Raquel Barros
Ora, graças! Finalmente
Estou na minha vez!
É a noite da contente
Meu coração bem o sente!
É boa oportunidade
Para cantar a verdade
Que a muitos parece besteira,
Não é isso?...Sinceramente...
Pensem!
Ora, graças! Vou cantar
Sem nenhuma brincadeira
Pois, não pensem os senhores
Que a coisa é complexa;
E vão ficar entendidos
Com dois versos
E pouca pressa:
- Não me fizeram herdeira,
- Não acertei na loteca,
- Não encontrei o bom moço,
- Nem concorro a eleição
mas, lendo os Sertões de Euclides
Cheguei a compreensão.
Não contaria o motivo
Desta euforia tão clara
Se não tivesse estudado,
Amado e navegado
Em companhia do passado
E bem mais, esta Canária
Já não deve nada esconder
Seu bico não sabe fechar,
A cabeça a pensar
E a mão logo escrever
Com a benção
Do Padim
Que inspiração vem ser.
Já não dá mais pra
calar
Vou cantar-lhes tudo...tudo,
Só imploro não condenem
Pois no caso fico muda,
Um poema prometi,
Dos Sertões irei falar
Apesar de tantas sombras
Não me deixo amedrontar.
Sombras tão por todo lado
Já não posso recuar
Estão pelo corredor,
No banheiro,
Na escada,
Na AGERP,
No computador
Visitando sua amada.
O Padim que me perdoe
Mas depois que me meti
Sou obrigada a cantar
Quanto às sombras
Tem remédio
É só tomar pra guentar.
Um momento de atenção vou
cantar!!!
Vou cantar, não é asneira
E no canto da Canária
Que não é de brincadeira
Ponho as patas na patota de muita gente de bem,
Na economia do país
E no Congresso também.
Vou cantar?! Oh! Que graças
Espero ter resistência
Eu metida à cantora!
Soltando a voz
Querendo ser parecida
Com o Lua do Sertão
Que paciência! Ah! Ah! Ah!
Tão tendo os caros leitores
Para ficarem entendidos
Com dois versos
E pouca pressa
Mas a estrofe mais engraçada
Da música que vou cantar
É que eu...Não se espantem
Nem queria ouvir falar
Dos Cem anos dos Sertões,
De Euclides,
Dos Olhares
Que Alfredo quis homenagear
Achei bom improvisar
Abracei o meu Padim
Fui bater no Ceará.
Messias, religioso
Político, transformador
Um pequeno povoado
Numa capital viro
Padim, bom dedicado
Delegado, conselheiro
Curandeiro acreditado
Num milagre fez pecado???????
A Igreja excomungou
Exilou-se em Salgueiro
Mas o bom povo romeiro
Que pensa com o coração
Elegeu o Padim Ciço
Representante de Cristo
De nossos Sertões brasileiros.
Imortalizando o nome, Ciço!
Imortalizando o Crato
Redescobrindo Salgueiro
Reconhecendo o Padre
Depois da subida aos céus
Como santo milagreiro
Tornando santas as terras
De nossos Sertões brasileiros.
Tantos são seus afilhados
Romeiros do Brasil inteiro
Até o terror dos Sertões
O Capitão Lampião
Venerou sua batina
Pois, o homem
Que em Padim sua fé depositava
Não temia emboscada.
Mas não só de romaria
Vive os Sertões brasileiros
Os Sertões Pernambucanos
Que olhares novo avistou
Novo vestido de velho
Atirado à mão da sorte
Se ainda não foi cortado
O destino deu um corte?
Sua tese é muito fácil
Pra diversos figurões
O ibope é confirmado
Em favor das eleições
Qualquer coisa que se
diga
Qualquer coisa que se faça
Se afirma
Se protesta
Faz-se festa
Depois do discurso aceito
Não tem jeito
Nunca mostram a dentadura.
Mas, o povo sertanejo
Este mesmo dos Olhares
Sem abraços ou oratórios
Dos diversos figurões
Atirados à mão da sorte
Buscam suas rezadeiras
Pra no olho gordo da corte
Rezam pelo mal olhado
Pela espinhela caída
Para que chova um pouco
E a seca não castigue a vida
Por três missas de Natal
E três sereias no mar
Rezam para o olho mal se arretirar,
O corpo sarar
E fechar.
E assim o sertanejo
Ouvindo o Rei do Baião
Continua a trabalhar
Passando para os seus filhos
Os ofícios de parteira,
Benzedeira ou carpideira.
E sua tese continua sendo fácil
Pra diversos figurões
E dando ibope confirmado
Em favor das eleições.
E agora que conhecem
O que tenho pra cantar
Farei questão de mostrar-lhes
Sem ter que improvisar
Os fatos que vou cantar
Inda nenhum orador
Nem doutor fez lembrar.
Um momento de atenção vou
cantar!!!
Enquanto não se publica vou cantar de improviso
Olhem o palco...canto bem...entra um novo cantador
Faz um breve cumprimento
Sussurra pra começar.
- Meus leitores e leitoras!
No meu canto rouco...rouco...
- Eu vou cantar a verdade
O Sertão não mais precisa de planos...de embromação
O povo sertanejo precisa de terra pra plantar o pão.
E não venha o Congresso
Fazer mil reuniões
Perseguir e expulsar
Os que lutam pelo chão
Pois se antes abraçavam
Se tratavam como irmãos
Hoje separam os pratos
Eis, a grande questão.
Os que eram de esquerda
Tão pulando pra direita
E a mancha se alastra
Esta mancha cancerígena
Precisa ser apagada
Das páginas de nossa história
Que antes andava abraçada
Meus leitores e leitoras!
No meu canto rouco...rouco...
Eu não quero expulsão
Tão pouco perseguição
Meus leitores, o que quero
Terra e casa pros irmãos!
Meus leitores e leitoras!
esta noite, não quero observação
Quem não está satisfeito
Com a mancha que se alastra
Leia as páginas da história
Que ficarão sem jeito
Tantos são os canastrões
Que chegam a figurões
Difícil achar soluções.
Ah! É o sono que chega,
Perdoem-me!
Se acreditam que estou certa
Pra render-me a este sono,
Espero que não reprovem
O meu canto contente...
Mas, antes de ir
Preciso da certeza
Que serei aplaudida
Por dois versos
E pouca pressa
Nesta hora, a verdade
Dos olhares? Dos Sertões?
Pernambucanos
Vou cantar?
Possa cantar?
A leitura assim confessa...
Agora sim! Vou cantar!