Reino das pedras, do monte;
paraíso das juremas pretas.

Bolo-de-caco;
galinha-de-capoeira.

Peçonhentos voadores;
vampiróides rastejantes.

Analfabetos sábios;
ignorantes cultos.

Semi-árido torrencial;
petróleo lina verde de comer.

O doce do azedo do umbu;
o sagrado umbuzeiro.

Os corta-cabeças;
cabeças perdidas por muié.

Vedéia brasileira;
acalanto internacional.

Imaginário universal;
visão regional.

Vida sofrida;
morte matada.

Lugar intrigante;
milagre da fé e do trabalho.

Promessas demais;
pequenos pedidos.

Cantos de contralto estridente;
pré-históricos comestíveis.

Espinhos pra ferir predadores;
adaptação pra tentar sobreviver.

Enxada que produz comida;
memória que cultiva cultura.

Utopia de Sum Paulo;
certeza do sertão.

Podres poderes privados;
mudança nas urnas públicas.

Movimento dos sem quase nada;
tentativas dos quase tudo.
Alegria dos rios d’água;
dantescos leitos rachados.

Esmolas não;
oportunidades sim.

Água salobra;
nenhuma morte morrida

Esterilidade na terra;
vergões da vida.

Relações privadas;
vidas públicas.

Acervo bibliográfico;
atualização permanente.

Torrão do dia;
frio da noite.

Céu azul inigualável;
chão ocre rachado.

Messiânicos baraúnicos ocos;
romeiros paus-de-arara.

Amjus da capital;
genista da caatinga

Vaqueiro da motocicleta;
aboiador do gado prostrado.

Âmago do couro;
corpo da alma.

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