Jornais
pernambucanos são os melhores do Nordeste
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Editores-gerais da Folha, JC e DP opinam sobre a imprensa
local e elogiam nossos profissionais |
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Berro - Como o senhor situaria o jornalismo impresso de Pernambuco em relação à imprensa do resto do país? Henrique Barbosa - O jornalismo pernambucano é o melhor do Nordeste. Antes da pesquisa de pré-lançamento da Folha, o leitor se disse satisfeito com a qualidade dos jornais em Pernambuco. Ivanildo Sampaio - Acho que a imprensa local não fica atrás. Em matéria de tecnologia, não tem nenhum jornal que passe a frente do Jornal do Commercio. O que nos diferencia é porque o mercado de lá é rico. Rico em publicidade. Temos bons jornalistas que saem daqui do JC e têm emprego garantido no Rio e em São Paulo. Ricardo Leitão - O jornalismo impresso no país vive uma fase boa. A imprensa de Pernambuco não é melhor do que a imprensa do Rio, São Paulo e Brasília, mas, dentro do Nordeste, os melhores jornais e profissionais estão no Recife. Berro - Qual a diferença entre os veículos impressos do Estado? Henrique Barbosa - A Folha é um jornal de laboratório, concebido através de uma pesquisa de opinião. Basicamente, o jornal destaca matérias de polícia e esporte. Ivanildo Sampaio - Temos dois concorrentes, a Folha de Pernambuco e Diário de Pernambuco. O primeiro é mais popular. A Folha sentiu que havia um vácuo no mercado para aquele tipo de leitor; fez um jornal e deu certo. Em relação ao Diário de Pernambuco, cada um tem sua personalidade, embora sejam jornais múltiplos onde os dois oferecem praticamente o mesmo tipo de serviço. O que diferencia um pouco são seus colunistas por serem mais opinativos. São jornais parecidos com leitores fiéis. Ricardo Leitão - O Diário de Pernambuco e o Jornal do Commercio são produzidos para o mesmo tipo de público, voltado para as classes A e B. Os jornais têm uma pauta semelhante com linhas de abordagens às vezes diferenciada. Acredito que o Diário de Pernambuco tem mais autonomia em relação ao Governo do Estado e algumas áreas empresariais. Também mais liberdade e diversidade de opinião, porque somos um grupo de associados com 21 acionistas, alguns deles jornalistas, que vivem disso. Já o Jornal do Commercio tem um único dono, o João Carlos Paes Mendonça. Pelo fato de ser uma pessoa economicamente poderosa, em algumas situações, essa relação da redação com o dono pode direcionar algum tipo de noticiário, cobertura, alguma coisa assim. O leitor do Diário está mais informado. Eu já fui textualmente citado, em notas oficiais do Governo do Estado, que estava dirigindo um jornal de oposição ao governo. Mas isso são coisas irrelevantes no composto das relações com os nossos clientes.
Berro - Seu jornal tem posição política? Henrique Barbosa - Nosso público-leitor não liga muito para posição política. Isso não interfere no trabalho dos jornalistas da Folha. Ivanildo Sampaio - Não, somos um jornal preocupado com a defesa dos valores dos quais a gente acredita: a democracia, numa sociedade pluralista, da livre iniciativa. Somos um jornal identificado primeiro com Pernambuco depois com o Nordeste. Ricardo Leitão - Não. O Diário é pluripartidário e apolítico. Ou seja, não tem uma posição política, mas reflete a pluralidade de opiniões que existe na cidade. Ele abre espaço para todas as tendências políticas se manifestarem. Não toma partido político. O DP toma partido em favor das grandes causas de Pernambuco. Berro - Qual a linha editorial do seu jornal? Henrique Barbosa - Nosso jornal não tem um grande número de assinantes. Portanto, é mais voltado para as questões populares, sem esquecer do público das classes A e B. Ivanildo Sampaio - O centro, em defesa das coisas do Nordeste. Ricardo Leitão - O Diário de Pernambuco não tem relação com nenhum grupo econômico ou político. É um jornal sem vinculações. Essa é a posição que o DP vem adotando, historicamente, ao longo dos seus 175 anos. Embora, em alguns momentos, quando a situação se polarizou no Estado, tenhamos até tomado posições políticas a favor ou contra alguma posição. Berro - O senhor tem alguma opinião sobre os cursos de jornalismo das universidades pernambucanas? Henrique Barbosa - As universidades deviam colocar os alunos mais para a rua, fazer uma mistura entre o teórico e o prático, e também obrigar os alunos a lerem mais, os estudantes de jornalismo lêem muito pouco. Ivanildo Sampaio - ...Posso dizer que o curso da Católica já foi melhor. Antes tínhamos uma carga muito grande de informações gerais. Os cursos preparavam a gente para ter uma visão mais globalista do mundo e de mais cultura. Éramos obrigados a ler mais o que acontece no mundo, o que não acontece com esses jovens que estão saindo das universidades. Alguns estagiários nunca leram um clássico, são desinformados. E quem não lê não escreve bem. Ricardo Leitão - Eu não sei a situação dos currículos das universidades, os equipamentos que elas têm, o nível dos professores. Faz muito tempo que eu me formei, em 1974, na Universidade Católica de Pernambuco, e tenho pouco contato com as universidades. Eu posso dar testemunho é em relação aos estagiários que chegam aqui. O nível deles é muito bom, estão cada vez melhores. Berro - O acesso massivo à Internet interferiu no andamento comercial do jornal? Henrique Barbosa - A Internet ainda está engatinhando no nosso jornal. Semana que vem, vamos colocar um contador para o jornal e estamos negociando com algumas empresas para anunciar na nossa “home page”. Ivanildo Sampaio – Não, até agora não. Mas a gente não duvida de que vai interferir. Não acredito que seja num prazo curto, porém, num médio prazo, certamente vamos sentir o impacto. Ricardo Leitão - Não, de forma alguma. O acesso à Internet é muito limitado, apenas seis por cento da população brasileira. Então, por enquanto, não há nenhum “site” de jornal rentável no Brasil. Ele não fatura de publicidade o suficiente para manter as equipes que o colocam no ar. Temos no Diário duas redações: a redação do impresso e a do “site”, com dez pessoas. O nosso dá prejuízo, mas não podemos sair desse negócio, porque uma média de 7 a 8 mil leitores, dependendo da edição do dia, lêem o jornal pela versão on-line.
Berro - Quais os futuros projetos a serem implantados no jornal? Henrique Barbosa - Estamos tentando um acordo com os fornecedores de papel em relação aos preços. Até o primeiro semestre deste ano, a tonelada do papel-jornal custava U$$ 530. Hoje esse preço subiu para U$$ 870. Um dos referenciais do nosso jornal é o preço, por isso não vamos aumentá-lo. Procuramos lançar uma média de 26 páginas por edição. Ivanildo Sampaio – Fizemos uma reforma gráfica no visual do jornal, ajustes em algumas páginas, a logomarca manteve a cor azul e vermelha, porém de uma maneira mais estilizada. E a gente também imagina que, no próximo ano, vamos dar um pouco mais de serviço ao leitor. Ricardo Leitão - Estamos ainda na lapidação da reforma gráfica que fizemos dois anos atrás. A idéia é ficar com esse projeto gráfico mais ou menos dois anos e depois fazer uma adaptação em função dos novos equipamentos que acabamos de comprar. A máquina de impressora nova duplicou a capacidade e a velocidade de impressão do jornal. No momento a preocupação maior, em termos de produtos novos, é com o “site” do jornal. Estamos preparando uma reforma no “site”, a tendência é torná-lo uma empresa independente. Berro - Qual a posição do jornal em relação ao projeto da nova Lei de Imprensa, principalmente em assuntos polêmicos, como a Lei da Mordaça? Henrique Barbosa - Temos um cuidado muito grande em relação às notícias que publicamos. Nós fazemos reuniões periódicas com os repórteres, principalmente com os de Grande Recife / Polícia para evitar que se cometa algum tipo de difamação em relação a alguém. A própria sociedade tem que se conscientizar da importância dessa lei. Ivanildo Sampaio - Somos contra, porque ela é prejudicial. Ela pode quebrar inúmeras pequenas empresas jornalísticas pelas multas peculiares que ela aplicará. E mais, ela pode criar um fato novo, que é a indústria da denúncia, colocando advogados “porta de jornal” que ficam procurando algum deslize para levar a justiça. Nós estamos com a Associação Nacional dos Jornalistas nesta posição de achar que a lei não é por aí, não é dessa forma que vamos acabar com o problema. Ricardo Leitão - O Diário de Pernambuco é absolutamente contra a Lei da Mordaça. O Ministério Público vem tendo atuação importante para que criminosos e vários colarinhos brancos sejam punidos e processados. As informações de um órgão público devem ser levadas para o conhecimento da população. Somos a favor também que juizes, delegados possam dar entrevistas. Eles são profissionais e sabem o que devem falar. Em relação à Lei de Imprensa, achamos que é preciso calcular melhor as multas. Elas podem ser muito altas e servirem como instrumento de intimidação dos jornalistas. Também deve ser revisto o direito de resposta dentro dos jornais. A Lei deve ser cada vez mais rigorosa com a possibilidade de denúncias falsas, fraudes, atentados à honra e à vida privada das pessoas. Berro - O jornal tem um estilo próprio de redigir suas notícias? Henrique Barbosa - Sim. Não só de redigir, mas também de pautar as matérias. O tamanho da letra do jornal é maior; nós pautamos os repórteres para trabalharem as matérias com prestação de serviço; temos uma Central de Atendimento com o leitor, textos curtos e sem linguagem rebuscada. Ivanildo Sampaio - Tem, cada jornal tem seu estilo próprio. Temos um pequeno manual de redação, mas principalmente temos a filosofia do jornal. O jornalista deve escutar as duas partes, não deve acusar ninguém sem conceder direito de resposta, não se deve fazer uma denúncia sem ter a absoluta certeza de que a denúncia foi comprovada, não pode chamar de marginal quem não foi condenado, entre outros aspectos. Ricardo Leitão - O Diário de Pernambuco tem o estilo padrão. Há muita liberdade dentro da redação, mas procuramos sempre caracterizar, com muita clareza, o que é material opinativo do que é material noticioso. Isso serve para o próprio estilo de redação dos textos. E também o material opinativo tem uma característica prática muito própria para destacar claramente, para o leitor o que é opinião e o que é notícia dentro do jornal. Berro - Como o jornal se adequa ao perfil do seu leitor? Henrique Barbosa - O leitor é quem manda no jornal, a não ser quando é aquele leitor mais xiita. Nós fazemos o melhor caderno de esportes e a melhor cobertura policial, porque são aqueles de maior interesse dos nossos leitores. Ivanildo Sampaio - Hoje todo jornal trabalha em cima de pesquisa. Deve-se avaliar o sentimento do leitor. Com as pesquisas, muitas vezes somos surpreendidos. Em uma delas, notamos o alto índice de leitura das colunas sociais, o que para nós foi surpresa, porque achávamos que o público que se interessava era apenas a elite. Ricardo Leitão - Por pesquisas. Nós fazemos sistematicamente pesquisas com assinantes e leitores de venda avulsa para avaliar o que eles estão achando do jornal e quais os temas que deveríamos aprofundar, quais são os enfoques que deveríamos ter sobre determinados assuntos, se está bom ou ruim. A pesquisa é feita quinzenalmente e avaliada por faixa de renda e idade. Com o relatório, a redação toma algumas decisões editoriais. |
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