis, elevarem em só momento, o pensamento a Deus e não para mudar a escolha religiosa das pessoas. “Todas as religiões são evidentemente cristãs, mesmo aquelas que assim não se consideram, por se encontrarem nos diversos graus da evolução espiritual. Há tantas religiões quantos são os graus de entendimento espiritual dos homens, conforme a soma de suas encarnações. Todas as criaturas e todas as religiões são conseqüentemente cristãs, porque Jesus, O Cristo, por determinação de Deus, é o Fundador e Supremo governante deste planeta que habitamos”, conclui. |
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