S16 - Me inclua fora disso: horror e riso
nas margens do cinema brasileiro Bernadette Lyra, Unip/SP O imaginário sociocultural brasileiro revisitado nas formas do horror e do riso, materializadas em filmes tidos como menores, marginais ou irrelevantes pela crítica cinematográfica, tendo por ponto de partida um estudo sobre o terrir - gênero B inventado por Ivan Cardoso, no qual se estabelece um pacto entre o público, os temas, a ambiência da época e os aspectos técnicos da produção.
Há 40 anos o cineasta José Mojica Marins lançou o primeiro de uma série de filmes polêmicos com o personagem Zé do Caixão que marcaria o início do cinema de terror brasileiro e uma série de questionamentos sobre a qualidade de sua obra. O principal objetivo deste trabalho é estudar e contextualizar os filmes com Zé do Caixão na história do cinema brasileiro através de sua técnica e forma cinematográfica.
A Boca do Lixo paulistana conheceu, no final dos anos 70 e começo dos 80, uma pequena mas significativa onda de filmes de horror eróticos. Esquecidos na vala comum de um cinema tido pela crítica como sensacionalista, os cerca de 15 filmes de horror realizados por figuras como Fauzi Mansur, David Cardoso e Raphaelle Rossi há muito merecem uma revisão. Engraçados até quando não queriam sê-lo, constituem o único estilo coletivo de filmes de horror na história do cinema brasileiro, o que faz deles uma referência fundamental para qualquer discussão sobre as manifestações do gênero em nosso cinema.
Március Freire, Unicamp No começo dos anos 50 Jean Rouch realiza no Níger um filme sobre a caça ao hipopótamo e resolve mostrá-lo, três anos depois, aos pescadores Sorko, seus verdadeiros protagonistas. A partir do diálogo que se estabeleceu entre estes e o cineasta nasceu aquilo que Rouch chamou de "antropologia partilhada". Os mais de cem filmes que realizou em seguida são resultado desse diálogo. Nosso objetivo é analisar os modos de exposição encontrados em algumas obras desse cineasta, discutindo as relações entre a voz do "outro" e a voz do filme que as subentendem.
Esta proposta trata dos documentários Compadre Zé Ketti, Casa Grande e Senzala e Raízes do Brasil, realizados pelo cineasta. Consiste em analisar aspectos desses filmes onde Nelson afirma seu estilo através do fluxo da narrativa possibilitada pela alternância de posição entre metodologias de observação e relação com o real.
Os filmes de Jean Rouch Jaguar (1954/1967) e Moi, un Noir (1958) foram sonorizados a partir da projeção das imagens para os atores. A tecnologia disponível não permitia a captação do som direto sincronizado. Rouch driblou a dificuldade criando uma maneira de contornar o problema. Mostrou o filme para os atores, estes improvisaram os textos. As imagens inspiraram comentários, falas, diálogos, solilóquios. O som não-sincrônico é uma marca desses filmes. Nem na filmagem, nem no estúdio, houve uma preocupação com a transparência da montagem. Os filmes ainda trazem os comentários do narrador/realizador organizando a narrativa. A filmagem não se preocupou com o texto a ser acrescentado na montagem, a dublagem não tentou ligar a voz ao movimento dos lábios. A colocação de falas foi motivada pela memória dos atores diante das imagens. A lembrança do que queriam falar no momento da filmagem foi motivada pela visão das imagens. As imagens também inspiraram novas sensações, não previstas na filmagem. Com estas experiências, Rouch buscou novas maneiras de aproximar-se de seu objeto fílmico. O jogo entre imagens e falas não-sincronizadas abre espaço para a intervenção da memória, dos sonhos e das fábulas.
Luiz Antonio L. Coelho, PUC/RJ O texto analisa o filme Swimming Pool - à beira da piscina, de François Ozon (França, 2003), a partir da posição ocupada pelos objetos de cena, que marcam a narrativa e definem pontos de vista. O filme problematiza a criação literária, as relações entre palavra escrita e imagem em níveis complexos de ambigüidade.
No horizonte das poéticas contemporâneas, oposições tradicionais como erudito ou massivo e comercial ou experimental perdem sua consistência e dão lugar a uma estética da imprecisão, do hibridismo e da ruptura de fronteiras. Esse processo é ilustrado de forma interessante e inovadora no obscuro Donnie Darko (2001), filme de estréia do diretor Richard Kelly e objeto de análise deste trabalho.
Estudo de alguns pseudo-documentários de Peter Greenaway, como os curtas Windows, Act of God e A Walk through H, além do longa-metragem The Falls, com o propósito de mostrar como o cineasta britânico embaralha ironicamente realidade e ficção, forja fatos absurdos, joga com taxonomias fantásticas, cria embustes autorais e parodia os procedimentos discursivos dos documentários convencionais.
O filme Os matadores (Beto Brant, 1997) constrói sua narrativa a partir de uma multiplicidade de vozes que apresentam ao espectador diversas versões de uma história. A partir dos conceitos da narratologia cinematográfica, propomos analisar como o espaço cinematográfico é construído a partir da tensão estabelecida entre os sub-narradores e o mega-narrador.
Mauro Eduardo Pommer, UFSC A presença do irracional na obra glauberiana, vista como aparente contradição entre sua crítica às práticas religiosas (construída no plano diegético) e o tratamento dado à religiosidade, enquanto autêntica manifestação da cultura popular, constitui estruturalmente na construção narrativa uma base tanto para ua retórica quanto para sua inerente teleologia.
Revendo a concepção nietzscheana de linguagem, Peter Sloterdijk aponta Nietzsche como um quinto evangelista, anunciador de algo para além da razão e da crítica. Analogamente, parece ser possível localizar uma "boa nova" no irracional glauberiano, para além de qualquer "explicação" já tentada até agora (inclusive pelo próprio Glauber).
As relações entre o último longa-metragem de Glauber Rocha, A Idade da Terra, e seu único romance publicado, Riverão Sussuarana, são intensas do ponto de vista formal, mesclando gêneros e linguagens. Experimentações que remetem à vanguarda da literatura (Joyce, Rosa) e do cinema (Godard, Nelson) sugerem um projeto poético ainda pouco avaliado pela crítica.
Glauber Rocha tratava da autoria do filme a partir de uma questão: afinal, quem faz o filme? Segundo o crítico Glauber essa indagação poderia ser considerada "ingênua" se fosse respondida sob a ótica tradicional da crítica, pois há várias razões e motivos, entre os quais a transformação do sistema de produção do cinema que, particularmente, altera a sua natureza e, consequentemente, desfigura as funções dos que nele se envolvem, principalmente os seus autores.
Flávia Seligman, Unisinos/RS Análise da produção de filmes policiais brasileiros dos anos 70, enfocando a questão da representação da violência das forças da repressão e do erotismo, utilizado como atrativo ao público masculino.
Serão analisados os constituintes do gênero "terror" no cinema brasileiro, a partir de José Mojica Marins, e seu roteirista Rubens Lucchetti, e a influência destes sobre uma parcela de cineastas contemporâneos.
As configurações de gênero no cinema brasileiro são efeitos da precariedade técnica, de produção, de realização etc. que se estabelecem na ambiência entre filmes e espectadores. Levando em consideração que o precário conforma os modos expressivos cinematográficos, pretendo pensar a pornochanchada como gênero.
Esta comunicação pretende apontar aspectos da história do cinema paulista que possibilitaram a experiência de produção vivida pela Boca de Cinema de São Paulo nos anos 60-70. |
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