Imprensa e Estado Democrático de Direito

Por Daniel França

 

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Fotos: Daniel França

O curso de Jornalismo da Católica promoveu, na noite desta segunda-feira (28), um debate sobre a Imprensa no Estado Democrático de Direito. O evento aconteceu no auditório G1 e teve como debatedores o cientista político e professor do curso de Direito da Católica, José Mário Wanderley; e os jornalistas Laércio Portela, editor da Marco Zero Conteúdo; e Márcio Didier, que assina o Blog da Folha, veiculado no portal do jornal Folha de Pernambuco. A mediação foi da professora de Jornalismo da Unicap e presidente da Comissão de Ética do Sindicato dos Jornalistas de Pernambuco Andréa Trigueiro.

O primeiro a falar foi o professor José Mário. Ele explicou como funciona o Estado Democrático de Direito. “É o arcabouço, o desenho institucional das regras do jogo. Ele serve para colocarmos limites para a nossa autoproteção. São as garantias de que as maiorias futuras não desfaçam as garantias construídas pelas maiorias atuais”.IMG_1034O doutor em Ciência Política pela Universidade Federal de Pernambuco defendeu um maior aprofundamento da discussão da relação entre mídia e as instituições. “O papel de algumas instituições está em xeque porque elas estão cada vez mais midiáticas”.

Quem também demonstrou posicionamento crítico quanto à postura da mídia diante da atual conjuntura do Brasil foi Márcio Didier. Com mais de 20 anos de experiência em jornalismo político, ele destacou a responsabilidade do profissional que lida com este tipo de informação.

“O jornalista está trabalhando com pessoas, vidas e tem que ter responsabilidade. Eu acredito que as instituições estão funcionando, mas há uma nítida diferenciação dos veículos de comunicação na cobertura dos atos pró e contra o impeachment. Você não consegue captar o povo falando”.
O tom crítico em torno de como a mídia vem lidando com o momento político do País também norteou a explanação de Laércio Portela. “Fora das universidades, o jornalismo não é discutido. Jornalista discute economia, política, qualquer outro assunto menos jornalismo”.

Na opinião de Portela, esse clima de polarização política é resultado de um processo que vem sendo construído há muito tempo. “O nível de radicalização foi plantado, moldado e organizado nas redações de rádios, TV´s e jornais ao longo dos últimos dez, quinze anos. A mídia é partícipe desse processo”.

Ainda de acordo com o jornalista, em alguns veículos há uma predominância da opinião sobre a informação. “Há um pensamento único na mídia. Não há pluralidade. Com dois pesos e duas medidas vai parecer que somente uns são bandidos e outros não”, disse ele ao se referir aos posicionamentos editoriais pró-impeachment. “Os princípios jornalísticos são rasgados diariamente, mas somente agora está saltando os olhos”, complementou.

IMG_1037Portela também criticou a forma como a mídia vem apurando os fatos. “Os veículos estão limitados a reproduzir o que está nos autos. Mas isso é função da Justiça. O jornalismo tem que ir além, tem que apurar, investigar fatos que não estão nos processos. Isso também é papel nosso. Ultimamente, só há a cobertura de sentenças. Não cobrimos o Judiciário, como ele funciona, que ordenamento ele dá ao dinheiro público.” Laércio atuou na comunicação do Ministério da Saúde e Presidência da República na Era Lula. Também trabalhou nas campanhas eleitorais de Dilma Rousseff em 2010 e 2014.
Em um outro momento do debate, Márcio Didier falou sobre a dificuldade da sociedade em debater as questões políticas de forma equilibrada. Ele contou que foi duramente criticado durante o programa Folha Política, veiculado na Rádio Folha de Pernambuco e do qual ele participa como entrevistador.

“Certa vez eu disse que bater panela para a Presidenta era besteira porque pra debater é preciso ouvir até para poder argumentar. Foi uma enxurrada de críticas, muitos ouvintes me acusaram de ser ‘petralha’, o que não é verdade. Depois de tantos anos de jornalismo político, você se desprende de qualquer possível paixão partidária”.


Icinform – 
O evento de ontem à noite (28) faz parte de um ciclo de debates sobre Mídia e Democracia promovido pelo Instituto de Estudos de Convergência Midiática e da Informação (Icinform). Outros dois serão realizados nos próximos dias 25 de abril e 30 de maio. “Com este ciclo, nós pretendemos ter um espaço para a diversidade e pluralidade de pontos de vista para facilitar o debate e compreensão. É preciso discutir o papel da mídia nos desdobramentos dos fatos políticos”, disse o coordenador do curso de Jornalismo e cientista político, Prof. Dr. Juliano Domingues, ao apresentar o evento.


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