 |
Os
coiteiros armoriais A
arte e o movimento
(Texto originá)
Tem muito caba muito sabido neste mundo, seja por conhecimento
de dotô ou por já tê nascido com o dom pra os
dois causos, sempre existe um bexiguento, metido a cavalo do cão,
pra contrariá. Falam q' é pra miorá a vida
dos hôme qui vévi neste mundo de meu Deus!
Amuada, mais sabidamente olhando pro futuro, gente
q' não tem o que fazê fica inventando moda. Inventaram,
lá pro finalzinho dos ano sessenta, uma coisa q' era pra
sê o furturo da curtura nacioná: a Arte Armoriá.
Deve ser coisa do tinhoso, pru mode qui, adepois, fizeram, inté,
um Movimento (muito esquisito!) Lá pelos idos do quadrante
do ano setenta, do século vinte, mais precisamente em dezoito
de outubro, apoiado e desenvolvido na escola de dotô, um cambrião muito tinhoso, muito metido a besta, um nordestino (imagine), o
mais q' pernambucano nascido em Taperoá, Paraíba -
é n(o) fim do mundo?! Valei-me, meu Deus, pra sempre seja
louvado! - o mestre Ariano Suassuna, um cabra de esquerda assumido
e, em pleno topete da sanguinolenta "ditacuja", ajuntado
com outros "comparsas", sacode no Brasil-Mundo uma revolução: fazê uma arte sabida brasileira a parti da utilização
da rica cultura popular nordestina (ôxe, é muita pretensão!)
Mais pra lá um bocadinho das seis baladas do
Angelus, anunciou-se, na igreja de São
Pedro (o santo da chuva e da chave que abre quase tudo) dos Clérigos,
um monte de tocadores ajuntados no concerto com a Orquestra Armoriá de Câmara e uma exposição q' teve uns desenhos,
pinturas e esculturas, uma festa muito bonita, feita com a idéia
na cabeça pra miorá a pinicada curtura nacioná.
Aquele Brasil-Mundo tem conhecimento de O Movimento Armoriá.Foi
incompreendido, foi uma transgressão, foi uma belezura.Teve
fases, teve baixas; teve elevações. É sempre
lembrado, é sempre esquecido; é despeitado, é
sempre usado...!
Os mensageiros armoriais
(Texto clássico)
A arte e o movimento. Alguns homens, inteligente por
dom ou aprimoramentos científicos, buscam o melhor para a
civilização humana. Para essa conquista, passam por
muitos senões.
Tímida, mas intuitivamente, surge, no final
dos anos 40, aquela que deve(ria) ser o futuro da cultura brasileira:
a Arte Armorial, posteriormente formalizada em Movimento.
Em 18 de outubro de 1970, respaldado e desenvolvido
em ambiente universitário, um intelectual nordestino, o mais
que pernambucano nascido em Taperoá, Paraíba, o mestre
Ariano Suassuna, foi apoiado por outros artistas-intelectuais, para
mostrar ao Brasil-Mundo uma revolução: realizar uma
arte erudita brasileira a partir da utilização da
rica cultura popular nordestina, portanto, explicitamente globalizada.
Logo após a hora do Ângelus, anunciou-se, na igreja
de São Pedro dos Clérigos, um concerto com a recém-criada
Orquestra Armorial de Câmara e uma exposição
de artes plásticas, espetáculos alquímicos
de raras e estranhas belezas, montados com o ideário de criar
uma identidade a fragmentada cultura nacional. Aquele Brasil-Mundo
tem conhecimento de O Movimento Armorial. Foi incompreendido, foi
uma transgressão, foi marcante. É sempre lembrado,
é sempre esquecido; é despeitado, é utilizado,
é referendado...
|