Santo Amaro enterra todas as classes sociais
 
 
O local, caracterizado pela diversidade de público, atrai pessoas que visitam túmulos de celebridades e de supostos milagreiros
 
 
Por Eracléa Jordânia
 
           
 

Muito popular, o cemi-tério de Santo Amaro recebe pessoas de todas as classes sociais, inclusive personalidades. Considerado o maior do Estado, ele possui cerca de 30 mil túmulos fixos e rotativos, neste o corpo fica enterrado durante 2 anos no máximo, divididos em 6 setores. A divisão foi necessária para possibilitar a informatização do cemitério, o que facilita a localização de qualquer túmulo.

O Cemitério foi construído entre Olinda e Recife, no ano de 1851, pela necessidade de enterrar os corpos de negros que apareciam boiando nas praias, nesta época apenas os ricos tinham direito ao sepultamento nas igrejas. Para a obra foi necessário um projeto muito minucioso, resultado dos planos do então presidente Francisco do Rego Barros, o Barrão da Boa Vista, que contratou o melhor engenheiro francês, Louis Léger Vauthier.

O Cemitério de Santo Amaro, preserva até hoje túmulos com a arquitetura da época. Um dos mais famosos é o de Joaquim Nabuco, falecido em janeiro de 1910. No ano seguinte o escultor italiano Giovanni Nicolini iniciou o projeto e o escultor italiano, Renato Baretta, se encarregou de montá-lo. No local encontram-se enterradas também outras personalidades como Agamenon Magalhães; Manoel Bandeira; Capiba; Chico Science entre outros.

Crenças – Os túmulos mais visitados em Santo Amaro são os de duas crianças, Alfredo Sotero Neto, sepultado em janeiro de 1959 e a Menina Sem Nome, morto em junho de 1970. Na época de finados, dezenas de pessoas procuraram as sepulturas para depositar flores, bonecas e fazer orações. Há quem acredite que as falecidas crianças podem resolver seus problemas.

Segundo o administrador do Cemitério, Rogério Ferro, cerca de 30 pessoas são enterradas por dia. “Pelo fato do Cemitério já comportar muita gente, as vagas estão se tornando poucas e as pessoas reclamam. Para se ter idéia hoje existem 45 quarteirões mas, com o alto índice de sepultamentos estão sendo construídos mais cinco com a intenção de suprir as necessidades do Recife” , afirma o administrador do cemitério, Rogério Ferro.

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  Ingleses lutaram pelo próprio cemitério    
 
Por Cybelle Galvão
   
 

O grande portão de ferro da Avenida Cruz Cabugá, que liga Recife a Olinda, marca a entrada do Cemitério dos ingleses, uma obra da fundição d’ Aurora datada de 1852. Criado após a chegada da corte Portuguesa ao Brasil e abertura dos portos às Nações Amigas, o cemitério seria o sepulcro de ingleses.

O que se conhece na história da construção do local é que, no ano de 1808, em ocasião da abertura dos portos, chegou o primeiro navio inglês ao Recife. A partir daí, a comunidade britânica cresceu, trazendo problemas religiosos. Já que eram protestantes em uma nação católica, este povo não podia ser sepultado em jazigos brasileiros.

Sem cemitérios, os ingleses exigiram, em 1813, através de seu representante no Rio de Janeiro, o Visconde Strabgford, a construção do “The British Cemitery”, como consequência do cumprimento de um tratado firmado entre Portugal e Inglaterra.

Curioso é o fato de não existirem documentos que registrem a transferência do terreno cedido para uso inglês nem da data do início de seu funcionamento. Só a partir de 1821, com a chegada de um capelão inglês, Jony Penny, é que os primeiros registros começaram a ser organizados, inclusive o primeiro sepultamento que realizou, o de uma criança chamada Edward Pelly.

Apesar de sua história, neste cemitério foram enterrados estrangeiros de várias nacionalidades, principalmente após 1850, ano de chegada da febre amarela ao Brasil. Foi também nesta época, devido à quantidade de mortos, que houve a necessidade de aumentar o local.

Conservação – Mesmo tombado pelo Patrimônio Histórico da Humanidade, o abandono é a marca registrada do Cemitério dos Ingleses. Nenhuma instituição, britânica ou brasileira, contribui para manter toda sua beleza e história de séculos.

Para o cemitério, o único alicerce é uma decadente associação de famílias proprietárias de túmulos, cosntituída no ano de 1980, para conservar o local. A união conta hoje com cerca de 200 famílias, e nem todas contribuem para a manutenção dos túmulos. Desta forma o total arrecadado é insuficiente.

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