S31 - Hibridações de estéticas,
gêneros e mídias Denize Correa Araujo, UTP/PR
A poética do pós-modernismo procura a interface entre os diversos meios, combinando-os de forma a pôr em xeque a tendência modernista para a pureza. O filme/minissérie O Auto da Compadecida é tomado como exemplo de conexão "impura", em que elementos díspares concorrem para o estabelecimento da representação do nordestino.
Um filme pode ser híbrido entre ficção e documentário. Mas como é possível identificar tais características? Tendo como exemplo o curta-metragem Passadouro, a diferenciação significante entre esses dois gêneros, presentes em um só filme, pode ser percebida a partir da relação entre o objeto imediato e o objeto dinâmico.
Fernando S. Vugman, Unisul/SC Nesta comunicação será feita uma breve análise da figura do gangster hollywoodiano como figura central da mitologia moderna norte-americana. Em seguida, tendo essa discussão como pano de fundo, será abordado o filme Cidade de Deus, visando lançar alguma luz sobre os possíveis significados mitológicos do bandido no cinema brasileiro.
Análise das representações estereotipadas de migrantes nordestinos nas metrópoles, tomando como amostra três chanchadas - Rio Fantasia (RJ, 1957 ), Três Colegas de Batina (RJ, 1961) e Virou Bagunça (RJ, 1961) ) - e três dramas, incluindo uma pornochanchada - Na Ponta da Faca (RJ, 1977), A Dama da Zona ( SP, 1979) e As Aventuras de um Paraíba (RJ, 1982)). Buscamos investigar os contextos que proporcionariam tais discrepâncias.
O Invasor (2001) apresenta oposições ideologicamente constitutivas da sociedade brasileira, problematizando as contradições entre capital e ética, que revelam, em uma leitura jamesoniana, a desmobilização da contestação pela fragmentação das classes, uma consciência culpada e um "narcisismo às avessas" sem, no entanto, endossar uma visão totalmente niilista em relação ao futuro.
Análise histórica e etnográfica do filme Lampião, o Rei do Cangaço (1936), de Benjamim Abrahão, tomando como referências Filho sem mãe (1925), e Sangue de irmão (1926), obras do Ciclo de Recife que se referem fortemente ao cangaço, e Lampião, fera do Nordeste (1930), uma ficção produzida na Bahia com cenas documentais.
Consuelo Lins, UFRJ A partir de alguns exemplos tais como Rua de mão dupla, de Cao Guimarães, e Passaporte húngaro, de Sandra Kogut, discuto a importância da criação de dispositivos de filmagem no campo do documentário e suas diferenças em relação aos dispositivos dos reality shows.
Como os dispositivos cinematográficos (câmeras e telas simultâneas e de vigilânica, ambientes de "laboratório") estão criando novas formas de narrativas. Análise da construção de filmes-dispositivos como O Show de Truman e Time Code. A relação entre dispositivos midiáticos e cinema (Ônibus 174).
A crítica e a pedagogia do personagem no documentário têm se restringido a reproduzir cânones da dramaturgia clássica. A Pessoa é para o que nasce, longa de Roberto Berliner, permite-nos testemunhar processos onde a constituição dos personagens decorre antes dos efeitos do dispositivo cinematográfico que do seu desenvolvimento dramático-narrativo.
Denilson Lopes, UnB Trata-se de primeira aproximação das relações entre o cinema contemporâneo e cotidiano. Para compreendermos melhor esta relação, recolocaremos a questão do real a partir de contribuições de Foster, Zizek e Perniola, como uma alternativa a tradição neo-naturalista nas narrativas brasileiras que resgatam o sertão e a favela como imagens privilegiadas.
Filósofo e sociólogo, o pensamento de Slavoj Zizek tem por base a psicanálise lacaniana centrando-se numa importante questão teórica do último Lacan: o Real. Por dar relevo ao Real, este crítico da cultura promove um deslocamento, na década de noventa, no modo como Lacan vinha sendo utilizado na teoria do cinema.
O trabalho objetiva evidenciar a dinâmica semiótica do enredo fílmico de Joel Pizzini Caramujo-flor ao re(ler) e (re)configurar os signos verbais da poética de Manoel de Barros. Assim, as relações da literatura com o cinema configuram-se no campo de investigação deste trabalho, mostrando como dialogam enquanto ideais estéticos.
Hélio Godoy, UFScar A estereoscopia disseminou-se no final do século XIX e entre 1953 e 1954. Com a revolução digital, essa imagem atingiu novo desenvolvimento, permitindo novas aplicações. Indaga-se, pois, como essa representação adequa-se às normatizações da linguagem audiovisual e como a estereoscopia digital poderá responder às necessidades metodológicas da produção audiovisual.
Valendo-se dos bits, o vídeo digital, ao lado da desmaterialização do suporte, promoveu também a desmaterialização das imagens. Buscando investigar como ocorre esse processo, procedeu-se à análise do vídeo-arte Parabolic People, de Sandra Kogut, e do videoclipe Tarde de Outubro, do conjunto CPM22, que revelou a configuração de padrões anti-gestálticos.
Com a tendência à convergência de mídias e ao desenvolvimento de uma "infraestrutura de eletro-mídia global", projetos audiovisuais devem ser abordados de forma transdisciplinar. O desenvolvimento de conteúdos baseado na "readaptação" de uma mídia para outra, está ultrapassado. Um novo modelo de co-criação que suporte cruzamentos de mídia é necessário.
A partir das teorias de Harold Innis sobre o bias da comunicação, uma abordagem aplicativa sobre a evolução tecnológica do cinema e as transformações que levam a um novo cenário para o audiovisual. Se o suporte fílmico deixa de ser como foi originalmente concebido, fisicamente pesado e de difícil manuseio, passando a existir também através de uma configuração eletrônica que o torna mais leve, volátil e virtual, quais as implicações e os impactos possíveis de serem analisados nos campos da produção e difusão da obras audiovisual? |
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